Vurex

64 18 121
                                    


O silêncio e o choro dos inocentes...
pequenos e frágeis são eles, deveriam sorrir,
mas o mundo não deixa, onde está o brilho dessa criança?








Capítulo 3

- E essas marcas? Onde as fez?- Frederick parecia muito curioso enquanto olhava para os meus braços.- Você queria fazer igual aos dos Obsidianas.

- Por que eu faria algo tão idiota?- Me senti ofendida, por qual motivo eu iria querer me parecer com aqueles demônios.

- Muitos tentam se infiltrar fazendo tatuagens.

- Elas não funcionam.- Nunca ficam iguais, podem até ficar parecidas, mas sempre dá para saber quando é de verdade ou quanto é uma de mentira.

- Tem razão, é só tinta cicatrizada na pele, marcas de Classes emanam poder, energia, você sente a presença superior e a inferior.- Ele desabotoou a sua camisa e puxou a manga, revelando suas marcas e eu sentia a sala inteira, ela parecia se mexer.- Se um Obsidiana entrar sentiremos uma presença superior, algo amedrontador, se um Lazulis entrar sentiremos uma presença, não tão poderosa, mas tranquila e calma, porque são inferiores.

O que eu estava sentindo? Sua presença era amedrontadora para mim? Eu senti como se estivesse balançando, parecia que eu estava em um barquinho velejando.

- Eu nasci assim, não fiz tatuagem, não tenho nem dinheiro para isso.- São caras, muito caras, pessoas passam a vida inteira juntando dinheiro para fazer uma e elas nunca deu certo, às vezes os Lazulis sentem pena e tornam essas pessoas empregados.

- Então por que você é assim?

- Não sei, já acabou?- Eu estava me sentindo uma aberração, ele me olhava confuso e parecia levemente me desprezar.

A conversa acabou ali, acho que Frederick percebeu que eu não estava nem um pouco a fim de fazer especulações sobre mim, sobre de onde eu vim. Acho que ele percebeu que eu não sei de nada sobre mim mesma.

Não saber de nada me entristece e me deixa irritada, eu sinto como se soubesse, como se eu precisasse correr atrás de alguma coisa para encontrar algo, mas eu não sei em que direção ir, por Âncora! Por que eu nasci assim?

Como Frederick ordenou para aquele homem, o meu quarto ficava ao lado do dele, descobri que ele não tem pai e nem mãe, o rei e a rainha morreram alguns meses. Ele governa o reino Ametista sozinho.

O quarto que recebi era grande, maior do que o quarto que eu tinha antes, muito maior. Os tons do quarto seguiam uma mesma linha, sempre voltados para o roxo, que era uma cor que não me agradava muito, as roupas de Frederick eram roxa e o vilarejo também seguia uma linha de roxo, parando para pensar agora, as flores do Jardim, a maioria eram roxas, e todas as outras Classes faziam do mesmo jeito.

Sempre seguia uma linha de suas determinadas cores. Quando vivia nas terras Cobres tudo era voltado para aquela cor estranha que não era marrom, não era laranja e também não era amarelo. As roupas, as casas, todas eram da mesma cor, seguiam os mesmos tons, acho que se eles pudessem, iriam tingir o céu e as folhas também.

Imagino como deve ser triste e aterrorizante as terras Obsidianas, que inclusive são maiores do que todas as outras terras das outras Classes, seguindo uma linha de preto e cinza, tudo deve ser sem vida.

Mas é isso que eles merecem, se sentirem sem vida, mulheres e homens Obsidianas estragaram o resto do mundo, estragaram a vida das outras pessoas assim que conquistaram poder, são poderosos, muito poderosos. Me pergunto porque Âncora deixou que isso acontecesse? Porque Âncora não interferiu? Ele pode, ele que criou todas as pessoas, todos os seres que vivem nessa terra! Então porque ele não interferiu quando mal venceu?

Sem ClasseOnde histórias criam vida. Descubra agora