Ópio

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Seus olhos acompanham os passos do anão a sua frente, ele caminha de uma lado para o outro com a taça de vinho na mão demonstrando ansiedade. Há alguns semanas Bran permitiu que ela saísse com frequência do quarto, porém sempre na companhia  dele ou dos guardas.

_ Não consigo pensar em uma maneira de te ajudar sem ter nossas cabeças decapitadas - Tyrion para na frente dela batendo a ponta dos dedos no objeto de vidro.
Ela afunda na cadeira suspirando. Seu semblante sério preocupa o homem.
_Me diga, não é apenas para wargar no dragão… Sinto que ele quer algo além… - Diz  sem encara-lo, seus olhos estão focados no líquido vermelho em seu copo.
_E-eu não sei por onde começar… - O homem diz com uma pequena gagueira de nervosismo.
_Comece pelo começo - Sorri amargante, uma queimação sobe em seu estômago.
_Está bem… Após se tornar rei, Bran contou sobre o plano de trazer drogon de volta a King's landing, achei impossível e arriscado no começo, porém ele disse que havia uma pessoa que poderia wargar nele… E essa pessoa era você - Ele pausa para dar um gole da bebida.
_Achei fantástico, perguntei se você estava de acordo com tudo isso, e ele me disse apenas "Ela vai estar onde deveria estar" - Um suspiro escapa dos lábios dele antes de continuar.
_Um tempo depois ele reuniu o pequeno conselho, declarando que escolheu você para ter seus herdeiros, todos ficaram sem entender pois ele é um aleijado. Quando perguntamos o motivo, ele saiu da sala sem dizer mais nada. - Ela sente o coração bater com força contra o peito, um gosto de amargura sobe em sua boca, talvez fosse por causa do vinho, ou pelas palavras ouvidas. Ela quer sair dali e exigir uma explicação para Bran, mas isso só iria piorar a situação, ele não a deixaria sair do quarto novamente.
_Nã-não é possível, você disse que ele não podia ter filhos - Ri nervosa.
__Eu não sei se o garoto corvo pode dar herdeiros ou não, falei aquilo no calor do momento - Ri sem graça antes de bebericar o vinho.
_COMO ASSIM VOCÊ NÃO SABE? - Grita se levantando da cadeira, seu movimento faz Tyrion recuar.
_Meu primo aleijado não podia ter filhos, deduzi que ele não poderia também - Sussurra, sua expressão melancólica faz ela sentir um pequeno remorso por gritar com ele.
_ Acredito que ele queira juntar sua habilidade de wargar o dragão, junto ao poder do corvo de três olhos na criança, seu filho se tornara um rei invencível - Tyrion se aproxima da garota com cautela e segura as mãos dela. Ela continua em silêncio absorvente aquelas palavras.
_Você tem que fingir estar tudo bem, se ele souber que tivemos essa conver…
_Ele sabe - (S/n) olha para a janela e Tyrion segue seu olhar. O corvo de pupilas leitosas crocita batendo as asas, o pássaro pulo para fora do batente sumindo da visão. O anão arregala os olhos e corre até a janela, ele observa o corvo voar em direção aos jardins, provavelmente para perto do rei.
_Bran sabe cada passo que damos… Nada acontece sem que ele saiba - (S/n) caminha em direção a porta.
_Ele vai nos matar - Tyrion sussurra para si mesmo desvairado.
_Não vai, ele precisa nós - Dito isso, ela sai da sala acompanhada dos guardas.

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As noites deveriam ser pacíficas agora, mas raramente são.
Fragmentos do mesmo sonho agonizante perturbam seu sono.
Ela está correndo pelo bosque sagrado, fugindo  de  alguma coisa. Ela está procurando uma saída, mas o caminho parece se estender para sempre. A neve pesa nos galhos. Eles arranham o chão como unhas atrás dela. O suave bater de asas a faz olhar para cima. Ela se assusta com a barriga escura de uma dúzia de corvos, lançando-se sobre ela. Suas garras cortam o ar em suas costas. Seus gritos congelam o sangue em suas veias. Ela deve estar fugindo  deles . O ataque deles é um mistério que ela não tem tempo de desvendar. Ela sabe com terrível certeza que se eles a pegarem, eles a farão em pedaços.
Ela para em frente a uma mulher misteriosa, parada no meio do bosque. A mesma está segurando um pequeno embrulho em seus braços o balançando suavemente, sua cabeça está inclinada amorosamente sobre seu bebê. Ela estende os dedos e toca as mãos frias dela, quando a mulher vira o rosto, (S/n) pode ver que era ela mesma.







(S/n) acorda em uma poça de suor frio. Ela está deitada nua sobre a cama, arrancou a camisola e a roupa de baixo de livrando dos tecidos molhado. Ela se embala em seu corpo trêmulo ainda relembrando do sonho, estava com medo do significado. Ela também se lembrou da última visão que teve com Bran, eles fizeram sexo, mas não foi real, seria impossível engravidar dessa maneira… ou poderia? não, não é possível (S/n) repete para si como um mantra até conseguir cair no sono novamente. O resto da noite foi tranquila, porém foi acordada mais cedo do que o normal por Gilly, a jovem trouxe seu café da manhã e lhe vestiu, ela comentou que Bran iria visita-lá em breve antes de sair, seu coração dói só que lembrar que a moça sabia o que Bran estava fazendo. (S/n) olha para a bandeja frustada, "mingau de novo" suspirou.
De costas para porta, ela come na pequena mesa ao lado da sacada. O barulho de rodas rolando sobre o chão do quarto avisa a chegada do homem. Ele está com um pequeno sorriso no canto dos lábios enquanto se aproxima dela.
_Dormiu bem, my lady? - Pergunta casualmente parando a cadeira de frente pra ela. (S/n) morde a ponta da colher para não soltar um palavreado impróprio.
_Sim, meu rei - Força o sorriso. Ela volta a comer o mingau e sente dormência na ponta da língua, junto a uma pequena quentura abaixo do abdômen. Todos os dias de manhã ao se alimentar, essas sensações tomavam seu corpo, talvez algo no líquido as provocava.
_O que você tem colocado no meu mingau?
_Papaver somniferum - A voz dele sai quase como um ronronar presunçoso. A expressão confusa dela indica a falta de conhecimento.
_ Ela induz um estado de calmaria e faz com que você se torne mais obediente.
_Esse tempo todo você tem me drogado? - A voz dela sai mais suave do que imaginava.
_Sim, apenas para o seu próprio bem. É mais fácil disciplina-lá nesse estado - Ele se endireita na cadeira cruzando as mãos sobre o colo. Em nenhum momento Bran demonstra algum arrependimento.
_Você é um monstro - Rosna se levantando da cadeira para avançar no homem corvo. Em segundos ela sente sua intrusão como uma lâmina. Rápido e excitante. Seus olhos estão na coloração branca.
Sente seus joelhos se agacharem na frente da cadeira dele por conta própria, como uma marionete. Seu rosto pousa sobre o tecido macio que cobre as pernas dele. A dedos de Bran penetram os cabelos dela de forma quase carinhosa, como se quisesse acalma-lá.
_Talvez eu deva aumentar a dose ou mudar. Você continua selvagem, mas eu não a culpo, está no seu sangue - A coluna dele está inclinada enquanto sussurra as palavras em seu ouvido. Os lábios dele passa pelo lóbulo lhe provocando um arrepio na coluna. Por um segundo a lembrança dele lhe tocando intimamente surge em sua mente. Não era hora para isso, mas não conseguiu evitar.
Bran sorri brincando com uma mecha do seu cabelo.
_Isso foi apenas um sonho impertinente que você teve, eu não posso entrar em sua mente sem que você esteja perto de mim completamente relaxada - Ele diz  malicioso e divertido. (S/n) arregala os olhos sentindo as bochechas queimarem, ele não poderia estar falando sério, tinha que ser uma visão que ele a colocou, tudo parecia tão real.
_Papaver somniferum provoca sonhos alucinógenos, o sonho se torna realista quando se deseja tanto por algo - Bran fala descontraído. Ela suspira com o coração batendo forte contra o peito, como se quisesse fugir do corpo dela. Seus lábios rosados estão secos como se não bebesse água a dias.
_Se me deseja tanto, apenas diga e tornarei seu sonho em realidade - Ela sente mãos fantasmas dedilhar suas coxas lentamente.
Ela sabe o que estar por vir, o homem corvo iria faze-lá implorar por ele como de costume. 
_Não hoje, deixarei fazer sua escolha com calma - As mãos somem para sua surpresa e seus olhos voltam a coloração normal. Bran a libertou. Ela ofega ainda com a cabeça no colo dele, uma onda de cansaço consome seu corpo.
_O que se diz ao Corvo de Três Olhos? - Ele pergunta levantando seu rosto para encara-lo.

_O-obrigada - Sussurra sem forças.

_Boa garota - Bran sorri satisfeito e em seguida desliza a língua entre os lábios dela os umidecendo. Por instinto, (S/n) abre a boca provocando uma risadinha no rei.

_Não era minha intenção beija-lá, querida. Apenas achei seus lábios secos demais - Diz a deixando constrangida. Ela se levanta meio cambaleando com as bochechas coradas. 

_Voltarei mais tarde - Ele rola a cadeira em direção a porta a deixando sozinha novamente.

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