Aceitação.

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-Toma, isso vai fazer você se sentir melhor, parece que faz dias que você não come, olha como está magra

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-Toma, isso vai fazer você se sentir melhor, parece que faz dias que você não come, olha como está magra. –disse minha mãe me entregando um copo de vitamina enquanto eu sentava no sofá

-Eu tô bem mãe.

-Mentira Esme, não tinha absolutamente nada de comida na casa dela, tudo fast food, comida de delivery há dias na geladeira, aquele apartamento está até com cheiro ruim de comida velha, ela não está nem ai pra nada e muito menos se alimentando direito. –me entregou Amanda visivelmente irritada.

-Obrigada Amanda, tá ajudando muito.

-É, eu estou tentando e você só está sendo mimada e insuportável de não querer.

-Ana, você acha mesmo que está bem dessa forma? Já se olhou no espelho? Viu suas olheiras? Viu como está magra? Viu como está acabada? Foi demitida, contas atrasadas, cartões bloqueados, me diz, que tipo de vida é essa que você está vivendo? –perguntava minha mãe com aquela cara que ela sempre fazia quando ficava extremamente irritada comigo.

-Mãe, eu sou maior de idade, sou formada, moro sozinha e pago minhas próprias contas, eu sei me cuidar.

-Sabe se cuidar? É isso que você chama de se cuidar? Cinco litros de álcool jogados na sala do seu apartamento, e como consequência um coma alcoólico de doze horas. Acha que está com sua vida sobre controle? Acha que está levando isso na boa, acha mesmo que você está bem Ana? –minha mãe nesse momento já estava alterada, enquanto falava ela caminhava pela sala de um lado para o outro apontando o dedo para a minha cara, Bruna e Amanda estavam em pé perto da cozinha somente ouvindo o que ela dizia, não abriram a boca para concordar e nem para discordar, apenas ouviam junto comigo. –Você acha mesmo que eu quero perder mais uma pessoa Ana? Acha que quero que aconteça com você o que houve com a Clara? Você sabe como eu sofri com a morte dela também, eu a tinha como uma filha, e você como minha filha de sangue.... se eu te perder Ana, eu não sei o que vai ser da minha vida, eu te amo, e não posso ver você se destruindo dessa forma, por favor não faça isso comigo, não desista dessa forma.

Ouvir minha mãe dizer aquelas coisas, ver o estado de desespero que ela estava, me fizeram sentir algo que eu não sentia há muito tempo. Eu estava totalmente envergonhada da pessoa que eu havia me tornado, elas tinham razão, Clara teria vergonha de mim, ela ficaria triste em ver o que eu me tornei, uma pessoa amarga, que não acredita mais no amo, eu estava totalmente destruída, mas não queria mais isso, eu queria muito ter a minha vida novamente, queria muito sentir algo bom novamente, me levantei e me aproximei da minha mãe, peguei em sua mão:

-Eu amo você, eu sei que também sofreu com a morte da Clara, eu sinto muito por não estar aqui, sinto muito por te deixar sozinha, por me fechar, eu não quero acabar sozinha... ou sozinha e doente. Eu tenho um problema e eu quero resolver isso, eu não quero desistir da minha vida, Clara nunca iria aprovar isso, ela sentiria vergonha de mim agora... mãe, me perdoa, e por favor não desista de mim... eu preciso de ajuda, preciso de você... eu preciso de todas vocês. –disse em prantos no meio da sala.

Minha mãe também em lágrimas me abraçou, como há muito tempo não fazia, me fazia carinho nos cabelos, e eu chorava em seus ombros como criança assustada. Não demorou muito para que Bruna e Amanda se juntassem a nós em um abraço grupal, seguido de várias frases ditas por elas.

-Nós vamos te ajudar. –Indagou Bruna;

-Viu você não está sozinha. –disse minha mãe.

-Vamos te trazer a vida de novo, porque você ama a vida, e nós amamos você. –recitou Amanda enquanto passava a mão sobre meu rosto, limpando a lágrima que escorria.

Depois de muito choro e conversas dramáticas, Bruna me levou de volta ao meu apartamento, porém minha mãe estava conosco dessa vez, elas estavam decididas a dar uma geral no lugar, que sem sombra de dúvidas parecia abandonado. Quando chegamos elas fizeram com que eu me deitasse, e me deram um dos meus calmantes para que eu dormisse um pouco diziam que eu estava precisando descansar, e me sentiria bem melhor quando eu acordasse. E pra dizer a verdade, acho que depois do que tinha acontecido era exatamente isso que eu precisava. Tomei um remédio e apaguei na cama por horas seguidas. 

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