Dia de praia.

106 7 0
                                    


Capítulo XXXIII

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Capítulo XXXIII


Acordei com o sol batendo no meu rosto, o que era estranho porque me lembrava que eu tinha fechado as cortinas durante a noite, sentei no colchão meia sonolenta ainda quando fui me levantar percebi alguém sentada em minha cama, era Bruna, paralisei.

-Bom dia Ana! –Disse ela com as pernas cruzadas e a mão segurando a cabeça como se observasse uma obra de arte.

-Bruna? O que faz aqui? –Respondi pegando a minha camiseta que estava ao lado do colchão, pois eu dormia somente de top.

-Sua mãe me atendeu e disse pra vir te acordar, tínhamos combinado de nos encontrar na praça, mas você não apareceu vim ver se estava tudo bem, e parece que ta bem até demais né.

Eu havia me esquecido de colocar o celular para despertar tinha combinado de passar o sábado com Bruna.

-Putz, desculpa, eu esqueci de colocar o celular pra despertar, estava cansada dormi mais que a cama.

-É devia estar muito cansada mesmo pra ter dormido tanto. –Disse ela olhando para Amanda deitada no colchão que por incrível que pareça ainda dormia.

-Quer dizer algo? –Perguntei.

-Preciso?

-Bruna, isso não é o que parece, somos amigas, dormimos juntas desde sempre.

-Dormem até sem roupa?

-Não estou sem roupa, tô de top.

-Grande diferença. –Respondeu ela em seu tom sarcástico.

-Ana, cala a boca e me deixa dormir. –Disse Amanda com a voz rouca.

-Não sou eu que tô falando não, é a Bruna implica com ela.

-Ah, oi Bruna, agora vocês podem calar a boca?

-Então, eu to saindo ta e você fica ai dormindo, quando quiser vai embora ou fica aqui de novo. –Me expliquei pra ela.

-Vai pra onde?

-Vamos á praia, quer ir?

-Seria uma ótima ideia se eu não estivesse com sono.

-Vamos, vai ser legal, assim a gente se conhece mais. –Disse Bruna com sua doce voz.

-Ai eu encontro vocês lá, vão lá boa noite. –Ela virou de lado cobriu a cabeça e dormiu novamente.

Peguei minhas coisas escovei os dentes e fomos para a praia. A orla estava cheia mesmo ainda sendo sábado, nos sentamos na areia e ficamos vendo as ondas e as pessoas que estavam no mar, o dia estava lindo sem nuvens, o sol brilhava.

-Eu amo a praia, a brisa do mar, por mim eu ficaria aqui pra tipo, sempre. –Disse Bruna deitando em meu ombro.

-É maravilhoso não é? Não pensar em nada, ficar com os olhos fechados sentindo a brisa do mar no rosto, parece que estamos em outro universo. –Respondi.

-No nosso próprio universo. –Ela sorriu e me deu um selinho, eu recuei. –O que foi? –Perguntou.

-Nada, é só que... bom não estou acostumada a fazer esse tipo de coisa em público assim a luz do dia.

-O que? Em beijar uma pessoa à luz do dia? Porque em público você já me beijou né?

-Beijar uma garota à luz do dia, eu nunca fiz isso, eu já te disse que essas coisas são novas pra mim

-É você disse, mas eu imaginei que não teria problema em demostrar o que sinto por você.

-É que eu ainda fico meia incomodada, parece que as pessoas estão olhando pra mim sabe? Parece que estou incomodando elas e que a qualquer momento elas irão me atacar.

-Bom, essa é a sensação que todos nós LGBT'S sentimos todos os dias, o medo das pessoas nos atacarem só pelo o que somos, só pelo fato de existirmos e não sermos como eles, não seguirmos o padrão que a sociedade impôs para que seguíssemos.

-Então porque vocês... nós insistimos em demonstrações de afeto em público? Já que temos uma chance de 90% de ser atacados no meio da rua?

-Porque nós não nos envergonhamos de ser quem nós somos Ana, não temos problemas em mostrar pro mundo que amamos alguém independente de ser ou não do mesmo sexo que nós, e temos orgulho de gritar e mostrar ao mundo que somos diferentes.

-Sabe o que eu sinto quando olho pra você?

-O que? –Perguntou ela.

-Sinto orgulho de você, de ser essa pessoa incrível, de não ter medo de lutar pelo o que acredita e pelo que quer, de não ter medo de amar, você me inspira. Todos os dias eu fico pensando em como foi bom te conhecer, e você apareceu em um momento da minha vida em que eu estava tão confusa, e você aos poucos está quebrando cada barreira, me deixando cada vez mais confortável. –Respondi olhando fixamente em seus olhos.

-Sente tudo isso de mim ou por mim? –Perguntou rindo.

-É eu sinto. –Falei soltando um sorriso simples de canto de boca, ao mesmo tempo em que uma das minhas mãos pegava em sua mão enquanto a outra a puxava pela nuca para um beijo, nossos rostos se aproximaram, nossas bocas estavam a um centímetro uma na outra, ela fechou os olhos e eu fiquei olhando para sua boca, nossas respirações estavam misturadas, eu estava pronta para beija-la quando como inconveniência do destino fomos atrapalhadas.

-E ai gente, só vão ficar aqui sentadas ou vamos cair na água também? –Disse Amanda parando em nossa frente tampando o sol que nos banhava.

-Claro que vamos –Respondi me afastando de Bruna.

Depois que Amanda chegou nós demos alguns mergulhos, sentamos na areia e ficamos conversando e cantarolando durante o resto da manhã, até que sentimos fome e nos sentamos em um quiosque na orla, fizemos o pedido e ficamos conversando.

-Gente eu vou no banheiro, já volto. –Disse Bruna se levantando.

-Então, as coisas entre vocês estão ficando séria mesmo né? –Perguntou Amanda.

-Não, com eu já te disse antes, só estamos curtindo nos conhecendo.

-Não foi o que pareceu na praia quando eu cheguei, e também a forma como ela te olha, como ela fala com você, ela gosta de você tá se apaixonando.

-Você acha?

-Acho sim, e se você não tiver a intenção de levar isso adiante, sugiro que você termine o que quer que isso seja com ela, porque continuar com ela sem intenção a mais, só vai fazer ela gostar ainda mais, com isso será mais difícil o término, você sabe bem disso.

Eu fiquei quieta pensando no que ela havia dito, será que eu gostava tanto de Bruna ao ponto de realmente levar isso para algo mais sério, ou será que eu só estava experimentando e de alguma forma brincando com os sentimentos dela, eu precisava descobrir o que eu realmente queria. 

Consequências do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora