Vai ser muito excitante

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“A raça humana exagera
em tudo:
seus heróis, seus inimigos,
sua importância.”
Charles Bukowski.

Los Angeles — Bel Air.
Igreja Ecclesia.

    O céu agitado e barulhento, irritava os ouvidos do pobre padre. E o vento que dificultava os passos lentos e cuidadosos dele até a igreja, levou seu chapéu embora deixando seus cabelos grisalhos visíveis, e quando ele se aproximou e se abaixou para pegar seu chapéu, o vento o levou para longe e a forte tempestade quase derrubava o homem no chão. Mas seu braço foi segurado por uma jovem garota, que colocou o chapéu do homem em seu devido lugar.

    – Tudo bem, padre? — Ela perguntou.

    O homem olhou para a menina admirando seu rosto jovem, seus olhos alegres e sua pele úmida por conta da chuva. Diferente do padre, que tinha apenas o rosto úmido. Os seus olhos eram cansados, maltratados pela vida.

    – Já te disse para não fazer mais isso. — disse o padre, andando até a igreja com a ajuda da garota.

    – Do que está falando? — Ela perguntou.

    – Nós fizemos um acordo, Gakya, sem possessões.

    – É temporário. Eu precisava falar com você.

   – E não precisa mais?

    – Sim, eu ainda preciso... eu preciso falar com você! — Ela abriu a porta da igreja, deixando que ele se apoiasse nela e conseguisse entrar.

    – Então me diga. — ele anda com passos curtos até o centro da sala, deixando de ouvir os gritos do céu quando Gakya fechou a porta com um barulho estrondoso.

    – Antes, eu não quero que venha me falar coisas como “isso é errado”, eu preciso que simplesmente me ajude. — ela diz andando mais rápido até ele, o ajudando a se sentar no banco.

   – Se isso inclui machucar algum humano, já sabe a minha resposta. — ele retirou seu chapéu, colocando o mesmo em suas pernas. – Já conversamos sobre isso também, aliás. — o padre sorri deixando seus olhos azuis mais felizes.

    – É, eu sei. Mas eu estou...

   O padre interrompe Gakya ao levantar sua mão na direção do rosto dela, lhe mostrando a palma de sua mão e fazendo-a se calar.

    – Apenas recebendo ordens, é, você já disse isso antes. — ele sorri olhando para o banco, pegando a bíblia sagrada ao seu lado. – e eu já te disse que não precisa seguir as regras só porque são regras.

   – Não é bem assim que funciona, padre. E com todo o respeito, você também segue certas regras — ela leva a mão até a bíblia, retirando-a quando sentiu sua pele queimar. Ela disfarçou tão bem a sua dor ao continuar com a expressão séria, que nem sequer pareceu que lhe havia queimado a pontas dos dedos – sem saber de todas as respostas.

    – Mas eu concordo com essas regras. Levei muitas almas ao céu, acolhe milhões de pessoas aqui! — Ele olha ao redor com um sorriso, lembrando-se dos seus dias bons e voltando a olha-lá. – Você sempre precisa se perguntar se o que você faz da vida, te faz realmente bem.

    – Joaquim, sem acabar com a sua filosofia de vida, mas eu preciso falar sobre algo! Se não a garotinha aqui — ela pega na manga da camisa que está vestindo, referindo-se ao corpo que possui – vai passar mais tempo sendo possuída. — Gakya se senta ao lado dele.

Em Teus Sonhos [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora