Como uma piscina

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“Às vezes
o que achamos
profundo
é apenas o raso
visto
de longe.”
Joab Brandão.

Estava na cara,
mas são cegos:

    Nama estava com “suas” roupas cheias de sangue. Carregava o corpo de Júlia para dentro da igreja pela porta dos fundos. Joaquim não queria ver o pobre corpo da garota ser arrastado como lixo, então foi para casa enquanto Nama cuidava de tudo. Ela jogou o corpo da menina no chão, em frente de uma estátua “sagrada”.

    Andando pelo corredor enquanto assoviava, Nama entrou em um quartinho que servia para Joaquim dormir quando não quisesse voltar para casa. Ela andou indo até o outro lado da cama, observando o chão sujo de sangue, cabelo e restos de carne morta.

    – Você sempre tendo ideias brilhantes. — Nama falou em voz alta enquanto tirava de seu bolso, o cordão que Gakya usava.

    Ao jogar o acessório no chão, o mesmo começou a se misturar com toda aquela sujeira do chão e em questão de segundos, uma silhueta era formada, com detalhes e um nome: Gakya.

    – Precisava de todo aquele drama? — Gakya perguntou franzindo o cenho ao ter o corpo totalmente desenhado.

    – Está perguntando sobre o enforcamento ou a minha frase de efeito? — Nama sorri de lado.

    – Os dois.

    – De qualquer jeito, me pergunto como Joaquim não desconfiou de nada. — dizia enquanto se sentava na cama.

    – Humanos não demoram tanto para morrer assim, aquela batida foi o suficiente para Júlia morrer, mesmo que tivesse inconsciente. — Gakya apanhava uma toalha branca do chão e cobria o seu corpo nu. – Mas tudo deveria ser convincente o suficiente para Joaquim não suspeitar de nada. — ela se vira olhando para Nama. – Mas é, eu também pensei que ele não cairia. Você não deixaria Júlia escapar tão fácil assim. As coisas estão bem na cara deles, mas são cegos.

    – Impressionante como ela gosta de falar. — Nama murmurava.

    – Agora que ele não está aqui, já temos um lugar para fazer o ritual. Você já protegeu a igreja?

    – Temos vários símbolos invisíveis marcando seis partes da igreja. Nenhum anjo vai conseguir detectar nada.

    – Perfeito. Depois dessa possessão, um ritual cairia bem mesmo. — Gakya sorri de lado maliciosamente.

     Nama arrastou uma banheira para o centro da igreja, exatamente onde a missa é realizada. O corpo de Júlia foi estraçalhado e sua cabeça foi jogada dentro da banheira juntamente com seus restos.

    Fazendo o mesmo ritual do perispírito, Gakya jogou uma pulseira prata dentro da banheira, a qual, seria o objeto que uniria o corpo e o espírito de uma nova entidade.

    – Como vamos conseguir algo que vá unir o espírito dele com o corpo perispírico? — Perguntou Nama.

    – Eu já tenho tudo aqui. — disse mostrando a sua mão para a outra, a qual estava com um pano, e quando Gakya desenrolou, havia apenas areia molhada.

    – Areia? — Nama perguntou confusa.

    – O nosso mundo espiritual, ou melhor, o inferno, é uma réplica identica ao mundo dos humanos. A diferença é que não temos corpo físico, histórinhas com superações e bens matérias. E, sendo impossível invocar um espírito sem algo que esteja ligado a ele, já que nunca nada físico como as coisas daqui, esteve no inferno, para fazer esse ritual acontecer é preciso da alma do espírito, ou, de um pedaço do lugar em que ele nasceu.

Em Teus Sonhos [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora