Meio termo

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“Era uma vez
um anjo e um demônio
segurando um osso da sorte,
que,
ao ser partido,
dividiu o mundo em dois.”
Dias de sangue e estrelas,
Laini Taylor.

Missouri – Cidade morta.
1555.

    Correndo mais lento do que deveria, Aysha estava com Lais, sua melhor amiga, nos braços tentando achar algum lugar para se esconder. Sem quase toda sua força, ela não conseguiria lutar com todos os soldados e pessoas de Fiction. Passando em meio a algumas árvores secas, ela acaba caindo e derrubando Lais no chão sem querer, mas esta ainda permaneceu desacordada.

    Aysha olhou para o céu já com suas forças esgotadas, e por segundos, ela pensou no cara la de cima. Mas ela sabia que pela forma em que havia escolhido viver, ele já não estaria lá para ela. Não faria sentindo pedir ajuda nessa altura do campeonato. Ela não era mais algo que Deus amasse, nunca mais seria. 

    A garota olhou para a garrafa cheia de sangue bem a sua frente caída no chão, ela retirou a tampa e sentindo o cheiro de ferro entrar por suas narinas, fez com que seus olhos se manifestassem em um vermelho vivo e seu corpo se arrepiasse junto com um calafrio ao seu redor. Ela bebeu todo o sangue passando a linguá em seus lábios, apreciando o gosto doce que tinha aquele liquido.

    Já um pouco mais recuperada, ela se levantou do chão escutando de longe alguns gritos próximos de sua direção, o que a fez pegar Lais nos braços e correr rapidamente, com uma velocidade surreal, entre algumas casas que pareciam vazias, mas ao ver as luzes serem ligadas, ela pois-se a correr mais para se afastar. Não iria arriscar pedir ajuda e acabar sendo enganada por alguém afim de queima-la viva, digo, quase viva.

    Ela parou seus pés por alguns segundos e olhou para o rosto de Lais, apertou suas bochechas e as notou um pouco murchas e seus olhos com rugas de velhice aparecendo cada vez mais. 

    – Droga! — Murmurou ela.

    Mirando seus olhos em uma casa que havia aparecido ali, em um piscar de olhos, fazendo Aysha levantar suas sobrancelhas de tão surpresa com a casa São Pedro bem a sua frente. Ela se aproximou olhando para a estrutura da casa e ela parecia mais nova do que quando Aysha havia entrado ali pela primeira vez. A menina abriu a porta da casa e o barulho que ela costumava fazer havia sumido, junto com os cupins que comiam a madeira clara e velha com cheiro de podre. 

    Ela deitou Lais no chão e se sentou ao lado de sua amiga, bastante preocupada com a maneira ligeira que seu corpo estava envelhecendo. 

    Ela ergueu seu vestido longo encharcado de sangue e retirou seu tênis branco, que estava todo sujo de areia. Os dedos dela encontraram um pedaço de madeira enfiado em seu pé, fazendo este latejar de dor e ao ser retirado, cicatrizar em milésimos de segundos e então a dor ir embora.

    Um murmuro de uma voz gritando bem longe “bruxa” foi escutado atentamente por ela, fazendo a mesma se levantar e abrir a porta da casa, logo a fechando ao avistar algumas pessoas vindo em sua direção com tochas de fogo e correntes de ferro.

    Aysha correu até Lais se ajoelhando e apoiando a cabeça dela em seu colo. A garota pegou um frasco roxo de dentro de seu decote e retirou a tampa com a boca, o direcionou aos lábios de Lais e mesmo derramando um pouco do liquido na bochecha dela, Aysha conseguiu que ela engolisse um pouco mesmo desacordada. 

Em Teus Sonhos [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora