Seis

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- Menina, ei menina... Você está bem?

Um sorriso sínico estampa os lábios bonitos e sinto um beliscão em meu braço.

-Aiii seu ... Seu... Jegue...

Seu sorriso aumenta.

- Posso ser isso também, em um sentido, é claro... Ele olha para seus países baixos, a insinuação me deixa encabulada e muda.

- Você parecia sonhar, te chamei várias vezes, então te belisquei pra te acordar...

- Isso doeu...

Nem doeu, mas aproveitei para fazer um charme, fiz bico e ele se aproximou me fazendo sentir sua respiração, seus lábios estão a um centímetro dos meus, mas do mesmo modo que se aproximou ele se afasta, e com um floreio me convida a jantar, nem percebi que ele havia terminado, e fico imaginando se isso é verdade, o que comprova é o sabor inigualável do arroz com camarão e da salada leve, uma mistura de sabor deliciosa, o vinho branco para acompanhar, até torci o nariz, pois gosto e estou acostumada com os vinhos tintos vendidos em qualquer supermercado, e sim, puro eu não tomaria, mas acompanhado desse jantar divino, estou amando.

- Qual curso você faz?

- Faço fisioterapia.

- Está terminando?

- Não, começando.

-Você é formado em quê?

-Fiz arquitetura, depois... Administração de empresas.

- Por que você teve que fazer duas faculdades?

- Depois que meus pais morreram e nos deixaram os hotéis eu percebi que um só curso não seria o suficiente, e você, por que escolheu fisioterapia?

- Porque eu queria fazer algo na área da saúde, e o que estava mais acessível era a faculdade de fisioterapia então...

Conversamos por mais algum tempo, até que eu pisquei os olhos sonolenta, já havia um tempo que eu não bebia uma gota de álcool e o cansaço misturado com o vinho quase me fez dormir à mesa.

- Venha vamos sentar mais confortável no sofá, minha conversa está te entediando.

- Não é isso, só estou cansada, e tem um tempo que não bebo.

O acompanho ainda com a taça de vinho na mão, depois de um tempo o sabor já não faz diferença.

Acordo suada e enrolada nos lençóis, o sonho... "-Que sonho? Tá doida, acorda pra vida mulher, você precisa trabalhar, esqueceu?!

É verdade, hoje eu tenho uma faxina na casa da Patrícia Novaes, preciso correr para casa, trocar de roupa, hoje o dia vai ser longo, olho no relógio do celular e são quatro e meia da manhã, ainda está escuro lá fora, vejo pela janela de vidro do quarto que, comparando com o meu quartinho lá de casa, pode ser considerado muito luxuoso, mas não vou negar, o sono em minha casinha simples é mil vezes mais tranquilo, não tem esse moreno quente como o diabo para atiçar minha meu corpo.

Levanto apressada e cato meus cacarecos, escovo os dentes, saio do quarto menos de quinze minutos depois, algo me chama a atenção na varanda e vejo Apollo com uma xícara fumegante olhando para o mar.

- Onde você vai a esta hora da manhã?

Pega de surpresa perco as palavras momentaneamente.

- Vou embora ué!

- A essa hora? Está muito cedo para pegar ônibus...

Ele se aproxima e me sinto arrebatada por sua visão. "Ô lá em casa."

Nos Braços De Apollo Onde histórias criam vida. Descubra agora