Capítulo 28

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No intervalo converso com a diretora e ela deixa claro que não posso faltar  nem um dia a mais nesse semestre, que posso perder meu benefício, na última aula o professor passa um trabalho em grupo de três pessoas, escolho Arão e Brenda que faz uma careta, porém não diz nada, Arão se nega a fazer com nós duas, não sei porque mas sinto necessidade em olhar as cópias das fotos, ansiosa espero a hora de entregar os trabalhos, contudo não consigo ver a letra do Arão.
Você está neurótica Rayssa”
Mas algo em meu inconsciente me faz ficar alerta, a aula termina e espero todos saírem, como os seguranças aconselharam, pedi que ficassem do lado de fora da faculdade, estava chamando muita atenção.
– Arão, espera... Preciso falar com você.
Ele para de costas para mim, no corredor.
– Quié Rayssa, quando eu queria falar você só me tirava, agora tá querendo o quê comigo, se cansou do ricaço? – ele provoca e sinto a maldade em suas palavras, mas decido relevar, tenho um objetivo.
– Não, não me cansei, e queria ser sua amiga, só isso.
Andamos lado a lado.
– Pois eu não quero sua amizade.
“Porra, que isso minino”
Eu queria sua boceta, mas agora não quero mais.
Fico chocada com a forma que ele me olha e fala.
– Quer vai querendo pega o pé e vai roendo, seu coisa feia, agora não quero mais nem sua amizade.
Bato o cabelo na cara dele, de novo pareço uma criança encrenqueira, mas não tô nem aí.
– Eu que não te  quero mais... –  já estava na porta da faculdade, alguns alunos conversavam, os dois armários que me esperavam já não são os mesmos e nos encaram alertas.
– Eu é que não quero você, já viu meu namorado? É grande e tem pegada.
– Claro, tipinhos como você gosta mesmo é de homens ricos, e já deve estar tão afolozada que só um homem daquele tamanho pra preencher esse seu buraco negro...
Todos que estavam por perto nos olham, sinto minha mochila pesar nas mãos, giro ela no ar com certa dificuldade, ando rápido na direção do meu colega de faculdade, acerto em cheio suas costas ele cai no chão feito uma jaca podre, logo sou cercada pelos seguranças.
– Sua puta desgraçada.
– Vou te mostrar quem é a puta.
– O que está acontecendo aqui.
Escuto a voz de Apollo entre o barulho das pessoas ao meu redor, algumas alunas da faculdade tentam me defender de Arão, ao ouvir ele me xingar, outras nem tanto.
– Sai da frente.
Escuto os gritos da minha amiga Brenda que aparece ao meu lado.
– Ray o que está acontecendo?
– Arão me xingou, eu só queria saber se ele tinha uma matéria completa e ele começou a me xingar do nada.
Começo a chorar, constrangida com aquele tanto de gente ao nosso redor.
– Mentira, você que se ofereceu e eu neguei, já tenho namorada.
Apollo me olha com a cara fechada.
– Ele tá mentindo, eu nunca me ofereci pra esse ser...
Faço cara de repulsa.
Apollo pega Arão pela camisa e levanta do chão até ficar cara a cara, o sacode e  todos se afastam quando ele começa a fazer xixi.
– Isso é verdade a Ray nunca te deu moral, Arão...  quem diria hein. – Brenda me abraça.

Escutamos um barulho de sirene.
– Você gosta de assediar mulheres, vamos ver como se sai na delegacia.
– Me solta cara, eu nunca mais chego perto dessa maluca.
– Solta ele amor, não quero prestar depoimento a essa hora.
– Tem certeza? Me diz um motivo pra não encher esse bostinha de porrada.
– Tenho certeza, estou  constrangida. – falo próxima ao seu ouvido e seguro seu braço.
Ele solta Arão que quase cai novamente no chão.
– Vocês me pagam.
Ele fala com ódio, e em seu rosto parcialmente escondido pela sombra de algumas das pessoas que estão por perto, vejo uma certa satisfação, e acho estranho.
Apollo segura minha mão  e praticamente me arrasta até o carro.
– Porque está fazendo isso? Eu não tenho culpa se aquele louco...
– O que aconteceu entre você e aquele cara?
– Nada... – ele me olha como quem não acredita.
– Eu vi vocês conversando no estacionamento aquele dia, ele te ofereceu ajuda como se eu fosse uma ameaça e agora isso.
Meus olhos se enchem de lágrimas.
– Eu estou desconfiada que foi ele quem escreveu aquilo na foto, tentei descobrir como é a letra dele, ele sempre tentou se aproximar de mim e eu nunca dei espaço, hoje eu vi ele conversando com alguém que eu conheço de algum lugar.
Apollo dirige em alta velocidade e eu fico apreensiva.
– Não quero que você faça isso novamente, quero esse cara a um quilômetro de distância de você.
– E como vamos fazer isso se estudamos na mesma sala.
Apollo respira fundo e aperta o maxilar.
– Você vai pra uma faculdade particular.
– Nem com a porra.
– Olha a boca, eu tô por um triz pra perder a cabeça.
– Oxente, e eu com isso?
– E você com isso? Você vem e revira minha vida de cabeça pra baixo, todo dia é uma confusão diferente e agora vem perguntar o que você tem a ver com isso porra?
Me encolho ao ver o quanto ele está nervoso.
– Não grita comigo! – eu também grito com ele.
– Se quiser eu posso ir embora da sua vida, hoje mesmo.
Apollo não fala nada e continua dirigindo, uma tensão palpável deixa o ar do carro denso, ele não me olha e isso me fere como nunca imaginei,  entra na garagem do prédio e assim que para o carro eu desço e ele também, travando as portas do carro, ando até o elevador pisando duro, acho que o prédio inteiro ouviu meus passos raivosos, lembro que não tenho pra onde ir e às lágrimas vem mais forte.
Ele entra no elevador e em silêncio subimos, tensos.

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