Quinze

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Capítulo hot 🔞

Apollo não aparece na cozinha e agradeço a Deus por isso, não quero vê-lo. Termino a faxina, e deixo a casa o mais limpa possível, após chorar bastante, a raiva tomou conta e tive vontade de buscar um balde de lama e jogar na casa toda, porém engulo o choro e deixo tudo perfeitamente arrumado, Manuela nunca havia me tratado com tanta arrogância e desdém, mas no fundo eu sei que ela tem um pouco de razão em algumas partes, mas ela pegou pesado dizendo que eu quero dar o golpe em seu irmão, humilhou sem necessidade nenhuma.
Após terminar, desço até a garagem do prédio e na vaga que eu sempre vi vazia está meu caranguinho e nunca senti tanto carinho por uma lata velha quanto senti por ele ao lembrar de quem havia me dado, levo um tempo para conseguir abrir a porta, e outro para chegar ao estacionamento da faculdade, desço dele um pouco suada, pois havia apagado umas cem vezes no engarrafamento e no sinal, causando alguns xingamentos, ignoro alguns olhares e ando até a entrada da faculdade.
- Ray... Ray... Espera. - reconheço a voz da minha amiga, porém me faz lembrar de como a Manuela me chamou antes de me humilhar e lágrimas brotam em meus olhos, abraço meu material e Brenda para de repente, olhando para mim.
- Ô amiga, o que houve?! Vem cá me dê um abraço.
Ela me abraça e abro a torneira novamente, chorando dramática, sempre fui uma manteiga derretida.
- Vem cá. Ela me pega pela mão e me arrasta até o banheiro, ainda bem que cheguei cedo e não tem muita gente.
- Me conta o que te deixou assim, quem foi o infeliz que eu vou quebrar a cara.
- Ah Brê fui tão humilhada hoje, você se lembra da Manuela? A moça que eu faço faxina.
Ela afirma séria.
- Sim, não me diga que ela te humilhou na frente das amigas.
- Pior...- os olhos pretos de Brenda crescem.
-Eu fui faxinar a casa do irmão dela, quarta e quinta-feira lembra?
Ela afirma mais uma vez.
- Foi uma coisa estranha e louca, sinto por ele uma atração mesmo estando a quilômetros de distância, passei o dia todo com ele na sexta, no sábado ele me deixou em casa, hoje eu fui trabalhar e esqueci que ela era irmã dele, ele apareceu lá e ela percebeu tudo, até um cego perceberia.
- E ele... - Sorri amarga.
-Tentou disfarçar com um Oi.
- O que você queria? Queria alguma demonstração de afeto ou sei lá, você esperava algo mais?
- Eu não sei, talvez eu quisesse, ou não, estou tão dividida, mas depois eu agradeci por ele não ter dito nada, foi tão humilhante. - meus olhos enchem-se de lágrimas novas.
- Ela sugeriu que eu queria dar o golpe, disse que eu procurasse alguém do meu nível.
- Vaca desgraçada... Se eu encontro essa mulher eu arrasto a cara dela na brita, peraí e ele? Ouviu tudo isso?
- Não, mas não deixa de ser verdade, menos a parte do golpe, eles são donos de resorts, ele está muito acima de mim...

-Pelamor de nossa senhora Ray, você não acredita nisso não né? Acima de nós só Deus amiga, e tem mais, você é linda, inteligente, às vezes é doidia, mas não conheço ninguém com o coração melhor que o seu, agora para de chorar e levanta a cabeça, vamos pra aula, o gostosão de anatomia nos espera.
Ela me faz lavar o rosto, faz uma maquiagem.
- Óia pá isso? Tu é linda amiga.
Me olho no espelho e realmente, me sinto bonita.
Os olhos não estão mais tão vermelhos.
- Vem cá. Ela solta minhas mechas lisas que escorrem por minhas costas.
- Muié bunita da mulesta, eu te cumia, oxente, te cumia gostoso visse.
Meu rosto esquenta, e eu abraço minha amiga.
- O que seria de mim sem você.
- Uma possa de lágrimas, sofrimento e solidão, vamo simbora.

Saio do banheiro um pouco mais animada, esquecendo por hora os acontecimentos do dia, a aula também me distrai, dessa vez sinto os olhos da turma em cima de mim, a aula passa rápido e vem outra e eu me desligo do mundo, o sinal soa e como sempre vôo até a lanchonete, peço a moça meu café e ela me entrega, me viro tentando beber um gole dando de cara com Arão que sorri tímido, tomo minha dose de ânimo.
Meu telefone vibra com uma nova mensagem.
- Tá bonita Ray, ele é muito sortudo.
- Obrigada. - Sorrio para ele ignorando a pergunta disfarçada.
Olho a barra de notícias e não me surpreendo.
"Preciso te ver"
Não respondo, apenas bloqueio o telefone, a ansiedade atingindo o teto querendo responder, porém, devo ter os pés no chão, se eu ver Apollo tenho certeza que perderei a cabeça, ele tem esse dom de me tirar a razão, volto para a sala.
- Oi Rayssa, você já concluiu o trabalho de cinesiologia?
Arão um rapaz um pouco tímido que sempre senta atrás de mim e nunca conversou comigo pergunta.
- Já conclui semana passada. - Ele arruma o óculos e sorri de lado.
- Eu também concluí.
O intervalo acaba e a aula recomeça, entregamos nossos trabalhos, e explicamos nossas pesquisas, apesar de todo nervosismo me saí bem na explicação, o tempo voou e a aula acabou.
- Você viu o Arão tentando puxar conversa com você, ele é um pouco estranho, tímido mas parece um bom rapaz.
- Vi, mas não quero me envolver com ninguém, preciso focar no que realmente importa.
- Tá, tô sabendo.
Saio da sala acompanhada por Brenda que fala sem parar, e vou em direção à saída, porém na porta da faculdade em pé digitando no celular e escorado no carro, está ele, alheio ao olhar das mulheres que passam e tentam chamar sua atenção, ele sente minha presença e olha em minha direção, estou parada feito uma jumenta empacada.
- Que foi? Viu um...
Ando em direção a Apollo como se tivesse sendo puxada, ignorando sem perceber minha amiga, que segue para o estacionamento, Apollo sorri tranquilo, tento não sorrir de volta mas é quase impossível.
- Oi. - um sorriso muito branco aparece em seu rosto, causando um enorme estrago em meu coração.
- Oi... O que faz aqui? - olho para meus pés.
- Depois do dia difícil que tive, nada melhor que ver seu sorriso, pra terminar o dia bem. - Meu rosto esquenta, minhas reações a ele são involuntárias, mas tenho que parar com isso agora, antes que eu fique ainda mais envolvida.
- Não precisa tentar me conquistar, não precisava vir aqui.
- Só estou falando a verdade, e sim, eu precisava, sinto que está fugindo de mim.
- Obrigada.
Fico ansiosa com o silêncio momentâneo e ele morde os lábios me fazendo desejar sua boca em mim.
- Vem, vamos sair daqui.
- Não posso. - abraço meus materiais, uma ruga aparece entre suas sobrancelhas o deixando ainda mais sexy.
- Tem alguém... - sua voz sai rouca, e sei que está irritado.
- Tem. - minto e ando em direção ao estacionamento, sem olhar para trás, mas sei que ele me acompanha.
- Ray, você está chateada por hoje de manhã? - Paro de costas.
- Você ouviu o que a Manuela disse, e ainda está aqui?
Me viro para ele e dou de cara com seu peitoral, ele segura minha cintura para me firmar, olho seu rosto e uma parte está iluminado pela luz do poste a outra está no escuro, porém sei que sua atenção está toda em mim.
- O que a Manu falou? E o que ela tem haver conosco, somos adultos e sabemos o que estamos fazendo, pelo menos eu sei o que quero.
- Somos de mundos diferentes Apollo, e mesmo que eu estude bastante e tenha um bom salário, ainda assim não farei parte do seu mundo.
- Não estamos planejando casamento, estamos apenas nos conhecendo, nos divertindo.
- Exatamente, eu não quero me divertir, nem me envolver agora, tenho meus objetivos, meus sonhos e me distrair agora vai me atrapalhar.
Não percebi que estávamos andando até chegarmos onde meu carro estava estacionado.
- E se eu me envolver com alguém, deve ser alguém que faça parte da minha realidade, alguém que eu sei que amanhã estará aqui.
Ele passa a mão na cabeça.
- Não posso te prometer nada, não posso mudar o que sou.
- Então não chegue muito próximo, não me conquiste pensando em ir amanhã.
Me viro para o meu carro, com a chave pronta para abrir a porta, quando sua mão segura meu braço, enviando um choque por todo meu corpo, bastou um toque seu para minhas defesas caírem por terra.
Ele solta meu braço e passa a mão pela pescoço, percebo a vergonha em sua expressão.
-Oxente essa é minha caranga enferrujada, que estava estacionada na sua vaga.
- Me desculpa, eu não sabia que era seu.
Mesmo à meia luz vejo seu rosto mudar de cor.
- Rayssa, tudo bem aí?
É a voz do Arão, e sinto sua preocupação, Apollo o encara e o garoto, um pouco mais baixo e muito mais magro fica branco.
- Tudo bem, sim.
Arão fica desconcertado.
- Ok, estou de carro hoje, se quiser posso te dar uma carona.
- Muito obrigada Arão mas também estou de carro visse.
- De qualquer forma Adão ela não vai precisar ir nem com você e nem no... - Apollo fala muito seguro de sí apontando para o meu carro.
- Ah é, por que? - Apollo sorri abertamente.
- Porque você vai comigo.
- Oxe, não vou não.
- Você não vai andar nisso aí...
Mordo o canto da bochecha.
- Oxe e quem vai me impedir?
- Precisamos conversar, então você vai comigo.
Me faço de besta.
- Eu vou com você, mas eu vou no meu carro.
- Tudo bem, que seja, vou buscar meu carro.
"Homi besta"
Arão já havia ido embora, após muita insistência consigo ligar o carro, espero os últimos carros saírem e consigo dirigir até a pista, e lá está Apollo em seu carro novo, da pra ver de longe o brilho do seu relógio caro, não sei o que me dá mas tenho uma idéia absurda, sei que não devia, e provavelmente posso ficar devendo minha alma em uma oficina, mas faço uma manobra e arrasto a lataria da frente do meu carro no carro luxuoso dele, que me olha surpreso.
Foi uma atitude infantil, e não recomendo ninguém fazer o mesmo, mas eu não estou em meu juízo perfeito, então acelero pegando a pista para o meu bairro.
Sinto uma certa satisfação por ter arranhado seu carro perfeito, aproveito a pista vazia e continuo com o pé no acelerador, olho para o lado e vejo a expressão irritada dele, e não consigo não achar sua cara ainda mais bonita.
Após alguns minutos Apollo consegue passar para a pista que eu estou me ultrapassando, ele para o carro bruscamente me fazendo afundar o pé no freio soltando fumaça e o cheiro de borracha no ar, ele desce do carro e eu me encolho por dentro, e como sou homem e não um rato, também desço do carro, queria estar cheia de razão mas sei que não estou.

Vixe e agora? Será o que Apollo vai fazer?

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