– Abra a porta, polícia!
Saio de cima da loira, um pouco desnorteada ando até a porta, e assim que a alcanço, Patrícia começa a gritar por socorro, ao colocar a mão maçaneta sinto o sangue escorrer, sujando o chão.
– Socorro! Essa louca quer me matar...
A loira grita enquanto eu abro a porta, e encontro os olhos dourados tempestuosos de Apollo, ele me abraça apertado, quase me tirando o ar, os dois policiais entram e olham a situação.
– Essa doidia tentou me esfaquear.
Ela acusa e os policiais olham para mim, e vêem o sangue escorrendo pelo meu braço onde me defendi com o braço esquerdo da facada que ela havia me dado, e volta a olhar para ela que está com o rosto vermelho e o nariz saindo sangue.
Estou trêmula, a adrenalina saindo pelos poros, fazendo lágrimas involuntárias escorrerem por meu rosto, sem que eu percebesse até que elas molham o terno caro de Apollo.
– As duas me acompanhem até a delegacia para prestar depoimento.
– Primeiro precisamos passar no hospital, Rayssa está sangrando muito. –
– Meu nariz está quebrado, você não se importa meu amor? – a voz chorosa da mulher me causa raiva.
– Não, não me importo. – Escuto Apollo falar friamente. – Não sou seu amor.
Me sinto fraca e tudo se apaga quando caio nos braços de Apollo.
Acordo numa cama de hospital particular.
– Oi...
A primeira coisa que vejo são os olhos apreensivos do meu namorado.
– Oi – respondo grogue.
– O que aconteceu?
– Você desmaiou de fraqueza.
– E a Patrícia?
– Está presa, ela estava me perseguindo há algum tempo.
– Você teve um relacionamento com ela?
Pergunto sentindo meu coração doer.
– Não foi bem um relacionamento, foi só uma vez, uma única noite, um dia antes de te conhecer, depois disso ela tem me perseguido, tive que orientar os seguranças de casa e do resort a não permitir a entrada dela, bloqueei seu número e hoje pela manhã registrei um boletim de ocorrência sobre sua perseguição.
– Eu sei que ela é um pouco louca, tem vários processos judiciais por perseguir e destruir os patrimônios de vários namorados, mas eu nunca pensei que chegaria a tanto, e alega que eu tentei matar ela mas foi o contrário, será que a polícia vai me prender?
– Não, já tem dois advogados cuidando do caso, consegui gravar parte da ligação e vai servir como prova.
– Ela já fez isso outras vezes e ficou solta, eu sei que ela não vai parar por aí, vai infernizar nossas vidas, meus pais...Logo a realidade bate, penso nos meus pais que são vulneráveis e minha pele arrepia de medo, ô meu jesuisinho proteje mainha.
– Ei, ei... Ela está presa.
– Até quando Apollo? Não posso viver com uma seta nas costas.
– Eu vou te proteger, vou colocar segurança na sua porta.
– E a nossa liberdade de ir e vir.
– Contratei os melhores advogados meu amor, fique calma, pedi uma medida restritiva, se ela chegar perto de nós, da nossa casa ou da casa dos nossos familiares ela vai presa.
Ele pega minha mão e massageia.
– Olha pra mim Rayssa, nada... Está me ouvindo? Nada vai te acontecer, nem aos seus pais.
Não sei porque mas me sinto segura, com suas palavras, algumas horas depois o médico me libera e me dá um atestado para a faculdade, ligo para Brenda e peço a ela para gravar a aula pra mim, ela pergunta o que está acontecendo, pois eu nunca faltei e eu explico em partes o que aconteceu, Brenda insiste em me visitar depois da aula, após o depoimento o delegado responsável pelo caso, não me dá muitas esperanças da Patrícia permanecer presa. Ao entrar no carro do Apollo a primeira coisa que falo é:
– Quero minha mainha. – Sei que pareço dengosa, mas não tem nada melhor que o colo e o cheiro de mainha nesse momento, ele respira fundo.
– Tudo bem, vou levar você lá.
Ele dirige pelas ruas, parece pesado, eu sei que está contrariado porém não quero ficar longe da minha mãe com uma ameaça como aquela mulher, é estranho ter tanto medo de alguém que parece fraco mas essas são as pessoas mais perigosas.
– Estou com medo pelos meus pais.
– Ela ficará presa pelo menos uns três a quatro meses, infelizmente o que manda aqui é a influência e isso ela tem de sobra, eu também tenho dinheiro e influência, mas eu não tenho a influência política que a família dela tem.
– Eu sei, ela acumula vários processos judiciais e nunca fica presa.
– Só quero que essa louca me esqueça.
Sinto na boca um gosto amargo, sinto que iniciei uma guerra com um adversário muito persistente.
Ele para em frente à minha casa e só então percebo que chegamos, pelo retrovisor vejo dois carros parados e fico ansiosa.
– São os seguranças, relaxa coração, aquela louca não vai vir aqui.
Mesmo assim fico alerta, desço do carro acompanhada por Apollo, abro o portão com minha chave e Apollo me segue, mainha me recebe na porta e a primeira coisa que ela percebe é o curativo no meu braço.
– Bença mainha. – A abraço como se fizesse um século desde a última vez que a vi.
– Deus te abençoe mia fia, Rayssa minina o que aconteceu com seu braço?
Ela me inspeciona inteira, mainha é uma mãe coruja que defende sua cria com unhas e dentes.
– Oxente, fui trabalhar na Patrícia e ela enlouqueceu de vez.
– Eu te avisei que aquela doida ia surtar com você alguma hora dessas visse.
– Eu sei mainha mas eu ficava com dó por que ela não tinha mais ninguém pra ir.
Quem me indicou para a Patrícia foi uma cliente que na época era sua amiga, a mulher mudou de estado um pouco depois que eu comecei a faxinar a casa dela.
– Foi ter dó óia no que deu, Apollo entra meu fii.
Entramos de mãos dadas, painho estava sentado no sofá assistindo um jogo de futebol.
– Bença painho.
– Deus te dê juízo mia fia.
– Oxe, eu tenho juízo.
– O que foi que cê fez nesse braço?
Meu pai olha desconfiado para Apollo.
– Foi a Patrícia.
Ele fecha a cara.
– Eu que devia te dá umas coça sua mãe num deixa...
– Deixa de falar asneira ômi, vai tomar banho pra jantar.
Olho pra Apollo que parece estar se divertindo.
– cê num manda em mim não, oxente muié.
Mainha aparece na sala com uma frigideira na mão.
– Oxe muié eu só tava brincando.
Tento não rir, viro o olho pra tv, evito olhar pro Apollo.
– Se avexe senão a cumida esfria.
– É já muié.
Painho sai do quarto com a toalha na mão, não aguento e caio na risada quando ele entra no banheiro, sendo acompanhada por Apollo que se senta ao meu lado no sofá, nos encaramos, o clima muda, ele segura meu rosto, faz carinho em minha bochecha e me beija, quando sinto minha calcinha molhar me levanto ligeiro e vou pra cozinha.
– Pode ficar a vontade, vou ajudar mainha.
Falo com a respiração curta e ando pelo corredor até a cozinha, ele me segue alguns minutos depois e se senta na mesa de quatro lugares, mainha mexe as panelas enquanto eu lavo a louça.– Da onde você é?
Minha mãe se vira e olha para Apollo.
– Eu nasci em Seattle, mas minha mãe é baiana, ela conheceu meu pai em uma viagem de negócios quando ele veio a Salvador, ela era secretária de um sócio.– E esse zói bunito de quem você ganhou?
Painho entra na cozinha com os botões da camisa abertos e um samba canção, chinelo de dedo, buteca os olhos pra minha mãe fingindo ciúmes.
– Qué isso muié, tá querendo me trocar por esse aí também.
Apollo engasga, e eu caio na risada.
– Oxe ômi ele já tem dona visse.
– Munda, Munda...
– Herdei do meu pai, a cor dos olhos, o tom de pele da minha mãe.
– Uma mistura perfeita.
– Oxente é uma disgrama mermo perdi a fia agora a muié.
– Te fecha ômi, senta aí que eu vou por a cumida de painho.
– Apollo, você vai comer a melhor buchada da sua vida, pegue o prato aqui ó bichim.
Mainha coloca a comida de painho, mas eu não coloco a comida de Apollo, não sei o que ele gosta, então o deixo à vontade, hoje temos arroz, feijão, buchada de boi, abóbora com carne seca. Por um momento esqueço o mundo lá fora e curto meu momento em família.
Algum tempo depois do jantar voltamos pra sala e assistimos a novela, painho que detestava novela agora sabe tudo, está pior que mainha e se deixar ele fala tudo que vai acontecer, a novela acaba e Apollo se despede deles, que permanecem dentro de casa.
De mãos dadas andamos em silêncio, até que o quebro.
– Já estou com saudades...
– Vem dormir comigo.
Ele aproveita a sombra do muro onde a iluminação pública não clareia para me colocar contra a parede.
– Hoje não, não quero deixar eles sozinhos.
– Ei, olha pra mim, eu prometi que eles ficariam seguros, não prometi?
– Eu sei...
– Então o que é?
– Eu quero ficar com mainha. – Ele respira fundo. – Promete que de amanhã não passa?
– Prometo.
Ele me beija gostoso, esfrega sua ereção contra minha barriga, me fazendo desejar ele em outros lugares.Aviso: Aproveitem a leitura enquanto o livro está em andamento pois, assim que terminar irei retirar, ainda não tenho previsão para terminar, porém já estou avisando, pois não irei aceitar nenhum pedido para repostar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nos Braços De Apollo
ChickLitUma nordestina do pé rachado que tenta a todo custo focar na faculdade de fisioterapia, para pagar seus estudos ela faz diária de faxineira, e quando conhece Apollo tenta fugir para não se apaixonar pelo moreno café. Apollo por outro lado é um homem...