Enquanto fazemos os procedimentos legais na delegacia, não paro de ser parabenizado. A um bom tempo estávamos investigando e tentando pegar esse verme, agora finalmente conseguimos.
As horas passam de depressa e quando dou por mim, já fiz minhas 24 horas trabalhadas
— E aí meu amigo, qual pub vamos para comemorar essa operação hoje? — Lindsey brinca e passa a mão pela barriga. Eu arqueio a sobrancelha pegando meu paletó.
— Pub? Nenhum. Você vai descansar pois esse meu afilhado precisa de descanso. E eu... vou pra casa. — Lindsey rola os olhos.
— Você tá perdendo uma juventude inteira se isolando dessa forma, Chase. Me preocupo com você. — Eu apanho minha pistola a colocando no coldre e visto meu paletó por cima.
— Você tá igualzinho minha irmã e minha mãe. Eu tô bem assim. Pior do que já passei, isso não é nada. Bem, preciso ir e você, se cuida. Quero meu afilhado saudável. — Sorrio pequeno para ela e me afasto.
[...]
Observo o cemitério de San Francisco e encaro rapidamente para o relógio do meu celular. Exatamente hoje é o dia que visito o túmulo de Maya e levo flores. Faço isso todos os meses, se tornou uma rotina dolorida para mim.
Caminho entre os túmulos até encontrar o dela, sempre cuidado. Me aproximo encarando sua foto no jazigo e coloco as flores ali. Suspiro e ponho as mãos dentro do paletó.
— Meu amor, eu não vou descansar até vingar a sua morte. Algo me diz que estou perto de descobrir e eu juro, eu farei pagar por terem destruído as nossas vidas, nossos planos e ter tirado você e meu filho ou filha de mim. Vou te amar sempre, meu amor... — Permaneço mais um tempo ali, até que decido voltar para casa.
[...]
Antes de ir para a minha casa, passo num mercado para abastecer minhas prateleiras de macarrão instantâneo, pratos industrializados congelados e claro, meu cereal.
Pago a conta e agora sim, vou pra casa descansar, tomar um bom banho, tomar meu café e dormir até acordar para me encher de whisky.
Quando abro mansamente a porta de casa, me assusto. Vejo uma jovem mulher usando um short jeans, uma regata branca cantarolando uma música animada que toca alto no sistema de som da minha sala enquanto varre o chão da minha casa. Ela está de costas e ainda não percebeu minha presença.
Franzo o cenho sentindo o ambiente diferente e estranho. Percebo que ela abriu as janelas, limpou os móveis empoeirados, retirou as cortinas velhas com cheiro de mofo, substituindo pelas novas e claro, o cheiro do ambiente mudou.
Finalmente ela se vira e se assusta quando me vê parado perto de porta a encarando.
— Deus! Que susto! — Ela sorri colocando sua mão no peito.
— Senhor Chase Blake! Prazer em conhece-lo. Olha, acabei de passar um café e fiz waffles com calda de chocolate e ovos mexidos com bacon. A mãe do senhor disse que é o seu café da manhã preferido. — Eu pigarreio sem demonstrar qualquer emoção percebendo o quanto essa moça é acelerada.
— A senhorita é? — Ela sacode a cabeça rolando os olhos como se ela percebesse seu comportamento embaraçoso e seca as mãos úmidas sobre seu short se aproximando de mim.
— Oh, desculpe esqueci de me apresentar, senhor Blake. Eu me chamo Alexa. Alexa Villar. Sou a sua nova empregada. Sua mãe me contratou. — Sua mão permanece esticada no ar, aguardando meu cumprimento. Eu encaro sua mão e volto o meu olhar para o seu rosto. Ela ofega quando percebe meu olhar irritado.
— Oh, sim. — Respondo simplesmente. Ela desiste de me cumprimentar se sentindo sem jeito e eu entro em casa observando o ambiente.
A muito tempo eu não via a minha casa assim, tão limpa, arrumada, arejada e com perfume e toques femininos. Confesso que isso estava me incomodando, parecia que minha mãe queria apagar de alguma forma, as lembranças de Maya nessa casa.
— Bem, obrigada por vir, mas quando você vai... pra sua casa? — Ela morde o lábio e suspira colocando a ponta do cabo de vassoura contra a palma de sua mão.
— A sua mãe não disse? — Aperto os olhos, confuso.
— O que? — Ela ajeita o cabelo bagunçado.
— Eu irei morar aqui. Obviamente terei uma folga num domingo por semana. Mas... — Eu a interrompo colocando as sacolas sobre a mesa.
— Espere, o que? Eu escutei direito? — Ela assente parecendo intimidada com meu jeito.
— Sim... sua mãe combinou comigo eu... — Sorrio sem acreditar na audácia da minha mãe. Eu entendi o que a dona Amélia está tentando fazer, mas não! Eu já defini meu futuro e ela não pode fazer nada.
— Eu não posso acreditar nisso! A minha mãe contrata uma mulher bem jovem para cuidar da minha casa e ainda quer que ela more debaixo do meu teto? Quem disse que eu quero isso!? A senhorita pode ir embora. Agradeço os seus serviços, mas não. Não quero mulher nenhuma morando debaixo do mesmo teto que eu. — Ela assopra o ar parecendo apavorada.
— Por favor senhor, eu preciso desse emprego. Eu tenho uma irmã que está no hospital e eu preciso pagar as contas. Não faça isso, eu preciso...
— Se é esse o problema, eu posso pagar a conta para que me deixe em paz. — Ela se aproxima e a percebo bastante agitada e nervosa.
— É que... eu não tenho para onde ir. Fui despejada por não poder pagar o último mês do aluguel. Eu tô na rua e não tenho ninguém ao não ser minha irmã que está no hospital. Por favor, senhor. Não seja tão rude. Me deixe ficar! Eu juro que o senhor não vai me ver direito. Prometo. — Seus olhos castanhos como a noite brilham para mim.
Bufo com o ar desesperado da mulher e olho para o céu pedindo perdão para Maya em pensamento. Eu jurei que não deixaria outra mulher viver nessa casa que foi lugar de momentos felizes entre Maya e eu, e estou nesse momento, quebrando uma promessa.
— Certo. Eu só peço uma coisa, fique bem longe do meu quarto e nem tente forçar a porta do quarto de frente do meu. — Ela assente veemente e eu suspiro.
— Ótimo. Tenha um bom dia. — Me viro para sair e ela me chama.
— Senhor Blake? — Me viro e a encaro.
— O senhor não vai tomar o café que preparei? — Seguro a vontade de revirar os olhos e assinto.
— Vou sim. Vou primeiro tomar um banho. — Ela assente e eu me viro de volta para o meu quarto.
Abro a porta com ansiedade e suspiro aliviado que ela não tenha mexido aqui. Pelo menos isso a minha mãe a avisou: Ficar fora do meu quarto e do ateliê de Maya.
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Agridoce Destino
ChickLitChase Blake: Um detetive da polícia de San Francisco, viúvo, só pensa apenas em uma única coisa: Vingar a morte de sua falecida esposa, Maya. Uma advogada criminalista que foi morta covardemente por um tiro na cabeça, interrompendo a sua jovem vida...