Capítulo Trinta e Oito

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Pietro Martins Reed:

Depois de nos beijarmos, o silêncio que se instalou foi aconchegante, como se não precisássemos dizer mais nada. Ficamos ali, abraçados, aproveitando o simples conforto de estar juntos. Eu podia ouvir a respiração de Manoel se acalmar aos poucos, e aquele momento de paz parecia trazer um pouco de cura para as feridas que ainda estavam abertas. Não importava o que o mundo lá fora estivesse enfrentando, dentro do nosso pequeno refúgio, éramos apenas dois corações se apoiando mutuamente.

Depois de um tempo, Manoel se afastou ligeiramente, mas sem romper o abraço. Ele olhou para mim, os olhos ainda brilhando com uma mistura de emoções.

— Sabe, Pietro, por mais difícil que tudo isso tenha sido, ter você ao meu lado me dá forças para continuar — disse ele, com a voz baixa e carregada de sinceridade. — Eu sempre fui alguém que guardava tudo para mim, achando que mostrar fraqueza significava ser menos capaz de proteger as pessoas que amo. Mas você me mostrou que compartilhar a dor não é um sinal de fraqueza, mas de confiança e amor.

Segurei suas mãos, sentindo a conexão profunda entre nós.

— Você não precisa carregar tudo sozinho, Manoel. A gente está nisso juntos, lembra? — falei, com um sorriso suave. — Eu quero ser seu parceiro em tudo, nas alegrias e nas dores. Não quero que você se sinta obrigado a ser forte o tempo todo. Se precisar desabar, desabe comigo. E quando for minha vez, estarei contando com você para me segurar também.

Ele assentiu, os olhos marejados, mas com um sorriso pequeno e genuíno no rosto.

— Eu costumava pensar que o amor era algo complicado, cheio de desafios e sacrifícios — ele continuou, pensativo. — Mas, com você, percebo que o amor também pode ser simples. Pode ser sobre abraços silenciosos, sorrisos que aparecem sem motivo e a certeza de que, aconteça o que acontecer, teremos um ao outro.

Eu me deitei no sofá, puxando Manoel junto comigo. Ficamos ali deitados, aninhados, olhando para o teto enquanto conversávamos sobre coisas mais leves, tentando deixar a dor de lado, ainda que por alguns momentos. Falamos sobre planos para o futuro, sobre lugares que gostaríamos de visitar, e até sonhamos um pouco sobre como seria a casa onde um dia criaríamos nossos filhos.

— Imagina, uma casa cheia de risadas e crianças correndo por aí — eu disse, sorrindo ao pensar na cena. — A gente ensinando nossos filhos a cozinhar, a decorar a árvore de Natal, a viver com bondade e amor. Parece algo distante agora, mas eu acredito que vamos chegar lá.

— Eu também acredito — Manoel respondeu, a voz dele cheia de uma esperança renovada. — E não importa quanto tempo leve ou o que precisaremos enfrentar até lá, sei que, com você, eu tenho tudo o que preciso para construir esse futuro.

Nos entreolhamos, e o silêncio voltou a nos envolver, mas dessa vez ele era reconfortante, como um abraço invisível. Ficamos ali, aproveitando a sensação de tranquilidade, de segurança. Sentir o corpo de Manoel relaxar aos poucos em meus braços me fez perceber que, mesmo em meio à tempestade, estávamos encontrando nosso caminho.

A noite caiu enquanto ainda estávamos no sofá, e, eventualmente, o cansaço nos venceu. Adormecemos ali, em meio às almofadas, aconchegados um no outro, com os corações mais leves e uma esperança suave de que, por mais doloroso que o presente fosse, o futuro ainda guardava momentos de alegria e realizações.

E assim, embalados pelo calor de estarmos juntos, deixamos que o sono nos levasse, com a certeza de que, no dia seguinte, estaríamos prontos para encarar o mundo, um passo de cada vez, sempre juntos.

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O calor confortável do corpo de Manoel encostado ao meu era a única coisa que me mantinha ancorado àquele momento. Sentir sua respiração lenta e constante contra o meu peito era quase como um lembrete silencioso de que, apesar das dificuldades, estávamos ali, juntos. Conforme a noite avançava e a escuridão tomava conta do apartamento, o silêncio se tornou mais íntimo, quase como se nossas almas estivessem conversando em um idioma só nosso.

Meus Príncipes Encantados (MPreg) | Spin-off Do Livro Memórias Do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora