Capítulo Dezoito

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Manuel Ferrari:

Enquanto aguardávamos, a sala de espera parecia mais apertada do que realmente era. Cada segundo passava lentamente, enquanto eu me perdia em meus pensamentos, pesando as palavras de Layne. Era difícil admitir, mas talvez ela estivesse certa. Eu sempre temi a rejeição, o medo de perder Pietro como amigo caso meus sentimentos não fossem correspondidos. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de continuar escondendo o que sinto parecia cada vez mais insuportável.

— Está tudo bem? — Layne perguntou suavemente, quebrando o silêncio que se instalara. Seus olhos me observavam com gentileza, como se soubesse exatamente o que estava passando pela minha cabeça.

— Sim... estou só pensando — respondi, embora minha voz traísse o turbilhão de emoções dentro de mim.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, o som de passos nos corredores chamou nossa atenção. Uma enfermeira apareceu, finalmente nos chamando para subir ao quarto de Giovanni. Layne se levantou, e eu a segui, tentando colocar meus pensamentos em ordem.

Quando chegamos ao andar de Giovanni, o ambiente estava calmo, quase sereno, em contraste com a tensão que eu sentia. Ao entrar no quarto, a visão de Giovanni segurando sua filha recém-nascida me atingiu como um soco no estômago, mas de uma forma boa. A cena era incrivelmente comovente, e por um momento, tudo o que eu sentia se dissipou, substituído por uma onda de paz.

— Parabéns, Giovanni — Layne disse, sorrindo para ele e se aproximando para ver o bebê de perto. — Ela é linda.

Giovanni levantou os olhos, cansados, mas radiantes, e sorriu para nós.

— Obrigado, Layne, Manuel. — Ele olhou para mim, e pude ver um misto de felicidade e cansaço em seu rosto. — Ela é mesmo um milagre.

Me aproximei lentamente, tentando não incomodar o momento, e olhei para o bebê nos braços de Giovanni. Havia algo tão puro, tão intocado naquela pequena vida, que fez meu coração se apertar com um desejo que eu ainda não tinha nomeado.

— Ela é perfeita — consegui dizer, minha voz baixa. Giovanni assentiu, olhando para a filha com uma expressão de amor absoluto.

Layne, sempre atenta, virou-se para mim e sussurrou:

— Vê? Coisas assim só acontecem quando você se permite viver de verdade, Manuel. Pense nisso.

Eu não disse nada, mas suas palavras se gravaram em minha mente. Fiquei mais um tempo ali, ao lado de Giovanni e Layne, observando aquele momento que parecia suspenso no tempo. E enquanto eu olhava para o bebê, algo dentro de mim começou a mudar. Talvez fosse hora de parar de fugir e enfrentar meus sentimentos, por mais aterrorizante que isso pudesse ser.

Quando finalmente nos despedimos e deixamos Giovanni para descansar, Layne e eu saímos em silêncio pelo corredor. Eu sabia que tinha uma decisão a tomar, e pela primeira vez em muito tempo, não parecia tão impossível.

— Layne — chamei enquanto nos aproximávamos da saída do hospital.

— Sim? — Ela respondeu, virando-se para mim com um sorriso encorajador.

— Obrigado... por tudo — disse, sentindo o peso das palavras e o que elas significavam.

Ela apenas sorriu de volta, como se entendesse perfeitamente o que eu estava tentando dizer, e colocou uma mão reconfortante no meu ombro.

— Vai dar tudo certo, Manuel. Confie em si mesmo.

Com essas palavras, ela se afastou, deixando-me ali, sozinho com meus pensamentos. Enquanto olhava para a noite que se desenrolava do lado de fora, percebi que o momento de agir estava mais perto do que eu imaginava. E dessa vez, eu estava pronto para enfrentar o que quer que viesse.

Meus Príncipes Encantados (MPreg) | Spin-off Do Livro Memórias Do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora