Capitulo Doze

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Manuel Ferrari:

Quando me dei conta, o dia havia passado rapidamente, como um borrão de horas que se misturavam enquanto eu permanecia em casa, perdido em meus próprios pensamentos. E agora, já estava a caminho da casa do Eric, dirigindo pelas estradas familiares que levavam à propriedade da família de Pietro. Era um lugar que conhecia bem, cada curva e cada árvore me trazendo memórias de tempos passados.

Quando a casa surgiu ao longe, senti um leve aperto no peito. Ainda era estranho vir até aqui, especialmente agora, sabendo que Eric estava morando na mesma propriedade. Mas não podia deixar que isso me desviasse do verdadeiro motivo da minha visita: Júlio. Ele sempre foi a luz que iluminava esses caminhos, e hoje não seria diferente.

Assim que estacionei o carro, a porta da frente da casa se abriu com um estrondo, e antes que eu pudesse desligar o motor, Júlio já estava correndo para fora, seus passos rápidos e decididos, como se cada segundo de espera fosse um tormento.

— Tio, que saudades! — exclamou ele, com um sorriso radiante que fez todo o desconforto e a estranheza desaparecerem num instante.

Fiquei surpreso, como sempre, ao notar o quanto Júlio havia crescido. Para uma criança de cinco anos, ele era incrivelmente alto, com uma energia contagiante que parecia maior que ele mesmo. Quando ele finalmente chegou até mim, abaixei-me para pegá-lo no colo, sentindo o peso substancial que ele carregava. Ele estava mais pesado, mais forte — sinais de que estava crescendo rápido, talvez rápido demais para meu gosto.

— Caramba, você está pesado! — brinquei, rindo enquanto o segurava firme. — Vai ter que me contar o segredo dessa força toda!

Júlio soltou uma risadinha, claramente orgulhoso de sua altura e força recém-descobertas. Ele passou os braços ao redor do meu pescoço e me abraçou com força, como se quisesse garantir que eu estava realmente ali, como havia prometido.

— Tio, eu cresci, não é? — ele perguntou, com um brilho de orgulho nos olhos, como se a ideia de crescer fosse a maior aventura do mundo.

— Cresceu sim, e muito! — respondi, segurando-o com um pouco mais de esforço do que da última vez. — Daqui a pouco, vai ser você que vai estar me carregando, do jeito que está indo!

Ele riu novamente, feliz com a ideia, e eu aproveitei o momento para apreciar o quanto ele estava mudando. Havia algo profundamente reconfortante em vê-lo crescer assim, mesmo que cada visita me lembrasse do tempo que passava mais rápido do que eu gostaria.

Enquanto entrávamos na casa, com Júlio ainda agarrado a mim, pensei em como, apesar de todas as complexidades e tensões, esses momentos simples com ele eram o que realmente importava. A casa de Eric, a propriedade de Pietro, tudo isso desaparecia em segundo plano quando eu estava com Júlio, e era nisso que eu queria focar — em aproveitar cada instante ao máximo, porque sabia que ele não duraria para sempre.

Dei os presentes a Júlio, e ele os abriu com a empolgação típica de uma criança, espalhando papéis de presente por toda a sala de estar em questão de segundos. Enquanto ele examinava suas novas roupas e brinquedos, ouvi um som de rodinhas no chão, e quando olhei para trás, vi Eric surgindo na porta, manobrando sua cadeira de rodas com habilidade.

— Bom dia, Manoel, — ele disse, sua voz firme, mas com um toque de cansaço. Antes que eu pudesse responder, uma risada alta ecoou pela sala, e a mãe de Eric, Dona Rosângela, apareceu em meu campo de visão, com um celular pressionado contra a orelha, claramente irritada com a conversa que estava tendo.

— Mark, para de drama e vai fazer alguma coisa com a Bianca! — ela exclamou, a paciência claramente se esgotando. — Não estou com muita paciência para os problemas dos meus filhos hoje.

Meus Príncipes Encantados (MPreg) | Spin-off Do Livro Memórias Do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora