Capítulo Vinte e Um

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Pietro Martins Reed:

Dirigi de volta para o sítio com a mente inquieta, presa em dois pensamentos que não me davam sossego.

O primeiro era: o que eu realmente posso fazer para que o Manoel queira me ver de novo? Desde que as coisas ficaram estranhas entre nós, essa dúvida tem me consumido.

Durante esse tempo, me dei conta de algo importante—eu realmente gosto do Manoel. Mas junto com essa revelação, veio o medo. Medo de me aproximar e ser rejeitado, medo de não saber como lidar com esses sentimentos que parecem maiores do que eu. Afinal, o que eu realmente tenho a oferecer para ele? Esse sentimento que carrego no peito é suficiente? Enquanto essas perguntas ecoavam na minha mente, percebi que, se quisesse reconquistá-lo, teria que encontrar coragem para enfrentar meus próprios medos e inseguranças.

Cheguei ao sítio mais rápido do que esperava, apesar de estar com a cabeça distante. Estacionei o carro e desci para abrir o portão, tomando cuidado para não danificar nada. Com o portão aberto, entrei no carro novamente e segui em direção à casa, onde vi meu pai Miguel sentado na varanda, alisando a grande barriga de sete meses enquanto observava a paisagem.

Parei o carro e comecei a descarregar as compras, me preparando para levá-las até a tia Rosângela na cozinha.

— Oi, pai — cumprimentei com um sorriso. — Está aproveitando a paisagem?

— Sim, hoje resolvi aproveitar essa vista maravilhosa — ele respondeu com um olhar tranquilo. — Quero relaxar um pouco antes que esse aqui chegue ao mundo — acrescentou, apontando para a barriga com carinho. — Segundo a Rosângela, não vou ter mais nenhum momento de paz depois disso.

— Verdade. Os gêmeos deram bastante trabalho quando eram menores — concordei, lembrando de um episódio em particular. — Lembro daquela vez em que eles sujaram toda a cozinha tentando fazer um bolo surpresa para o vovô Dener.

Papai riu, assentindo com a cabeça.

— Naquele dia, quase caí para trás enquanto a Rosângela xingava o mundo inteiro — ele disse, ainda rindo. — Mas tenho a sensação de que esse aqui vai ser um bebê calmo, pelo menos nos primeiros dias. Elsie também era calma e ainda é comportada em relação aos demais.

— Vou levar essas coisas para a cozinha antes que a tia Rosângela venha atrás de mim com alguma coisa na mão — falei, sabendo que, se não fosse rápido, provavelmente acabaria levando uma bronca.

Passei pela sala e vi os gêmeos assistindo a um filme musical. Na tela, os protagonistas estavam cantando um dueto.

— Pietro, você comprou sorvete? — Adele perguntou ao me ver.

— Não, a tia Rosângela e o papai disseram que vocês vão ficar sem doces por um bom tempo — respondi, vendo-a revirar os olhos. — O que vocês aprontaram dessa vez?

— Acabamos assustando o namorado da tia Rosângela quando ele veio nos visitar. Ele tem pavor de aranhas, e como tínhamos uma de brinquedo, jogamos em cima dele — Adele disse, dando de ombros enquanto eu a olhava chocado. — Agora ele tem medo de ficar distraído perto da gente.

Eu não pude deixar de rir um pouco, embora soubesse que a situação não era das melhores. Sabia que a tia Rosângela certamente não tinha ficado feliz com a brincadeira dos gêmeos, e imaginei o quanto o namorado dela devia ter se assustado. Ao mesmo tempo, a travessura dos dois era exatamente o tipo de coisa que eu esperava deles.

Ouvi Giulio rir na sala, e não pude deixar de imaginar o quão travessos meus irmãos serão quando ficarem mais velhos. Com esse pensamento, segui para a cozinha. Ao entrar, vi minha tia Rosângela colocando mais uma forma no forno, enquanto o namorado dela, o senhor Andrea, estava ao lado, ajudando-a.

Meus Príncipes Encantados (MPreg) | Spin-off Do Livro Memórias Do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora