Capítulo Três

716 107 61
                                    

Pietro Martins Reed:

Antes de voltar para casa, decidimos fazer uma parada no Animal's Coffee, o novo estabelecimento de alta gastronomia para amantes de animais que abriu na cidade. Era um lugar único, onde a paixão por comida refinada se encontrava com o amor pelos bichinhos de estimação.

Entrei no café seguido pelos meus amigos, levando Nala até o espaço reservado para os animais. Ali, ela poderia se divertir enquanto nós aproveitávamos a refeição. Quando mencionei esse lugar pela primeira vez, meu pai, Alison, achou que era uma ideia maluca combinar alta gastronomia com animais peludos, imaginando que eles espalhariam pelos por toda a comida e bebida. Mas, desde que começamos a frequentar o local, há quatro semanas, ficou claro que ele estava enganado. O café estava sempre lotado, com todas as reservas preenchidas e repleto de turistas barulhentos que adoravam a forma como os pequenos animais se aconchegavam a eles enquanto tomavam chá em xícaras de porcelana fina e faziam lanches, com seus paus de selfie em mãos.

Layne e Hugo escolheram uma mesa do lado de fora, para ficarmos de olho em nossos animais, que rapidamente começaram a fazer novos amigos.

— Que fofinhos — comentou Layne, observando Gide tentar brincar com um cachorro grande.

— E olha o Nilu, pulando em cada animal que vê pela frente, sem se importar com nada. — Hugo sorriu, orgulhoso. — Que orgulho da minha garota.

Observei Nala, que parecia estar no auge da felicidade, brincando com todos os animais que encontrava, até mesmo com os filhotes.

— Gostariam de fazer o pedido agora? — perguntou uma garçonete, surgindo ao nosso lado.

— Sim, vou querer um lanche natural de picles e um suco de laranja — respondeu Layne.

— Para mim, um pedaço daquele bolo de casca de banana e um pouco de chá, por favor — disse Hugo.

Peguei o cardápio e decidi experimentar algo diferente do habitual.

— O que é esse Bolo do Desejo? — perguntei, intrigado.

— Bem, o chef o chama de Bolo do Desejo porque dizem que quem o come pode fazer um pedido que se realizará — explicou a garçonete, com um tom de descrença, como se a ideia fosse absurda. — Mas, na verdade, é apenas um bolo comum, com cobertura rosa e muitos confeitos.

Refleti por um momento e, decidido a experimentar algo novo, pedi:

— Vou querer um pedaço. — E acrescentei: — E um copo de leite, por favor.

A garçonete anotou tudo e se afastou.

— Nome estranho para um bolo! — Hugo comentou, com um leve tom de ceticismo. — Desejos não existem, e, se existissem, certamente não seria um bolo que os realizaria.

— Hugo, para de reclamar das crenças alheias — retrucou Layne, dando um leve soco no braço dele. — Mas, falando sério, quem acreditaria que um pedaço de bolo poderia realizar desejos?

— Alguém romântico e desesperado para encontrar alguém — respondi, sorrindo. Ambos reviraram os olhos, mas eu sabia que havia um fundo de verdade naquilo. — É sempre assim. Sempre queremos um desejo para trazer o que não podemos ter.

O comentário trouxe um breve silêncio entre nós, até que a comida chegou. Comemos em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. No fundo, mesmo que apenas por curiosidade ou esperança, acabei fazendo um desejo enquanto saboreava o bolo. Afinal, por que não? Às vezes, é o simples ato de desejar que nos mantém acreditando no impossível.

******************

Quando cheguei em casa, notei uma figura solitária na varanda. À medida que me aproximei, reconheci Trevor. Desci do carro e soltei Nala, que imediatamente começou a farejar o ar ao redor dele, soltando um rosnado baixo e desconfiado.

Meus Príncipes Encantados (MPreg) | Spin-off Do Livro Memórias Do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora