C10

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Bianca

"Eu transei com a Rafa, caralho eu transei com a Rafa" era a única coisa que minha cabeça repetia enquanto eu voltava para casa.

Foda-se que ela beijou a Iris, pelo menos foi no meio das minhas pernas que a cabeça dela estava.

Na verdade, eu poderia estrangular a Iris, mas não foi com a Bianca que a Rafaella transou, foi com a Sereia.

Entrei pela janela e me joguei na cama, apenas pensando que um dia eu disse que não gostava de garotas.

Fiquei me lembrando de cada coisa que eu senti enquanto Rafaella me tocava, sim eu queria muito mais, não era como transar com um garoto, era muito melhor.

Em meio aos meus pensamentos acabei dormindo sem me preocupar com o trabalho no outro dia, pois era minha folga.

[…]

Acordei bem tarde, levantei com muita calma, tomei um banho, escovei os dentes e desci pra tomar café na maior calma do mundo.

Eu amava estar de folga, preparei um caneca de café e me sentei na mesa.

Eu até estranhei estar tudo silencioso, normalmente esse horário minha mãe estaria enchendo meu saco ou então enchendo o saco do Dan.

Iris sempre foi a "preferida" pelos meus pais, pra meu pai ela era a rainha e pra minha mãe a princesa.

Eu não tive uma infância que eu poderia chamar de boa, na verdade minha infância não foi a melhor.

Com 6 anos de idade eu precisei de um transplante de medula óssea depois de ter "caído" da escada e machucado a coluna.

Na verdade minha mãe praticamente me empurrou da escada porque eu não quis emprestar uma boneca para Iris.

Meus pais não se importaram muito com o fato de eu poder ficar paraplégica se não tivesse um transplante, tanto que recebi o transplante de alguém anônimo.

Quando eu me recuperei de tudo aquilo, minha mãe me tratava como um lixo, ela me abusava psicologicamente e me batia frequentemente.

Meu pai... Bom, ele saía todo sábado e chegava bêbado em casa, brigava com minha mãe e batia em mim, mas com a Iris ele era um anjo.

Na minha adolescência, tive depressão por conta dos abusos psicológicos de minha mãe e comecei a me cortar e abusar de antidepressivos.

Quando fiz 15 anos e comecei a desenvolver mais corpo e chamar a atenção dos garotos, meu pai me assediava e tentou abusar de mim, várias e várias vezes. (n/a: 😭😭)

Quando ele morreu, eu não derramei uma lágrima no velório dele, além do mais eu queria que ele fosse pro inferno e caísse no colo do capeta.

Pouco tempo depois minha mãe conheceu o pai do Daniel e casou com ele, Dan que me ajudou a superar muita coisa que passei.

Quando Iris foi estudar no Japão, minha mãe me obrigou a trabalhar na cafeteria, no começo ela me fazia ir sozinha depois Dan começou a me ajudar.

Nesse ponto já deu para perceber que nunca foi nada fácil pra mim, desde pequena.

Como era meu dia de folga, fui ao único lugar que me fazia esquecer de todos os meus problemas.

Peguei um táxi e fiquei olhando pela janela, vendo a paisagem passar rápido enquanto o táxi ia pelas ruas de Portland.

Cheguei ao meu destino, paguei o táxi e então entrei em um estabelecimento não muito grande, nem muito pequeno e peguei o elevador indo até o terceiro andar.

Caminhei pelos corredores até chegar em uma das salas, por sinal a maior delas, e entrei na mesma.

- Senhorita Andrade!! - Ouvi o grito de animação vindo até mim e pulando em meu colo em seguida.

Eu estava em um hospital, visitando a ala das crianças com problemas do tipo câncer, todos os dias que eu estava de folga eu visitava as crianças e confesso que era a melhor coisa do mundo ver um sorriso no rosto de cada uma delas.

- Nossa Peter, você cresceu demais em apenas uma semana - Peter tinha 7 anos e estava lutando contra um câncer no sistema linfático.

- Eu tenho comido bastante mato no almoço - Peter disse abrindo um sorriso.

- Mato? - Perguntei rindo.

- Muitas verduras Senhorita Andrade - Ele riu também.

- Sabe que odeio quando me chama assim, pra você é só Bianca - Coloquei ele no chão e fui ver as outras crianças.

Todas ficavam muito felizes ao me ver, e eu me sentia mais feliz ainda, eram crianças inocentes que não se preocupavam com o fato de estarem com uma doença terminal.

- Bianca - Uma das enfermeiras veio até mim sorrindo e me abraçou - Essas crianças estavam loucas porque queriam te ver.

- Tia Bia, canta pra gente aquela música, vai tia Bia. - Uma garotinha pequena puxava meu braço com um enorme sorriso.

Me sentei no chão junto as crianças e comecei a cantar para elas, ver todas tão felizes me trazia uma paz sem medidas.

Quando terminei de cantar, notei que uma das crianças não estava presente.

- Onde está a Karen? - Perguntei a uma das enfermeiras.

- A Karen virou anjo - Hanna a garotinha que estava em meu colo sussurrou para mim e fez sinal de "shhh" para as outras crianças não ouvirem.

Notei que os olhos da enfermeira se enchiam de água fazendo os meus também encherem.

- Sinto muito - sussurrei para a enfermeira - Quando foi?

- Hoje pela manhã - Ela respondeu - Os pais dela ainda não conseguiram se despedir.

Deixei as crianças um pouco sozinhas e fui até a família de Karen, mas parei no caminho quando notei que se tratava dos Matthaus.

🧜🏼‍♀️

MERMAIDOnde histórias criam vida. Descubra agora