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Bianca

- Você deveria aprender a trancar a porta e... Por que você tá só de toalha?

- Você que deveria aprender a bater na porta Marcela! - Falei tentando não rir ao ver Rafaella escondida atrás da porta da geladeira aberta.

- Eu vim deixar isso pra você, é uma lasanha que minha mãe fez - Ela começou a se aproximar.

- Obrigada Ma - Peguei a lasanha antes que ela pudesse chegar até mim.

- Você precisa de alguma coisa? Você acabou de sair do hospital eu fiquei preocupada - Marcela disse.

- Na verdade, você pode ir até a farmácia da esquina e pegar esses remédios pra mim, é que eu ainda estou sem roupas, acabei de sair do banho - Falei entregando uma receita médica a ela, rindo (de nervoso).

- Claro sem problemas, já volto - Ma saiu.

Assim que ela saiu do apartamento, tranquei a porta e logo Rafaella apareceu abotoando a calça.

- Eu te disse pra aprender a trancar a porta - A loira disse se aproximando.

- Cala boca! - Falei rindo e fui até meu quarto.

- Você vai vestir isso? - Ela disse levantando minha calcinha de renda branca - É sexy.

- Você é uma pervertida! - Puxei minha calcinha de volta.

- Eu pervertida? Era você quem estava com a cara no meio da minhas pernas a uns 10 minutos atrás.

- Aquilo foi por impulso!

- Que tipo de pessoa faz isso por impulso?

- Eu não sei Rafaella, agora saí daqui que eu vou vestir minha roupa!

- Eu adoraria ficar aqui!

- Você é muito irritante - Empurrei Rafaella para fora do quarto e fechei a porta.

Eu poderia dizer que já estava tudo muito bem entre nós duas, mesmo ela sendo uma pervertida irritante, eu gostava da companhia dela, gostava de estar com ela.

Vesti uma camiseta larga e um short jeans e logo que abri a porta vi Rafaella mexendo em algumas caixas que eu ainda não tinha desempacotado.

- Bianca, você tem um vibrador vermelho? - Ela falou mexendo em uma das caixas.

- Você além de irritante, mexe nas minhas coisas? - Puxei a caixa e fechei a mesma.

- Já pensou que você se masturba com uma réplica do pau do Diabo?

- E como você sabe que o pau do Diabo é vermelho?

O telefone tocou, e eu fui até o mesmo e atendi, era Marcela dizendo que foi chamada na agência urgente e não ia poder levar os remédios, então viria mais tarde.

[…]

Já era final da tarde, depois que Rafaella parou de mexer em minhas coisas e foi para cozinha, dizendo que ia preparar alguma coisa pra eu comer.

Rafaella

Na minha família, toda mulher deveria aprender a fazer Leberkäse, uma comida típica da Alemanha (eu morava no Brasil, mas muitos dos meus familiares são Alemães).

Os Kalimann levavam essas coisas de família muito a sério, é o típico "Mexeu com um, mexeu com todos".

Comecei a preparar a tal comida que toda mulher Kalimann deveria saber fazer, Bianca parou atrás de mim e ficou me olhando cozinhar.

O prato é uma espécie de bolo de carne assado e servido em fatias, que leva em sua receita carne bovina e de porco, bacon e cebola, alguns jeitos mais comuns de servi-lo são com pão e um ovo frito em cima, e acompanhado de batata, seja frita ou uma salada.

Depois de pronto coloquei tudo em cima da mesa e me sentei, logo Bianca se sentou em minha frente.

- Se isso for ruim, eu te dou um soco - Ela falou e comeu.

Por sinal, Bianca adorou a comida, aliás quem resiste a um prato preparado por uma Kalimann?!

Após comermos ajudei ela a lavar a louça, uma hora ela ficava com raiva por eu jogar água do chão sem querer, outra hora estava rindo de algo que eu falei.

Descobri que na verdade ela era bem bipolar, por fora fria, por dentro profunda com um oceano, que eu estava disposta a mergulhar.

- O que aconteceu com seu pai? Eu vi uma foto sua com ele nas suas coisas - Perguntei como quem não queria nada.

- Ele morreu a alguns anos - Ela suspirou e olhou pra mim.

- Sinto muito... - Abaixei minha cabeça e fiquei olhando para meus pés.

- Não sinta, ele mereceu! - Bianca disse largando o pano de prato que estava em suas mãos e foi para sala.

Talvez eu estivesse sendo indecente, mas se eu queria conhecer de verdade aquela garota, eu precisava ir fundo.

- Ele te travava mal? - Me sentei no sofá da sala ao lado dela.

- Ele era o próprio capeta, principalmente comigo, um dia por eu quebrar um toca discos empoeirado, ele tentou me enforcar - Notei ela ficar tensa.

- Eu não queria te lembrar disso, Bi. Me desculpa - Passei meu braço ao redor do ombro dela e a puxei para perto.

Por algum motivo ela encostou a cabeça em meu peito e me abraçou forte, eu a aconcheguei perto de mim.

- Eu não queria te deixar mal... - Falei acariciando os cabelos dela.

- Tá tudo bem, você me faz esquecer disso - Ela me olhou e abriu um sorriso sincero.

Ver aquele sorriso aqueceu meu coração, fomos nos aproximando casa vez mais e logo a distância entre nós foi cortada por um beijo.

Um beijo lento e calmo, sem qualquer malícia, era apenas um beijo sincero, que eu interpretei como um "Estou aqui com você".

🧜🏼‍♀️

MERMAIDOnde histórias criam vida. Descubra agora