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Bianca

Fui até os Matthaus com o coração apertado, Karen era uma menina tão doce que eu daria tudo para que ela não tivesse ido.

- Sra Matthaus - Toquei em seu ombro - Sinto muito pela Karen.

- Bianca Andrade - Ela se virou e me deu um abraço forte - Ela falou tanto de você antes de... - Ela apenas me apertou mais uma vez e chorou.

Karen era órfã, foi deixada no orfanato com apenas 2 meses de idade depois de seus pais biológicos descobrirem que ela tinha uma doença no coração, e a família Matthaus iria adota-la.

O Sr e a Sra Matthaus foram conversar com os médicos e logo senti Rodolffo vir até mim com os olhos marejados.

- Ela fiz isso pra você - Ele me entregou uma folha de papel que quando abri era um desenho que ela fez pra mim - Não imaginei que uma garota tão fria tinha um coração tão mole.

- Estudamos juntos, mas tem muitas coisas que você não sabe sobre mim Rodolffo - Olhei para o desenho e sorri fraco, depois guardei o mesmo - Você tá bem?

- Eu só quero sair desse hospital, me causa arrepios.

- Vamos lá pra fora - Puxei ele para fora do hospital, não queria ficar ali também.

Entramos na lanchonete que ficava no outro lado da rua, enquanto Rodolffo me contava que se sentia solitário depois que Maya foi para as Filipinas e estava animado com a adoção da Karen.

Ele era um playboyzinho mimado e rico, mas no fundo era só um garoto solitário sem amigos de verdade.

- Sabe Bianca - Ele disse enquanto brincava com o café em sua caneca - Eu sempre achei que você não tivesse um coração mole, mas eu vi você com as crianças e notei que eu realmente estava errado.

- As pessoas me julgam antes de me conhecer, mas eu tô acostumada com isso.

Me acostumei a suportar o que as pessoas falam pra não me machucar mais do que já me machucaram.

[…]

Depois de passar mais algumas horas no hospital com as crianças, voltei para casa e como de costume minha mãe já estava reclamando.

Por sorte eu iria dormir na casa da Marcela, e não iria precisar aguentar todo aquele inferno.

Marcela chegou por volta das 19:00 hrs, entrei no carro dela e então fomos até a parte mais luxuosa de Portland.

A casa de Marcela era enorme, por fora era pintada em tons de branco e tinha um jardim com aquelas árvores que são cortadas bem redondinhas.

O hall de entrada era todo decorado em tons de branco e marrom, com uma decoração luxuosa, porém rústica.

- As meninas estão todas na sala - Ma disse me fazendo lembrar que era uma festa do pijama.

- Ai Meu Deus! Marcela você convidou a Rafaella?! - Perguntei assustada.

- Isso te assusta? - A garota lançou um sorriso safado.

- Sim! - Respondi cruzando os braços.

- Para com isso, Bia. - Ela descruzou meus braços - É a chance de você se aproximar da sua crush - Sussurrou e em seguida piscou pra mim indo para a sala.

Entrei logo atrás dela, Rafaella e eu trocamos olhares e logo me lembrei de tudo que aconteceu na noite passada, "Mas não foi com você Bianca, foi com a Sereia" Sussurrou a voz na minha cabeça.

Tinha cerca de 7 garotas incluindo eu e a Ma, até que uma abençoada por Deus teve a belíssima ideia de jogar verdade ou desafio, eu sinceramente odeio esse jogo.

Tudo começou normal, desafios leves e fazendo as meninas falarem verdades ocultas, até cair Rafaella e Marcela.

- Rafa, verdade ou desafio? - Ma perguntou.

- Desafio - Rafaella respondeu.

"Puta que pariu, caralho, porra Rafaella lançou desafio justo pra Marcela" Era a única coisa que minha cabeça conseguia pensar.

- 7 minutos no paraíso com... - Ma deu uma olhada pela sala analisando todas as garotas mesmo sabendo qual seria a escolha dela - Bianca.

Rafaella me olhou e eu olhei para ela, não tínhamos reação, apenas conseguíamos ficar nos olhando, até tomarmos coragem e entrar no closet, seriam os piores (ou talvez melhores) 7 minutos da minha vida.

- Bianca? - Rafaella quebrou o silêncio.

- O que? - Respondi.

- Você tem alguma coisa contra mim? Por que você é tão babaca comigo?

- Eu não tenho nada contra você, esse é apenas o meu jeito de lidar com as pessoas.

- Você tem uma queda por mim? - Ela sussurrou e se aproximou de mim.

- O que te levou a pensar isso?

- Tem ou não?

- Não!

- Então... Então por que você não saí da minha cabeça? - Ela sussurrou outra vez colando seu corpo ao meu.

Fiquei em silêncio apenas sentindo a respiração quente bater em meu rosto, a única coisa que eu queria era beijar ela até perder o fôlego.

- Porque você não saí da porra da minha cabeça, Bianca!?

Não respondi nada, apenas tomei coragem o suficiente para puxar ela pela gola da blusa e beija-la.

Dessa vez era a Bianca que estava beijando ela, e não a Sereia.

🧜🏼‍♀️

MERMAIDOnde histórias criam vida. Descubra agora