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Meses Depois

Rafaella

- Estou orgulhosa com o seu progresso Rafaella, em pouco tempo você vai estar andando normalmente como antes - Minha fisioterapeuta disse me ajudando a ficar em pé.

- Também estou orgulhosa de mim mesma - Me apoiei na muleta - Agradeça a Bianca por ter me incentivado a não desistir.

- Bianca é uma menina muito boa, estou feliz pelo relacionamento de vocês, aliás onde ela está?

- Com as crianças - Respondi enquanto ela terminava de passar alguns remédios que eu tinha que tomar.

Saí da ala de fisioterapia e caminhei pelos corredores do hospital em direção a ala das crianças onde Bianca estava.

Estávamos já a 7 meses juntas, e foi graças a ela que eu não desisti de mim mesma. Ela me ajudou com os exercícios de fisioterapia,  e ainda ouço ela cantando a música dos indiozinhos enquanto me ajudava a tentar caminhar.

Ou quando ela passava horas fazendo massagem no meu pé pra ver se eu sentia alguma coisa. Bianca não desistiu de mim em nenhum momento, mesmo com todo trabalho que eu dei. Eu me sentia segura com ela, ela me dá todas as razões para apenas lutar contra meus demônios.

Quando cheguei perto da sala ouvi ela cantando, mas o que ela estava cantando me chamou atenção"This City do Sam Fisher"

Eu já tinha ouvido alguém cantar essa música, a meses atrás, uma moça misteriosa, que eu chamava de Sereia.

Assim que entrei no quarto vi ela de costas cantando para as crianças, senti um nó na garganta e meu estômago embrulhou, parece que a Sereia estava em minha frente, como na primeira noite que conversamos.

Assim que ela terminou de cantar se virou para mim e sorriu, um sorriso lindo, como eu amava aquele sorriso. As crianças se despediram dela com beijos e abraços e então ela veio até mim e eu enganchei no braço dela.

Ela não estava feliz como sempre, ela estava meio pra baixo e de cabeça baixa.

- Ei amor, o que foi? - Perguntei enquanto caminhavámos devagar até a saída.

- Peter está curado do câncer - Ela respondeu olhando pra baixo.

- Isso não é bom?

- É ótimo Rafa, mas ele não pode ficar mais no hospital e vão transferir ele para um orfanato, ele é um menino tão bom, se ele for para um orfanato... Os orfanatos daqui são horríveis, tratam as crianças piores que cachorros.

- Ele é uma criança incrível, vai achar pais que cuidem dele com amor e carinho - Falei entrando no nosso carro.

- Ninguém quer adotar uma criança com Transtorno de Borderline - Ela suspirou e começou a dirigir.

Notei os olhos dela marejarem, eu sabia o quanto Bianca amava aquele menino e tinha carinho por ele, eu faria qualquer coisa para ver ela feliz

Paramos em um lugar para comprar nosso almoço, como de costume nas quartas, compravamos Subway.

Ela parou em frente a loja e desceu, perguntou se eu queria ir junto, mas achei melhor ficar no carro, ela foi e eu liguei o rádio.

Estava passando mais e mais notícias de que houve uma rebelião em um presídio e vários presos conseguiram fugir.

Enquanto ouvia a notícia, alguém entrou no carro, olhei para o lado sorrindo achando que era Bianca com meu lanche, mas não era.

- Quem é você? Saí do meu carro seu louco! - Falei empurrando o homem estranho que entrou no carro.

- Desculpa princesa, mas eu não vou voltar para o inferno - Ele virou a chave que Bianca deixou na ignição e deu ré.

- Inferno? Para esse carro agora e some daqui! SOCORRO! - Comecei a gritar, mas o homem não se importou e continuou dirigindo como um louco fugindo da polícia.

ELE REALMENTE ESTAVA FUGINDO DA POLÍCIA. Olhei e ele estava vestido com um uniforme de presídio, meu coração acelerou e eu comecei a gritar mais alto pedindo socorro.

Ele começou a dirigir em direção a um galpão, uma parte de Portland que eu não conhecia. Ele arrebentou as portas do galpão com o carro, parou e desceu.

Ele abriu a porta e praticamente me arrastou para fora do carro, minhas pernas amoleceram por conta do meu nervosismo e  ele me colocou dentro de um guarda roupa menor do que a minha geladeira e trancou por fora.

Eu não conseguia lidar com espaços pequenos, eu sou claustrofóbica, então comecei a socar a porta, mas era inútil, gritei o mais alto que pude e ainda era inútil.

- Ele mandou eu dizer que você vai pagar pelo que fez - O homem falou do outro lado da porta.

- Ele quem? - Perguntei ainda socando a porta.

- Jonas... - Ele gritou e eu ouvi os passos se afastando.

Comecei a gritar mais alto e socar a porta, mas nada adiantava, comecei a ficar sem ar... Estava ficando tudo preto.

Eu não conseguia mais respirar...

🧜🏼‍♀️

MERMAIDOnde histórias criam vida. Descubra agora