MERMAID

C37

5/10

Bianca

Acabou... Jonas está morto!

Aquela noite no hospital estava gravada na minha mente, eu nunca imaginei que uma arma seria apontada pra minha cabeça.

Enquanto a polícia tirava o corpo do filho da puta de dentro do hospital, Dan e Iris estavam comigo enquanto Rafaella estava com seus pais. Sobre Iris, passamos de irmãs que não tinham uma boa relação pra irmãs que são melhores amigas.

Ainda era de madrugada por volta de 4:30 da manhã, depois que toda aquela confusão de polícia, armas e crime, finalmente podíamos ir pra casa.

- Qualquer coisa ligue. - Genilda falava para Rafaella e em seguida me olhou - Cuide da minha pequena, Bianca.

- Pode deixar Sra Kalimann - Eu respondi.

Os pais da Rafa foram embora, Daniel e Iris se despediram de mim e também foram, logo era apenas eu e Rafaella outra vez.

Estava quase amanhecendo, eu sabia que Rafaella gostava de ver o sol nascer, então levei ela até a cobertura de nosso prédio e ficamos lá esperando o amanhecer.

- Quase que não pudemos fazer isso - Ela segurou minha mão e deitou a cabeça em meu ombro.

- Agora está tudo bem, nada mais vai preocupar a gente - Respondi e beijei o topo de sua cabeça.

- Então eu estava certa - Ela me olhou - Você é a Sereia.

- Se eu morresse, eu tinha que morrer sabendo que você sabia a verdade.

- Então era você esse tempo todo. Deve ser por isso que eu era tão encantada por ela.

- Espera, você não tá brava?

- Não - Ela riu - Por que eu estaria? Pelo menos eu sei que me encantei pelo amor da minha vida.

Sorrimos e então Rafaella me beijou, os lábios macios colados aos meus, as mãos um pouco geladas tocando as minhas enquanto os primeiros raios do sol iluminavam as ruas de Portland.

Ficamos um tempo vendo aquela imagem maravilhosa do sol nascendo e então voltamos para nosso apartamento.

Quando entramos já eram 6:40 da manhã, preparei um café e então tomei com a Rafaella, parecia que tudo finalmente estava em paz.

Estávamos jogando conversa fora quando ouvimos alguém bater na porta.

Me levantei e abri, logo vi Gizelly lá, com as mãos no bolso do terninho, me perguntei se ela sempre andava com um.

- Bia, eu encontrei ela - Gizelly falou.

- Você... - Eu não conseguia formular as palavras e um grande sorriso surgiu no meu rosto.

Gizelly disse que elas estavam em uma lanchonete por perto, eu apenas troquei de roupa e esperei Rafaella trocar também, entramos no carro da minha irmã e fomos em direção a tal lanchonete.

Assim que chegamos Gizelly desceu com um sorriso contagiante nos lábios, eu desci segurando a mão de Rafaella enquanto a outra mão dela se apoiava na muleta e então entramos.

Olhei ao redor e então vi sentada em uma mesa afastada, uma mulher de cabelos castanhos meio ruivo, um casaco rosé sobre os ombros tomando uma xícara de café.

Nos aproximamos e quando a mulher notou nossa presença abriu um sorriso largo e nos olhou com olhos marejados.

- Gizelly? - Ela perguntou e minha irmã assentiu com a cabeça - Bianca? - Ela perguntou novamente e dessa vez eu assenti com a cabeça - Eu sou a Carolina, é um prazer encontrar vocês irmãzinhas.

Nós três nos abraçamos e começamos a chorar, depois de tantos anos separadas sem uma saber da existência da outra, nos encontramos.

E no final, a história boba de criança que minha vó contava, não era só uma história, era real. As três irmãs que foram separadas muito pequenas, realmente se encontraram.

- Eu nem acredito que nós finalmente nos encontramos, eu tô em choque com isso ainda - Carolina falava sem tirar o sorriso do rosto.

- E eu achando que a história das três irmãs era tudo mentira - Gizelly falou.

Eu também estava em choque, eu não conseguia acreditar que eu estava sentada ao lado da minha namorada e de frente para minhas duas irmãs de sangue que eu nem sabia que existiam.

Carolina Ji Andrade morava na Tailândia, era fluente em inglês, coreano, tailandês e mandarim, também era formada em psicologia especializada em transtornos mentais, deu pra perceber que eu fui a única irmã fracassada da família.

Conversamos por muito tempo, Rafaella amou as garotas, percebi que eu e minhas irmãs tínhamos gostos muito parecidos o que era incrível, sem falar que éramos muito parecidas fisicamente.

Rafaella

Eu estava tão feliz por Bianca ter se encontrado com as irmãs delas, ver ela sorrindo me fazia sorrir.

Enquanto elas conversavam, vi uma moça entrar, era a mãe da Marcela, aquela amiga da Bianca. Ela pediu para falar comigo, apenas pedi licença para as garotas e fui.

- Rafaella, é isso? - Ela perguntou.

- Sim Sra McGowan, a senhora queria conversar comigo? - Perguntei.

- Claro, Bianca mostrou alguns desenhos seus para a Marcela e ela me mostrou, notei que você tem muito talento com esse tipo de coisa.

- Muito obrigada Sra.

- Por isso queria te chamar para fazer parte da minha equipe, estamos com uma vaga de estilista aberta na agência, você está interessada? Sei que você não tem formação com isso, mas posso treinar você.

Eu trabalhando em uma agência de modelos como estilista? Só poderia ser sonho, até belisquei o braço para ver se era sonho, mas não era.

Olhei para Bianca e ela assentiu a cabeça que significava "Vai que é tua", olhei para a Sra McGowan e então abri um leve sorriso.

- Eu aceito.

🧜🏼‍♀️