ATO 2 - CENA 1

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ATO II
CENA I

Século XVII.
Pádua.
Quarto na casa de Batista.
(Entra Lucêncio, segurando um livro na mão, seguido por Hortênsio, disfarçado de professor. Lucêncio senta na cama.)

Hortênsio: Já te falei! Desista! Bianca já me conhece e sabe o quanto eu a amo!

Lucêncio: Mas ela não ama pessoas orgulhosas! (Entra Bianca sem que Hortênsio veja. Lucêncio recita uma poesia.) "Duvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor. Duvida até da verdade, mas confia em meu amor".

Hortênsio: Você acha que Bianca gosta dessas poesias ridículas?!

Bianca: (Se aproxima.) Por que eu não iria gostar?

Hortênsio: (Se volta para ela.) Bom, é que... a matemática é apreciada por muitos!

Bianca: Posso ser sincera? Eu odeio matemática. Prefiro as poesias. São tão lindas! Catarina é que gosta de matemática. É até engraçado ver como ela se dedica. O professor pergunta: "Qual é a raiz quadrada de nove?" (Senta na cama, ao lado de Lucêncio.) Aí ela diz: "É cinco".

Lucêncio: (Surpreso.) Cinco?

Bianca: Sim, aí o professor diz: "Não é cinco, é três". Mas depois ela fala: "É cinco, porque se eu te bater nove vezes, vão aparecer cinco estrelas na sua cabeça! Você quer ver?!" (Lucêncio começa a rir.)

Bianca: (Com sorriso no rosto.) Não é engraçado, Lício?

Hortênsio: Eu não entendi. (Lucêncio e Bianca continuam rindo.)

Lucêncio: Essa foi boa. (Abre o livro.) Então, tenho aqui várias poesias: de sofrimento, tristeza, amor... (Bianca o interrompe.)

Bianca: Amor! São tão românticas!

Hortênsio: Espera aí! E como eu fico?

Bianca: Você pode ir procurando alguma coisa aí no livro que não seja tão chata. Eu não sei o porquê inventaram a matemática. É tão complicada.

Lucêncio: Se quiser eu posso te ensinar essa poesia aqui.

Bianca: Ah, essa eu conheço, é tão linda!

Lucêncio: Não é tão linda quanto você.

Bianca: Ah, obrigada! (Começam a ler juntos.)

Hortênsio: Eu mereço mesmo.

Bianca: Espera, vamos lá fora?

Lucêncio: Vamos! (Saem Bianca e Lucêncio.)

Hortênsio: Se eu soubesse que ela não gostava de matemática... (Sai Hortênsio.)

A Megera Domada (Shakespeare)Onde histórias criam vida. Descubra agora