ATO 2 - CENA 2

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ATO I
CENA I

Século XVII.
Pádua.
Dentro de uma igreja da cidade.
(Estão no altar da igreja: Catarina, Bianca, Batista, Grêmio, Trânio vestido como Lucêncio, Lucêncio vestido como professor e o padre. Catarina anda de um lado para o outro.)

Batista: Hoje é o dia do casamento de Catarina e nada do meu genro aparecer. (A Lucêncio.) O que diz você Câmbio diante dessa vergonha?

Catarina: A vergonha é toda minha. Obrigada papai por conceder a minha mão a um maluco estúpido, que deve marcar casamento com várias mulheres e depois rejeitá-las antes da cerimônia.

Trânio: Paciência gente. Petrúquio apesar das brincadeiras, é um homem muito sério.

Catarina: Ah, se eu não tivesse visto nunca! (Sai chorando, Bianca vai atrás dela.)

Batista: Vai filha. Não posso impedi-la de chorar. (Entra Hortênsio.)

Hortênsio: Tenho novidades. Estranhas novidades.

Batista: Como assim?

Grêmio: Petrúquio chegou?

Hortênsio: Está lá fora. E com um visual horrível. Nem vou contar. Verão com os próprios olhos. (Entra Petrúquio e Grúmio vem logo atrás.)

Batista: (Percebendo o vestuário de Petrúquio.) Mas o que é isso?

Grêmio: É assim que você pretende se casar, Petrúquio? Com a calça toda rasgada, olha, a bota de pedreiro, o terno curto e feio, a gravata toda manchada e com cara de bêbado?

Trânio: Virou estilista agora, Grêmio?

Batista: (Bravo.) O que tem a dizer em sua defesa?

Petrúquio: Só tenho uma coisa a dizer: Catarina irá se casar comigo e não com minhas roupas. Onde está minha noiva encantadora?

Batista: Sua noiva saiu chorando. Você sabia que quem deve atrasar é a noiva e não o noivo? Mas isso não importa. Vou falar com o padre e cancelar esse casamento agora mesmo!

Petrúquio: (Grita.) Não! (Batista o encara.) Quer dizer, não vamos nos precipitar, sogrão. Além do mais, isso já estava planejado.

Lucêncio: Planejado?

Petrúquio: Mas é claro! Catarina pediu para que eu demorasse mais porque ela precisava de mais tempo. Vocês sabem que uma mulher adora ficar bonita! (Entram Catarina e Bianca.) Eu não falei? Minha Cata está linda!

Catarina: Vamos acabar logo com isso! Anda! Que comece logo essa cerimônia! (Catarina puxa Batista para a entrada da igreja. Música. Todos se colocam em seus lugares e Batista acompanha Catarina ao altar. Catarina demora e ameaça deixar a igreja, o que faz Petrúquio ir até ela e puxá-la para o altar. Silêncio.)

Padre: Estamos aqui presentes para celebrar a união... (Catarina o interrompe.)

Catarina: Pode ir direto para a parte do aceito? Não quero que isso dure mais que o necessário.

Petrúquio: (Petrúquio sorri.) Cata, você leu meus pensamentos.

Catarina: Mas é claro, isso te convém.

Petrúquio: Por favor, continue.

Padre: Petrúquio, você aceita Catarina como sua esposa? (Petrúquio começa a tossir e Catarina bate em suas costas. Todos os convidados dizem que sim.)

Padre: E você, Catarina? Aceita Petrúquio, cavalheiro de Verona, como seu marido? (Catarina retira o véu de sua cabeça. Todos ficam ansiosos. Ela se prepara para dizer não, só que Petrúquio a beija. Todos comemoram.)

Padre: (Rapidamente.) E eu vos declaro marido e mulher! (Sai o padre.)

Catarina: (Passando a mão na boca.) Huh! Que nojo! Você nunca ouviu falar em spray pro mau hálito, não? Ou em bala de menta?

Petrúquio: Agora vem a melhor parte!

Catarina: Ai meu Deus! Acho que eu vou desmaiar!

Petrúquio: Ótimo, assim fica até melhor pra eu te carregar no colo!

Catarina: Quê?! Você não está achando que... (Petrúquio pega Catarina no colo.) Ah, seu louco! (Saem os noivos e todos vão logo atrás.)

A Megera Domada (Shakespeare)Onde histórias criam vida. Descubra agora