Levi não consegue entender direito como chegou até aqui. Ele olha para todos os cantos, paredes brancas, uniformes azuis, pessoas enfermas, sons desconhecidos, ele odeia isso, nunca se imaginou estar nesse local tão cedo ou do nada. É aterrorizante, Levi nem se quer pode pedir por informações, não é da família ou alguém próximo – não mais – na verdade, ele nem sabe o que esperar sentado nessa sala vazia e pouco reconfortante, talvez possa escutar notícias pelo ar, uma ideia completamente tola, porém ele precisa se agarrar a algo, precisa tanto.
Ele quer ficar. Quer ficar até que Erwin desperte, até ouvir sua voz e saber que vai se recuperar, mesmo que ainda signifique não estarem juntos. Levi não liga para esse detalhe, não agora. Ele só precisa que seu loiro acorde e fique estável, que se reabilite e possa ser o mesmo de antes. Ele quer ficar e tocar seu rosto, segurar sua mão e sussurrar no seu ouvido que tudo ficará bem. Ele quer ficar. Mas ele não pode ficar. Talvez ele nem deva. Então ele deixa as flores – rosas brancas - com uma enfermeira e pede para colocar no quarto de Erwin, avisando que é de um amigo, tentando ao máximo parecer isso, para que a mulher acredite e realize seu pedido. A enfermeira sorri gentilmente e diz para ele não se preocupar, no entanto, não o atualiza de nada, não diz nada. Levi supõe que ela não pode falar. Ele quer ficar. Mas ele não pode ficar.
Levi sai do hospital, o sol de fim de tarde bate em seu rosto, lá dentro também estava claro, só que de uma forma ruim, quase tensa e doente. Ele se sente doente, sua cabeça roda e ainda é difícil de acreditar no que aconteceu. Levi quase achou graça quando Ymir foi ao trabalho, no dia que a mesma disse que não iria, pois que teria aula. E com o passar das horas, sua curiosidade apitou. Infelizmente.
- Você veio? – Levi questionou quando a viu chegar.
- Sim, meu professor não apareceu.
- Oh.
Eles não conversaram. Levi limpou o chão, fez alguns cafés. Ymir passou pano nas mesas e se segurou para não bater em um cliente mal educado. A garota se animou de repente, o moreno percebeu, uma loira baixinha adentrou a loja e a cumprimentou muito amorosamente, ele viu Ymir sorrir, o que era raro, caso não fosse de ironia ou desgosto por ter que pegar mais trabalho. Seu rosto vacilou um pouco, com uma surpresa e talvez pena. Ela voltou para o balcão.
- Um café com canela. – Levi ouviu e foi fazer, ele entregou a Ymir e notou como ela se sentou próximo da loira, lhe dando um beijo na bochecha. Elas trocaram algumas palavras. Quando a garota saiu e o tédio entrou, Levi levantou uma sobrancelha. – O que é?
- Não sabia que era permitido namoro no trabalho.
- Ah, cala a boca. Ela só veio me avisar que não teremos aulas de um professor essa semana.
- Huh? – Levi questiona secando uma xícara. – Por que?
- Acidente. Eu estava me sentindo bem que não teria mais aquelas aulas chatas de ética, mas parece que foi sério... – Ela toma um susto com o barulho de porcelana colidindo com o chão. – Levi?
Ele não escutava. Não agora. Tentando recapitular o que tinha escutado.
Acidente. Acidente. Erwin num acidente. Erwin.
- Professor Smith? – Sua voz sai falhada, o caroço na sua garganta começando a incomodar. – Foi ele?
- ...sim.
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Nada planejado [+18] Eruri
FanfictionErwin poderia esperar qualquer coisa do seu novo emprego como professor universitário, exceto avistar seu amante mais recente na sala de aula. - Os personagens pertencem a Hajime Isayama, autor da obra Shingeki no Kyojin