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"Enquando você estava feliz comigo, eu estava tendo meus piores dias, mas você não tinha como saber disso, eu só sei que não foi tudo uma mentira."

S.N

ESTAVA CANSADA DE TUDO, estava cansada de todos, e o pior, estava cansada de mim mesma. A cada dia que se passava eu tinha o desafio de sobreviver, esperando por algo que nem eu mesma sei o que é. De todas as maneiras, tentava ocupar o vazio que sentia, mas nada funcionava. Aos poucos fui desistindo, me deixando ser sugada pelo grande buraco negro que o destino me colocou. Sem forças para lutar e ficar eu apenas fui. Talvez finalmente encontraria a paz, talvez por fim eu encontraria o que faltava em mim. Eu não espero por algo que me complete, eu espero por algo que me reviva, reviva a minha vontade de viver. Algo pelo qual eu morreria e amaria com todas as minhas forças, mesmo que poucas. Queria sentir algo além de um imenso vazio que a cada dia crescia em mim. A cada hora, dia, semana, mês, ano que se passava eu me sentia mais perdida no personagem. Talvez o que me completasse não fosse algo, fosse alguém que eu nunca encontraria pois sou fraca. Me sinto fraca. Fraca de físico, fraca de psicológico. Eu sou uma completa farça, um completo personagem. O que seria de mim? O que é de mim? Nada, apenas pó.

Hoje seria mais um dia em que eu teria que sobreviver, não à sentimentos, mas sim a pessoas. Pessoas más que ficam felizes em espalhar ódio. Teria que ir a escola, ou melhor, ao inferno. O meu verdadeiro eu não se encaixa naquele lugar. Mesmo estando atrasada eu ainda enrolava de todas as formas para entrar naquele prédio repleto de energias negativas. Eu não queria, mas era obrigada. Dou um suspiro profundo repleto de angustia e cansaso. Tampo metade de minha cabeça com o capuz de meu moletom marrom. Abaixo a minha cabeça aos poucos. Lá eu sou obrigada a ser como um cachorrinho domado. Com minhas mãos no bolso, fitando o chão eu dou o meu primeiro passo para o inferno. "Seja sempre gentil, seja uma boa garota, não dê decepções aos seus pais, esteja sempre com um sorriso". Pareciamos todos uns robôs vivendo em uma simulação. Talvez fossemos todos uns robôs vivendo em uma simulação. Talvez tudo fosse uma mentira. Talvez nada deste mundo fosse realmente real.

Porque tantos "talvezes"? Talvez....uma palavra tão vazia mais ao mesmo tempo tão estrondosa. Com um talvez você mataria alguém de curiosidade. Com um talvez você mataria alguém de tristeza. Tristeza é como talvez, vazio. Vazio, tristeza, talvez. Palavras vazias mas que juntas formam algo que soa como "palavras vazias para encher um coração mais vazio ainda", isso é uma mentira. No final sempre acabamos sozinhos e infelizes, mesmo sendo por um mínimo detalhe que não correu como esperado em nossas vidas fajutas. Abro o meu armário com extrema paciência, pegando os pesados livros que não carregava junto a mochila. Pra que tanta coisa? No final todos acabamos iguais. Mortos, frios e comidos por bactérias que vivem no solo.

── Eai aberração ── Reviro meus olhos quando ouço essa frase. De longe podia reconhecer aquela irritante voz de puberdade. Era Mathias Johnson, um garoto babaca que faz bullying comigo desde que estou no fundamental, ou seja, a mais ou menos uns oito, nove anos, por aí. Mesmo cansada dele e de todos os apelidos que recebo, eu ainda aguentava firme. Talvez eu não fosse tão fraca como eu imaginava. No meu lugar, muitos tomariam iniciativas que não acabariam com o bullying. Uma vez chacota, para sempre chacota. Tudo o que eu ouço ainda me machuca muito, mesmo com anos de zoação. Fecho meus olhos e começo a contar, esperando eles irem embora, esperando eles irem para longe ── Você está ainda pior do que a última vez que te vi. Pareçe um defunto ambulante. Está feia demais. Se você não melhorar isso, ninguém nunca vai te querer ── o menino julga. Ainda virada de costas para ele e de olhos fechados eu segurava para não chorar. Eu só queria morrer. É, eu sou fraca sim. Como eu disse pessoas são más. Elas te estudam e atacam quando você menos espera. Ninguém está imune disso, muitas pessoas já falaram mal de você, porém existe uma diferença. Alguns falam na sua frente, outros nas suas costas.

𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗹𝗼𝘃𝗲, 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 ! louis partridge.Onde histórias criam vida. Descubra agora