𝟮𝟬

869 69 111
                                    

"E por frações de segundos eu pude sentir o céu, a adrenalina passando por todo meu corpo, mas quando me dei conta, descobri que já estava morto."

S.N

EU NÃO SEI COMO COMEÇAR. Desde que ele se foi eu me sinto perdida, sozinha, frágil. Não durmo à dias. Estou exausta tanto, fisicamente quanto mentalmente. A ficha de que ele se foi ainda não caiu. O meu amor se foi, e eu não pude impedir ele de ir. Sei que uma parcela de culpa é minha por não perceber que ele nunca esteve bem. Também me culpo por não declarar todo o meu amor enquanto pude. Essa culpa nunca vai ir embora. Nunca. Não importe quantos dias, meses, anos se passarem. Ela sempre vai estar ali, me acompanhando como uma sombra. O arrependimento. Me sentia despedaçada por dentro. Tudo estava quebrado. Eu o amava tanto para perde-lo, tanto. Eu acho que nunca amei alguém com tanta intensidade em tão pouco tempo. Ele sempre vai fazer parte de mim. E eu sinto que sempre fiz parte dele. De alguma forma, ainda sinto ele aqui. Eu não sei explicar, mais eu consigo sentir.

Ao lado da senhora Jean, eu observava o túmulo de Louis. Meu coração doia. Aquela dor ainda não tinha passado, nem diminuido. Ela ainda estava presente e também nunca iria embora. Solto um suspiro profundo e triste. Senhora Jean me abraça de lado enquanto eu encosto minha cabeça em seu ombro, deixando escapar algumas lágrimas de dor. Eu não conseguia mais chorar com descência. Nem para isso eu estava servindo ultimamente.

── Louis não gostaria de nos ver assim ── Jean fala com a voz embreagada enquanto encarava o túmulo de seu filho com o olhar vazio. Também doía em Jean, e eu não posso nem imaginar o quanto. Perder marido e dois filhos em tão pouco tempo não é fácil. Eu a admiro muito. Ela é uma mulher forte e corajosa. Eu jurei para mim mesma que não a deixaria sozinha.

── É impossível não ficar assim ── falo. Levanto a minha cabeça de seu ombro e a encaro por alguns segundos. Ela tinha dor no olhar. Seus olhos estavam fundos, indicando que ela não dormia a dias, assim como eu. Envolvo meu braço em sua cintura. Agora ela quem deita a cabeça sobre meu ombro, se permitindo chorar. Foi ela quem encontrou Louis... vocês sabem, morto. Com minha outra mão, começo a fazer carinho em seu cabelo, tenta do passar um pouco de conforto, mesmo não tendo nenhum.

Duas mulheres. Uma mãe e uma... o que nós éramos? Amigos? Inimigos? Ficantes? Bom, eu não sei. A única coisa que tenho certeza é de que eu amo ele. Depois que ele se foi, tudo ficou mais claro. Ele tentou se afastar de mim, para me fazer sofrer menos. Isso não funcionou. Mesmo não tendo certeza de suas intenções, eu o perdoo por ter falado aquelas atrocidades para mim. Ele me amava, e não queria me ver sofrer. Ele havia declarado o seu amor por mim, mais eu não havia declarado o meu amor por ele, e eu me sinto tão babaca por isso. Eu não falei o que sentia enquanto tive tempo. Eu deixei pra última hora, ou melhor, para quando não tinha mais tempo. Ele se foi sem saber que era recíproco. Reformulando a frase. Duas mulheres. Uma mãe e o amor de sua vida. Dividindo a mesma dor. Na frente de seu túmulo.

── Me desculpe, eu não queria...

── Não se desculpe ── interrompo Jean ── Você não tem com o que se desculpar. Você é apenas uma mãe sofrendo a perda de seu filho, não se desculpe por isso ── Senhora Partridge se afasta e me olha por um tempo. Ela tenta dar um sorriso pra mim, mais apenas lágrimas saeem de seus olhos cansados e tristes, que expressão dor.

── Obrigada ── ela sussurra e eu apenas assinto com a cabeça, sem expressão nenhuma em meu rosto ── Não sei se esse é o momento certo, mais tenho que te entregar algo ── ela pega a sua grande bolça, e começa a procurar por algo ali. Após alguns ssgundos, ela tira dali de dentro um pote. Não era tão grande, mais não era pequeno. Na sua frente, havia um papel colado, onde estava escrito meu nome. Hesito por um momento, mais pego ele de sua mão ── Eu achei enquanto arrumava as coisas de Louis ── ela diz enquanto fecha sua bolça ── Imaginei que ele queria te entregar, então fiz isso por ele.

── Obrigada ── falo enquanto analisava o pote. Dentro dele haviam incontáveis post-it dobrados. Olho para Jean que também me olhava.

── Eu já vou indo, estou muito cansada ── ela fala e eu concordo com a cabeça ── Voltarei aqui amanhã com mais flores para ele. Ele gostava de flores.

── Sim, ele me chamava de florzinha ── digo me lembrando das vezes em que Louis me chamava assim. Eu sempre me sentia especial. Limpo uma lágrima solitária que caiu sob meu rosto. Viro-me novamente para o túmulo de partridge, e continuo a observa-lo. Jean da seu último suspiro e saí dali, me deixando sozinha, ou melhor, me deixando com Louis.

Algumas lembraças consumem a minha mente. O dia em que nos conhecemos. O dia do trabalho... ah, o trabalho. O que era para der mais uma coisa da escola, se tornou algo pessoal para mim, lembranças boas, tanto que nem cheguei a entrega-lo. Nem irei. Ali naquele caderno estavam escritos muito mais do que palavras, estavam escritas memórias, lembranças de um tempo bom com ele. Lembranças das quais eu munca irei me esquecer, daquelas que me lembrarei quando estiver velha, em meus últimos suspiros. Ah Louis, se você soubesse o quanto eu te amei e o quanto você foi importante para mim...

Volto a realidade e percebo que eu estava chorando novamente. Limpo algumas lágrimas, mesmo sabendo que não iria adiantar nada. Olho para o pote que ainda estava em minhas mãos. O que será que Louis havia deixado para mim? Com cuidado, abro o pote. Pego um dos post-it, o que estava mais acima de todos, e o desdobro, lendo-o em seguida.

"Devo ter te amado em outras vidas, porque quando te vejo é como voltar para a casa. Ninguém me faz sentir mais eu mesmo, do que você."

Sorrio ao ler aquilo. Era como se Louis estivesse ali, mais em forma de palavras. Era como se ele estivesse me falando tudo o que não teve tempo. Pego mais dois papéis e os leio.

"Estou apaixonado por você, e eu amo isso. Estou apaixonado por você, e eu amo os sentimentos. A felicidade e a empolgação que sinto quando penso em você. É incrível."

"Me perdoe florzinha, eu falhei"

Louis não havia deixado nada além de pequenas frases. Frases sobre mim. Sobre o que ele sentia. Talvez um dia eu soubesse a intensidade desses sentimentos. O que significava. O que significou. Para mim, e para ele. Ele encerrou uma jornada. Uma jornada que não precisava ser encerrada agora. Porém ele não suportou. A dor. A fraqueza. E a todos os problemas que essas duas coisas desencadeavam. Ele se sentia quebrado, e ninguém percebeu, nem eu. Eu iria me culpar por isso. Eu deixei meu amor escapar entre meus dedos. E eu não pude fazer nada para reverter isso. Fui boba de polpar meus sentimentos, fui boba de não me declarar enquando eu podia. Dentro daquele pote, não haviam só frases, palavras, haviam sentimentos que um dia foram reais. Sentimentos que nem com a morte possam ser esquecidos. Eu nunca me eequecerei dele. Não importa o tempo, a distância, eu nunca esquecerei da pessoa que deu significado à minha vida. E é agora, parada em frente ao seu túmulo, que eu encerro mais uma jornada, declarando meus sentimentos que sempre seram reais.

── Eu te amo, pra caralho.

fim

𖥻01

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

𖥻01. é gente, acabou.

𖥻02. quero agradecer a todos
vocês que leram até aqui, que
comentaram, que me votaram
que me apoiaram, enfim, eu
amo MUITO todos vocês.

𖥻03. eu sou péssima com
despedidas, só queria dizer
que me encontro em lágrimas
nesse momento.

𖥻04. entenderam o porque das
frases??? são os sentimentos
do lidão do louis ;)

𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗹𝗼𝘃𝗲, 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 ! louis partridge.Onde histórias criam vida. Descubra agora