Mais Nada A Dizer

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Maria Heloísa on

Eu realmente não saberia os dizer onde Bruno queria chegar com todas aquelas palavras bonitas, frases ensaiadas e lágrimas. Aquilo parecia um espetáculo particular e eu passei à detestar qualquer tipo de atuação. Eu não tinha mais 20 anos, eu não era mais aquela garota acuada e que ele poderia moldar ao seu bel prazer. Ele precisava compreender de alguma forma que nosso tempo juntos, já havia escoado.

Depois de dizermos tudo ou quase tudo que nos aflingia durante anos. Permanecemos em silêncio mas não era o mesmo silêncio desconfortável de quando fazíamos nossa refeição. Era mais um silêncio de aceitação de como às coisas se encontravam. Sinceramente? Eu achava que não existiam forças no mundo que seriam capazes de desfazer o que estava feito, não existiam palavras, lágrimas ou qualquer outra coisa que tivesse poder suficiente para nos fazer voltar ao começo de tudo. Então, certamente, uma espécie de conformismo doloroso se abateu sobre Bruno.

Depois de alguns minutos, o silêncio de Bruno passou à me incomodar. Ele me encarava porém não dizia nada. Resolvi quebrar o clima pesado que envolvia nós dois.

- Você está tão quieto...

- Sou estou observando.

- Posso saber o quê?

- Você. Todos os seus traços, quero guardar cada milímetro seu na minha memória. Se, eu não posso ter você na minha vida, eu me conformo com ter você somente em minha mente, porquê lá, eu posso ignorar à realidade e fingir que nunca te magoei, posso criar uma vida ao seu lado e posso fazer você me amar novamente. Eu me conformo em ter você apenas na minha imaginação já que nunca mais te terei em meus braços. ~ ele disse forçando um sorriso, seus olhos se encontravam vermelhos e um pouco inchados pelo choro~

- Bruno, por favor, não torne às coisas mais difíceis e complicadas do que elas já são.

- Eu prometo tentar não tocar mais no assunto, só não posso te prometer que vou te esquecer tão fácil. Eu posso ter pintado às paredes do meu quarto, trocado os lençóis da minha cama, mas às marcas que você deixou no meu corpo, na minha pele e na minha alma nunca poderão ser retiradas.

- Eu sinto muito que tudo tenha terminado assim. Eu realmente via um futuro ao seu lado. Eu pensava que nós fôssemos nos casar em uma praia, passarmos à lua de mel em Cancún. Todas às vezes que você, me procurava, eu me sentia a mulher mais sortuda do mundo. Você me fazia flutuar e eu nem me refiro ao sexo mas à forma como você me tratava mas ao final de tudo, você cortava minhas asas e me lembrava que o chão existia. E nós voltávamos ao que éramos antes... Dois estranhos com corpos que se conheciam muito bem, dois estranhos com memórias similares, você conhecia cada palma do meu corpo, cada cicatriz, cada imperfeição, parecia ler meus pensamentos e isso era assombroso. Você sabia de cada ponto fraco meu e era justamente ali que você atacava. Nós sempre fomos dois estranhos com corpos que se encontravam e se conheciam muito bem. Bruno, você sempre conseguiu me dobrar, antes, eu poderia morrer por você e você ainda iria me observar no chão sangrando e tendo uma morte lenta. Você sempre conheceu tão bem meu corpo mas nunca soube decifrar meu coração.~ eu disse e pela primeira vez, não chorei~

- Eu cheguei a pensar que nós éramos almas gêmeas, que ficaríamos juntos e que você seria minha garota para sempre.~ ele disse fungando~

- Às vezes, almas gêmeas estão destinadas à se encontrarem mas não à ficarem juntas mas saiba Bruno, que apesar de tudo. Foi um prazer, dividir essa viagem com você mas eu não sou seu destino. Você terá uma garota mas ela, com toda certeza, não sou eu. Se precisar de uma amiga, eu estarei aqui mas se precisar de uma mulher, não me procure...

Without Me- Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora