Without Me- Bruno Rezende

"Brincadeira"

Bruno Mossa de Rezende on...

  Maria Heloísa ficou calada o trajeto todo. Liguei o som para tentar quebrar o clima hostil que se formara. Começou a tocar "Bad Liar" e eu percebi que seus pés começaram a se movimentar de acordo com as batidas presentes na canção.

- Papai, sabia que a mamãe ama essa música?~ ele quebrou o silêncio que nós quatro fazíamos com essa informação~

- Não sabia não.~ eu disse sorrindo e o olhando pelo retrovisor. Voltei minha atenção para o tráfego em minha frente e do nada vi Gabriel se mexer inquieto na cadeirinha~

- O que você quer, amor?~ perguntou Maria Heloísa~

- Um beijo.~ eu disse descarado~

- Eu não estou falando com você, seu insuportável.~ ela disse baixinho me fazendo rir. Logo, ela se virou para olhar Gabriel. Ele estava se ajeitando na cadeirinha para dormir. Agora, ambos os bebês dormiam suavemente. Quando ela se virou para retornar a posição anterior, percebeu que eu encarava seu decote~

- BRUNO.~ ela me repreendeu e eu levei minha mão até minha nuca~

- O que foi? Eu só estava olhando. Apesar de querer fazer mais que isso.~ eu disse murmurando~

- Vai tomar um banho frio, por favor. Você sabia que a minha chefe viu o que você fez comigo no elevador?~ ela disse séria e eu ri da sua cara~ Tá rindo do quê? Eu poderia ter perdido meu emprego por justa causa Bruno, ela ainda me disse que nós poderíamos ter usado o quartinho da limpeza pois lá, não existem câmeras. Meu Deus, que vergonha.~ ela disse cobrindo seu rosto com ambas às mãos~

- Duvido muito. Você é uma das melhores assistentes jurídicas que eu conheço e, da próxima vez, seguiremos a sugestão dela.~ ela franziu o cenho~

- Que seria?~ ela gesticulou com as mãos para quê, eu prosseguisse com minha fala~

- Usar o quartinho da limpeza.~ eu disse debochando da sua cara~

- Sim, aí eu aproveito e faço você engolir alvejante. Que tal?~ ela disse maquiavélica~

- Amor, a única coisa que eu vou engolir é mel e você sabe bem de onde.~ eu disse sugestivo apertando sua coxa exposta e em seguida recebo um tapa~

- Tira sua mão daí.~ ela disse autoritária~

- Ai Maria Heloísa, você tem uma mão pesada sabia?!~ eu a alertei~

- O Oliver deve estar pensando o mesmo sobre a sua mão.~ ela disse e meu humor mudou drasticamente. Eu estava tomando coragem para perguntar se ela e Oliver tinham algo além do profissional. Como eu tinha medo da sua resposta. Nas semanas que sucederam o episódio do elevador, eles estavam bem próximos. Até demais para meu gosto. Respirei fundo, meus pulmões pareciam querer capturar todo o oxigênio presente naquele carro. Expirei e soltei a pergunta-bomba~

- Você e o Oliver tem algo?~ eu sentia que um peso saíra de meus ombros~

- Temos.~ ela disse se voltando para me olhar, seu olhar era carregado de seriedade. Automaticamente, eu pisei no freio e o carro parou bruscamente. Aposto que às marcas de pneus ficaram no asfalto~

- BRUNO. Você é louco de freiar do nada? Ainda mais no meio de uma avenida dessas e com 2 crianças no carro?~ ela ralhou enfurecida~

- Você me conta isso e quer que eu reaja como?~ eu disse enquanto me recuperava do impacto da freiada. Olhei para trás e ambos os bebês dormiam, pareciam nem se importar com nossas vozes alteradas e com a freiada~

- Eu e ele temos algo. Eu trabalho para ele e ele me paga. Satisfeito? Aliás, eu nem sei porquê estou te dando explicações das minhas relações pessoais. Agora, saí do carro que eu dirijo. Eu ainda planejo chegar viva em casa.~ ela disse se libertando do cinto e eu fiz o mesmo. Eu estava atordoado mas não sei se com a 'brincadeira' dela ou com a freiada. Dei a volta no carro e entrei no banco do passageiro. Ela tomou o volante. Passou seu cinto, ligou o carro e entrou no retorno. Eu franzi meu cenho, estranhando a súbita mudança de rota.

- Nós não íamos para casa?~ eu a questionei~

- Nós íremos mas para a minha.~ ela disse e eu apenas concordei com a cabeça~