Pipo

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Bruno Mossa de Rezende on

Dias se passaram desdê o almoço. Agora, eu me encontrava deitado em minha cama junto com minha filha que brincava com minha barba enquanto eu enrolava uma mecha de seu cabelo em meus dedos.

- Papai.~ ela me chamou fazendo com que eu inclinasse minha cabeça em sua direção~

- Sim, meu amor.~ eu respondi enquanto permanecia fazendo caracóis em seus cabelos com o auxílio de meu dedo indicador. Eu esperava que ela fosse me perguntar sobre eu e a mãe estarmos morando em casas diferentes agora mas a pergunta à seguir me pegou de surpresa~

- Eu vou ter uma nova mamãe, agora?~ ela me perguntou e eu claramente me vi perdido~

- De onde você tirou isso?~ eu perguntei tentando me esquivar de sua curiosidade infantil~

- Ouvi a titia Juju falar para o vovô.

- É feio escutar conversas de adultos.~ eu disse tentando reverter à situação pára quê ela se esquecesse da 'nova mamãe'

Ela deu de ombros.

- A titia Juju estava na cozinha e eu estava brincando, então, eu não ouvi a conversa, ela que falou alto.~ me olhou sapeca~

Fiquei indignado com a capacidade daquela criança ter resposta para tudo. Ela tinha quase a idade de Gabriel, eram poucos meses de diferença que favoreciam meu primogênito mas eles eram opostos em tudo.

- Tá bom então mocinha que tem respostas para tudo.~ disse fazendo cócegas nela e logo o ambiente foi preenchido por sua risada infantil~

- Para papai~ ela disse em meio às gargalhadas e eu parei~ Mas eu vou ter uma mamãe nova?~ e lá estava à pergunta que eu achei que ela já tinha esquecido~

- Não sei amor. Não depende apenas de mim.~ eu disse pensando em Maria Heloísa~

Ambos ficamos em silêncio, até que eu resolvo quebrá-lo.

- O que você acha de ter um irmãozinho?~ eu perguntei sorridente mas no fundo, eu estava morrendo de medo da sua resposta~

Ela parou por um tempo, parecendo absorver minha pergunta.

- Eu adoraria, papai.~ sua resposta me trouxe alívio. Enchi seu rostinho angelical de beijos. Ela se aconchegou nos meus braços, trazendo junto consigo o Pipo, um coelho de pelúcia medonho que me fazia ter pesadelos

- Ele precisa mesmo dormir com a gente?~ eu perguntei apontando para o satanás que me encarava ostentando seu melhor olhar de psicopata~ Talvez seja hora do Pipo, ter a sua própria caminha. Em outro quarto~ eu tentei convencê-la à retirar aquele bicho medonho do meu quarto mas sem sucesso algum~

- Não papai, o Pipo é um bebê e bebês não dormem sozinhos.~ ela disse acabando com meus argumentos. É, não teria jeito, eu nunca ganharia aquele discussão e o Pipo ficaria. Fiz carinhos carinhos em seus cabelinhos até ela pegar no sono, logicamente com Pipo agarrado à nós~

Logo, às palavras de Júlia se fizeram presentes em minha mente:

Flashback on

- Você sabe que o Alexandro vai entrar na justiça para lutar pela filha né?! Ele vai querer reconhecer a Alê como dele.~ disse Júlia me encarando~

Flashback off

- Ele pode até tentar mas jamais renunciarei à guarda da minha filha. Eu queria fazer ele sentir à mesma dor que ele e Gabriella me proporcionaram. Eles me tiraram os melhores anos ao lado do meu filho.~ isso pode soar como asqueroso, usar uma criança como instrumento de vingança para infringir dor no outro mas ele precisava pagar. Eu amava minha filha, nada mudaria isso mas mantê-la longe de Alexandro enquanto ele sofria me faria dormir tranquilo~

...

Acordei na manhã seguinte e Alê ainda dormia agarrada com seu coelho de pelúcia. Eu ainda tinha a convicção que aquele coelho criaria vida à noite e me mataria.

Segui rumo ao banheiro, onde fiz minhas higienes e tomei meu banho. Me vesti no closet e antes de sair do quarto, cobri minha filha. Ela abriu seus olhinhos.

-Dorme mais um pouquinho amor, está cedo.~ eu disse acariciando seu rostinho~

Ela concordou sonolente e disse:

- Papai me dá um beijinho para eu voltar à dormir?

- Claro amor.~ dei dois beijinhos em sua fronte e quando fui me levantar da cama, ela me chamou novamente~

- No Pipo também papai~ disse levantando seu coelho de pelúcia~

Muito à contra-gosto dei um beijo no seu amigo endemoniado.

Ela pareceu ficar satisfeita e voltou à dormir calmamente. Desci às escadas indo em direção à nossa sala de jantar.

-Bom dia família.~ disse animado e todos se entreolharam e voltaram à comer. Aquilo não era bom sinal~ Ok. Quem vai me contar o que houve?

- O oficial de justiça esteve aqui mais cedo e deixou essa intimação para você. Aparentemente, Alexandro entrou na justiça para pedir que o seu nome seja retirado da certidão de nascimento dela e dos demais documentos.~ ela respirou fundo e olhou para o meu pai que assentiu com a cabeça, um claro sinal para quê, ela prosseguisse e assim ela fez~ Ele também quer a guarda definitava da Alexandra.

- SÓ POR CIMA DO MEU CADÁVER.~ eu disse socando a mesa com força e assustando à todos~

- Papai, por quê você está bravo?~ vi Alê na escada coçando os olhinhos enquanto segurava o Pipo~

Without Me- Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora