A Guarda

873 50 23
                                    

Maria Heloísa on...

Depois daquele fatídico dia no elevador, eu e Bruno nos encontramos outras vezes mas ambos não tocávamos no assunto sobre o que havia acontecido dentro das quatro paredes daquela caixa de metal. Era melhor assim, eu sabia que aquele dia havia bagunçado todos os meus planos de me manter afastada sentimentalmente dele, também, sabia que algo havia voltado à queimar dentro do meu peito, o que antes era uma fagulha, agora, parecia mais um incêndio incontrolável. Eu o amava, era inútil negar mas eu tinha à firme convicção que nosso tempos juntos, já havia se expirado.

Todos estávamos apreensivos e nervosos. O dia da decisão pela guarda da Alê havia chegado, Bruno estava à flor da pele, eu sinceramente não saberia como reagir e consolá-lo se a juíza resolvesse ceder aos apelos de Alexandro e repassar à guarda para suas mãos. Eu tentava nem cogitar essa possibilidade diante do Bruno.

Eram 8 da manhã, estávamos todos sentados em cadeiras lado a lado, a espera do chamado da juíza. À nossa frente estavam Alexandro e seu advogado, um homem de estatura mediana, cabelos escuros que carregava um semblante sério. Virei minha cabeça para observar Bruno que estava sentado ao meu lado, ele estalava seus dedos de forma frenética. Se continuasse nesse ritmo, logo, teria uma lesão. Vi seu olhar fixado no chão e depositei minha mão direita sobre suas costas, lhe fazendo um afago.

- Vai dar tudo certo. Você é um ótimo pai.~ eu disse tentando acalmá-lo~

- E se...

- Pelo que depender de mim e da Débora, a Alexandra vai ficar com você.~ disse e olhei na direção da minha chefe que se encontrava sentada ao lado de Bruno. Ela sorriu gentilmente~

Bruno sorriu fraco mas eu conseguia ver o medo presente em suas órbes castanhas. Logo, a porta se abriu e um guarda nos chamou. Alexandro entrou primeiro juntamente com seu advogado. Adentramos a sala logo depois.

- Bom dia senhores. Estavamos aqui porquê o pai Alexandro Morais Silva quer reaver a guarda da menor Alexandra Menezes Marquezin de Rezende, também consta nos autos do processo movido pelo mesmo contra o sr. Bruno Mossa de Rezende que ele pede que o nome do mesmo seja retirado da certidão de nascimento da menor, já quê, à mesma não é sua filha biológica.

- Meritíssima, meu cliente pretende recuperar os anos que lhes foram negados ao lado da sua filha.~ começou o advogado de Alexandro. Lógico, ele tentaria apelar para o lado humanitário da juíza~ Então, achamos que a melhor maneira para a menor poder recuperar sua verdadeira essência seja ao lado do verdadeiro pai.

- Transfiro à palavra para a advogada que representa o sr. Bruno.~ disse a juíza séria fitando minha chefe~

- Meritíssima. Não concordo com às palavras proferidas pelo meu colega de Ordem. Seu cliente perdeu anos da vida de sua filha por sua própria escolha quando preferiu sustentar uma mentira, que foi embasada em uma fraude processual de exame de DNA.~ ela disse mas como previsto o advogado de Alexandro tentou intervir em sua fala~

- Meritíssima, isso não é relevante para a situação que estamos passando.

- Eu decido o que é relevante e por favor, só dê a palavra quando à mesma lhe for solicitada.

- Sim, excelentíssima.~ ele disse e eu pude sentir ele murchar sobre sua cadeira~

- Prossiga, dr. Débora.~ disse a juíza gesticulando para quê ela continuasse~

- Como eu estava dizendo antes de ser interrompida por meu colega. Existe um processo movido pelo Ministério Público contra a senhora Gabriella Menezes Marquezin, vulgo, genitora da menor e o senhor Alexandro Moraes Silva por compactuarem na fraude de um exame de DNA que prejudicou meu cliente e ironicamente, minha funcionária que está presente. Ambos foram ludibriados, meu cliente perdeu anos da convivência com seu primogênito por conta desta fraude.~ ela disse estendendo uma pasta nas mãos da juíza que leu tudo minuciosamente e vez ou outra, arregalava seus olhos~

- Bom. Isso é extremamente grave e pode complicar a situação do seu pedido senhor Alexandro.~ disse a juíza com as mãos depositadas sobre o papel e o encarando séria.~ O senhor tem um emprego fixo como engenheiro, tem residência própria, é o que consta na sua ficha. O por quê do motivo de compactuar com tal atitude tão danosa e ilegal?~ ela perguntou o encarando~

- O amor cega às pessoas.

- Muitas vezes, nós nos deixamos cegar.~ disse a juíza sentando novamente em postura reta~

Depois de 20 minutos de réplicas entre os advogados de ambas às partes. A juíza pediu uns minutos de recesso.

- Ao retornar, terei minha decisão já tomada...~ ela disse se levantando e saindo em direção à uma salinha~

Passados 15 intermináveis minutos em que eu tentava acalmar Bruno e não surtar. A juíza retornou.

- Primeiramente, eu quero dizer que tomei essa decisão baseada no código que rege à lei deste país. Não movida por emoções ou lamentos, muito menos por vislumbre. Minha decisão foi baseada em decisões jurisprudenciais, desta forma, visando o bem estar da menor Alexandra Menezes Marquezin de Rezende. Concluo dizendo quê: se não estiverem de acordo com a decisão tomada neste fórum, recorram em segunda instância.~ Bruno apertava minha mão com cuidado para não machucá-la apesar de seu nervosismo~ Minha decisão é que à guarda da menor seja...

Without Me- Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora