Tokyo Manji X A Nova Valhalla

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Amanheceu e eu não queria levantar da cama, só de lembrar que haveria a luta hoje já me dava preguiça.

Desço para cozinha apenas para beber água  e pegar qualquer coisa para comer. Voltando ao quarto, fecho as cortinas e me jogo debaixo das cobertas voltando a dormir.

— PAPAI! PAPAI! PARA — eu gritava aos homens ao seu redor. A eles que o chutavam e socavam sem parar, aqueles que o espancaram até a morte.

Olha só a pirralha que apanhar junto? — sou puxada pelos meus cabelos de forma agressiva.

D-deixem ela em paz — a voz  que estava quase inaudível de meu pai, ecoa pelo cômodo chamando a atenção de seus agressores.

Não iremos encostar nela, ela é da família. Agora nós temos que te matar — ele me arrasta até o canto da parede e me joga contra a mesma — Fique aqui ou o seu querido paizinho irá morrer.

E como uma criança com medo e sem ter o que fazer fiquei, fiquei e implorei, chorei e gritei até meus pulmões arderem, até ficar sem voz e até não ter mais o que chorar ou gritar. A cada minuto que se passava socos e chutes lhe eram atribuídos e cada vez mais ele se mexia menos, reclamava menos ou até mesmo se queixava segurando o grito. Até parar de vez.

Observo eles pararem e então se afastarem rindo, o sangue de meu pai cobria suas mãos, suas roupas e o chão em que ele estava deitado a alguns segundos atrás com vida, agora só existia seu corpo vazio.

Tentei me arrastar até ele, tentei fugir das mãos que me seguraram mas não consegui, fui tirada de lá sem nem poder dizer meu adeus.

Fui levada até meu quarto e permaneci lá por um tempo, calada, sem vida, sem vontade de comer e apenas com a saudades que restou.

E sem ninguém.

— PAI — levanto rápido de meu desespero. Meu coração batia rápido o suor frio estava presente a minha pele, que tremia pela realidade que um dia desejei ser apenas um pesadelo.

Me acalmo um pouco sentindo lágrimas correrem pelo meu rosto e as limpo silenciosamente. Com a respiração agora controlada, me levanto e sigo direto para o banheiro ligando a banheira em água gelada e me jogo lá dentro apenas parada ainda em transe.

No fundo eu sei por que nunca quis me aproximar às pessoas, sei o porquê comecei a treinar insanamente, lutar, e sei porquê eu fugi. Tudo isso para me proteger, e proteger quem eu amo.

Depois da sua morte jurei nunca mais deixar de lutar, de deixar os outros sozinhos e por isso eu me afastava. Agora em uma gangue onde todos são legais comigo e me querem por perto, me faz pensar se é certo.

Se fosse ou não, hoje eu iria lutar, por eles. Lutaria com vontade socando cada um que ousou se opor a nossa frente, lutaria para que vencer e se não, iríamos ser derrotados juntos. Meus hematomas pela luta anterior, não estavam mais aparente em minha pele, e muito menos doía mais.

Hoje era dia de adquirir novas.

Me levanto secando meus cabelos e procuro evitar pensar, ponho meu uniforme que estava extendido em minha cama e passo uma faixa branca pela minha barriga livre.

O relógio marcava 06:00 horas da noite, eu iria encontrá-los às 06:30 para que desse tempo de todos chegarem e irmos juntos até o cais, chagando as 07:00 horas pontualmente onde tudo começaria.

Às 06:30 eu estava lá, esperando todos junto aos outros. Aos poucos aquela pouca gente foi se tornando várias que chegavam com suas motos e paravam.

A nova integranteOnde histórias criam vida. Descubra agora