Mater et fillius

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Não vou enrolar vocês, juro, só quero deixar uma coisa esclarecida, porque percebi em Dark Prince que a cronologia não ficou tão clara pra alguns leitores e não quero cometer esse erro aqui. Eu me baseio na linha do tempo fornecida pela fandom wiki da saga (a gringa, não a br) e lá tem uma tabelinha com os anos e tudo mais. Pra aliviar pro lado de quem não tá muito a fim de procurar, usem como referência que a história se passa no ano 3000 em Nárnia.

A segunda temporada vai demorar um pouquinho mais pra sair, eu quero tirar uma semana pra dar uma descansada, depois vou organizar o roteiro certinho (pq eu vivo mudando um zilhão de coisas), eu creio que em duas semanas tô de volta torturando vocês :)

Espero que gostem do capítulo e desde já agradeço de coração por acompanharem a história até aqui, terem toda a paciência e suportarem o tanto de personagem que eu matei (confesso que não me arrependo de nenhuma morte).

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NÁRNIA, ANO 1000

PRIMEIRA SEMANA DE CATIVEIRO

O ar gélido causava uma sensação cortante em suas bochechas, Edmund corria pela mata escura sem desviar os olhos para os lados, não podia se distrair pensando nas possibilidades de acabar sendo devorado por algum lobo ou qualquer fera que residia as redondezas. Sua garganta estava ardendo por respirar aquele ar frio e seus pulmões doíam clamando por ar, pois a respiração acelerada não bastava para recuperar o fôlego. Ele não podia parar, depois de uma semana inteira sofrendo naquela cela fria e malcheirosa, enfim estava livre para reencontrar seus irmãos e avisar que Jadis planejava matar a todos. A escuridão absoluta daquela floresta – salvo por pequenos fachos da luz da lua que conseguiam entrar – era um desafio para o garoto, não via muito, apenas corria implorando internamente a qualquer força divina que não tivesse qualquer galho, tronco, buraco ou armadilha no caminho.

Edmund já conseguia ver os primeiros postes de luz, era sinal de que a floresta estava quase no fim, a estrada o levaria até algum vilarejo e assim poderia traçar uma nova rota para o acampamento de Aslan. O garoto sorriu com os olhos marejados de lágrimas por tamanho alívio, gastou o resto das suas forças correndo mais rápido ainda, e sua esperança morreu alguns segundos depois quando sentiu o impacto de algo em sua canela. Ele rolou no chão mordendo o próprio lábio para não gritar de dor e entregar sua localização, sabia que tinha quebrado o osso da perna, a dor era insuportável e lembrava muito o episódio em que quebrara o braço na escola após uma briga.

Ouviu passos sobre as folhas secas atrás da sua cabeça, ao abrir os olhos viu então a mulher o observando com um sorriso complacente, segurando um cajado de gelo que com certeza foi usado para acertar a perna do garoto.

─── Foi por tão pouco, minha criança. ── agachou para tocar as lágrimas que escorriam no rosto de Edmund ── Meus parabéns por ter chegado tão longe, mas agora é hora de voltar.

─── Me mate de uma vez! ── Ed suplicou aos prantos, a voz já não saía com clareza graças ao efeito do ar frio que inspirou por horas.

─── Não, eu tenho planos melhores pra você, Edmund. Você é precioso demais para ser jogado aos lobos. Além disso, você é meu filho, lembra?

─── NÃO É!

─── Está cansado demais, durma e conversaremos depois.

Edmund tentou lutar contra o feitiço, mas assim que Jadis pairou a mão sobre seu rosto, uma névoa tomou sua mente e trouxe um sono confortável.

Ao acordar acabou gritando de dor instintivamente, sua perna doía ainda, podia ver que estava com o osso ainda fora do lugar. Não costumava ser uma criança tão corajosa, odiava sair da sua zona de conforto até então, mas ser um prisioneiro de Jadis estava fazendo mudar sua forma de lidar com absolutamente tudo o que antes julgava impossível. Edmund pegou o lençol velho que antes o cobria, torceu uma ponta e mordeu com força, então usou toda sua força para endireitar sua perna e abafou o grito quando o fez. Seus olhos novamente se encheram de lágrimas, não sabia dizer se era somente pela dor ou se também era sua consciência implorando que arranjasse um jeito de acabar com aquela vida miserável.

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