Epílogo

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ALGUM LUGAR NO MEDITERRÂNEO

Edmund atravessou a moderna e luxuosa casa de praia localizada em um ponto remoto da ilha onde vivia um traficante quando queria se esconder da Interpol. Era um loft térreo, as paredes que davam vista para o mar eram janelas ostensivas que iam do chão ao teto e cada um custava mais do que os casebres dos moradores do outro lado da ilha.

Atravessando o loft que unia sala e cozinha, passou por cima dos corpos drenados que estavam espalhados, não sobrou sangue algum para escorrer no chão, havia apenas balas e armas rodeando os cadáveres. Algumas foram chutadas desdenhosamente pelo vampiro enquanto fazia a travessia até sair pelos fundos, onde dava direto na areia da praia paradisíaca.

Sentado em uma espreguiçadeira de vime, Caspian aproveitava o sol em seu auge sem se queixar do calor, aprendeu a amar o verão como nunca havia feito antes. Vestindo apenas uma calça branca e bebendo o coquetel que tomou a liberdade de preparar após seu pequeno massacre, abaixou os óculos escuros para observar o amante assim que este parou ao seu lado.

─── Guardei um para você ── apontou para o dono da casa, amordaçado e tentando gritar para ser solto, mas tendo sua voz abafada por uma bola de pano. ── podemos ficar aqui por algumas semanas, tem um bom acesso aos países vizinhos. Uma pena não podermos morar definitivamente.

Edmund respirou fundo e balançou em negação a cabeça, mas não perdeu tempo discursando sobre a bagunça que Caspian fez para conseguir uma hospedagem clandestina. Depois de dois anos viajando pelo mundo e lidando com outros cenários semelhantes, já estava conformado que nunca iria colocar disciplina nele quanto a isso. Ao menos não enquanto estivessem de férias. Caminhou até o homem amarrado e não fez cerimônias para mordê-lo e drenar cada gota de sangue, depois atirou o corpo na areia e sentou na espreguiçadeira ao lado.

─── Você é inacreditável.

─── Estamos de férias, dê um tempo. ── disse entregando o drink para Edmund experimentar. ── Uma pena Aimée não poder aproveitar. Como acha que ela está?

─── Da última vez que liguei para Suzie ela disse que encontrou debaixo da cama da Aimée o corpo de um pedófilo procurado pela polícia.

Caspian riu deixando muito explícito o orgulho em seu rosto, Edmund acabou rindo junto por compartilhar o mesmo sentimento de dever cumprido em sua distorcida paternidade.

─── Não vejo você orgulhoso assim desde que coagiu minha irmã a matar nosso réu. ── Insinuou com uma certeza que fez Caspian por um segundo perder o sorriso do rosto. Edmund tendia a ser dramático nas questões familiares, poderia facilmente tratar sua pequena diversão com a psique de Lucy dois anos atrás como um ataque ── Ela acabaria pendendo para esse lado da moeda mais cedo ou mais tarde. Não é problema meu, não mais.

Entregou de volta o drink ao mesmo tempo que inclinou para depositar um beijo nos lábios de Caspian. Era para ser um simples selar, mas nunca resistiam a prolongar, cada beijo era dado como se fosse o último e quando percebiam ter exagerado sempre separavam rindo e trocando o pequeno juramento que fizeram assim que pisaram na Terra:

─── Um minuto de cada vez.

─── Um minuto de cada vez.

Edmund respondeu sussurrando, acariciando o rosto de Caspian com ternura, admirando seus traços com preciosismo, porque jurou que nunca ousaria deixar de apreciar os detalhes da sua presença e assim sempre o lembraria que apesar de suas feridas, apesar da certeza de que Jadis um dia voltaria e enfrentariam inúmeros infernos, ele o amaria e sempre seria sua prioridade. Amor ou ódio, não importava qual fosse a fase, estariam perpetuamente juntos, aproveitando ao máximo um minuto de cada vez.

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