Capítulo 1

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Se houvesse uma lista com o nome dos cavalheiros libertinos de Londres, Charlie Penwood, sem dúvida, teria seu nome encabeçando a infame listagem. Ele havia conquistado a notória fama de libertino devido a todos os seus anos em Londres, frequentando a sociedade, - e também, grupos de entretenimento não tão respeitáveis, - e conquistando mais mulheres do que qualquer um poderia contar.

Libertino, patife, devasso... eram características frequentemente ligadas ao nome de Charlie. Mas ele não se importava. Havia se deitado com mais mulheres do que poderia se lembrar, e apesar de tomar as precauções necessárias, agradecia à Deus por não ter um filho bastardo. Esse era o único motivo que o fazia comparecer na igreja aos domingos, quando sua única vontade era permanecer em sua cama, após uma ressaca causada pelo consumo demasiado de whisky. Também agradecia por nunca ter sido desafiado a um duelo, pois, considerando a quantidade de mulheres casadas que ele já havia levado para sua cama, era realmente um milagre que nunca tivesse sido desafiado dessa forma.

É claro que muitos dos maridos das mulheres com quem se envolveu sabiam do que acontecia bem debaixo dos seus narizes, mas os nobres, em geral, após terem seus herdeiros garantidos, não ligavam muito para o que as esposas – certamente muito mais jovens do que eles, - faziam na companhia do notório libertino. Alguns até tentavam criar amizade com Charlie, esperando que assim, o notório sedutor não fosse se dar ao trabalho de seduzir suas esposas.

Em geral, Charlie preferia se envolver com as damas casadas ou viúvas. As casadas, jamais esperariam dele qualquer tipo de compromisso, enquanto que as viúvas, geralmente haviam sido tão recatadas durante sua juventude, que agora que possuíam certa liberdade, ansiavam por aproveita-la. Mas Charlie não fazia qualquer distinção entre as mulheres que conquistava: ladys, senhoras e senhoritas; loiras, morenas e ruivas; nobres, camponesas, criadas ou prostitutas; todos os tipos de mulheres já haviam estado em sua cama. Sua única restrição eram jovens e inocentes damas da sociedade em idade para buscar maridos. Ele não pretendia se casar, portanto não havia qualquer motivo em cortejar uma delas, e tampouco as inocentes damas poderiam lhe oferecer o que ele desejava. Além do fato de que, embora muitos o chamassem de devasso - e nomes ainda piores, - Charlie ainda possuía um resquício de dignidade, e jamais iria tirar a virtude de uma jovem dama sem pretensão de desposá-la.

Durante anos, seu companheiro de libertinagem havia sido seu primo David, atual Conde de Penwood. Nos anos anteriores ao casamento de David com Olivia, o conde havia se instalado em Londres e constantemente havia frequentado os mesmos ambientes que Charlie. Mas no momento em que David percebeu que não seria capaz de viver sem Olivia, largou a vida de libertino e assumiu seu lugar como homem honrado e fiel ao seu casamento. É claro que David não poderia se comparar ao notório devasso Charlie, - poucos homens poderiam tentar ao menos alcança-lo, - e então, após o casamento de David, Charlie tivera que procurar outros amigos tão propensos a libertinagem como ele para lhe fazerem companhia.

O lugar favorito de Charlie em Londres, era o clube de cavalheiros Smoke's, onde ele se encontrava todas as noites com alguns de seus amigos para jogar cartas, tomar whisky, ou apreciar a companhia de belas mulheres. O clube era frequentado por nobres da sociedade Londrina, e também alguns homens que não possuíam ligação com a nobreza, porém possuíam dinheiro e influencia o suficiente para estar ali.

- Boa noite, cavalheiros. – Falou o Sr. Richard Smith, se sentando na enorme poltrona revestida de veludo verde, a direita de Charlie na mesa de cartas.

- Boa noite, Sr. Smith. – Cumprimentou Charlie. – Já estamos na metade do jogo. – Falou ele, apontando para o jogo de pôquer em andamento entre ele e mais três rapazes.

- Tive assuntos mais interessantes para resolver. – Falou, com uma expressão presunçosa e masculina que fez com que todos os colegas entendessem o que ele queria dizer. – Entro na próxima rodada.

Os primos do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora