Capítulo 10

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Era curioso como tudo na vida podia mudar tão rapidamente: na manhã anterior, Charlie havia acordado com uma ressaca, e nos braços de uma prostituta. Essa noite, ele mal havia conseguido dormir, pensando na Duquesa de Albany. Não... Ele estava pensando em Amelie, ele se corrigiu. Trata-la pelo nome do marido - embora fosse o correto -, era totalmente intolerável. Não era possível que uma moça tão gentil e doce quanto Amelie, fosse casada com o grosseiro e presunçoso Duque. E o velho nem sabia admirar a maravilhosa mulher que tinha conquistado, pois vivia mais tempo em Londres do que em seu castelo, nos braços das mais diversas prostitutas. Charlie também sentia muito pelas prostitutas que tinham que tolerar aquele homem horrível, mas pensar em Amelie dividindo a cama com ele, era ainda pior.

Ele se levantou, disposto a fazer algo que nunca pensara que faria em toda sua vida: iria ao castelo de Leeds, prestar uma visita de cortesia ao Duque de Albany. O castelo não era muito longe dali, e visitar o duque seria a desculpa perfeita para poder ver Amelie novamente. Ele sabia que não poderia conversar a sós com ela, e o máximo de intimidade que poderiam ter naquele momento era um breve cumprimento, mas ainda assim, ele iria. Vê-la, ainda que não na melhor situação, seria muito melhor do que não encontra-la nunca mais, isso ele não poderia suportar.

A casa ainda estava silenciosa, provavelmente os moradores e hóspedes ainda estavam dormindo, depois da longa noite de baile. O baile fora um sucesso, e ele sabia que Olivia estava aliviada por ter sido a anfitriã de um baile onde tudo ocorreu bem. Ela e David mereceriam. 

Ao descer as escadas, Charlie viu a porta da biblioteca aberta, e as janelas iluminadas, certamente alguém que acordara cedo como ele estava ali.

Ele entrou no recinto, e viu seu amigo Richard sentado em uma poltrona com um copo de whisky nas mãos. O copo já estava pela metade, então ele podia imaginar que o homem estava ali há um bom tempo, pois nem mesmo eles poderiam beber tão rapidamente logo cedo.

- Bom dia, Sr. Smith. Sua cama estava infestada de percevejos? 

O homem levou um susto com a presença de Charlie no recinto e pigarreou se empertigando. 

- Levantei cedo. - Respondeu o amigo sucinto. Então ele não estava de bom humor.

- Você alcançou Cristine ontem? Algum problema com ela? - Perguntou Charlie preocupado. Ele tinha se esquecido completamente do acontecido com Cristine, e agora se sentia culpado. 

- Ela correu para os seus aposentos. Acredito que esteja tudo bem.

Uma sensação de alivio caiu sobre Charlie. Se Cristine correu para seu próprio quarto, ao menos ninguém poderia ter feito mal a ela. Deviam ser os nervos femininos, Tia Lorien poderia fazer qualquer um perder o juízo, e aparentemente a escolhida frequentemente era Cristine. Ele conversaria com a prima mais tarde.

- Tudo bem. Eu... Estou indo até o castelo de Leeds. - Anunciou Charlie.

- Leeds? Vai fazer o que lá? - Perguntou Richard. 

- Farei uma visita de cortesia ao Duque de Albany. - Falou Charlie, se empertigando, tentando fazer com que essa visita parecesse perfeitamente normal.

- Ao Duque? - Questionou Richard franzindo as sobrancelhas. - Tive o desprazer de ser apresentado a esse sujeito no baile. Que relações você poderia ter com ele?

- Nenhuma de fato, mas uma visita não fará mal algum.

Charlie viu o amigo fita-lo com desconfiança, observando-o de cima a baixo com aquele olhar gélido já conhecido. O amigo deu de ombros, antes de falar:

- Se estiver se envolvendo com alguma filha do Duque, melhor tomar cuidado, até eu que sou estrangeiro sei que ele é um homem poderoso. 

- O Duque não tem nenhuma filha. Ou filho. - Respondeu Charlie.

Os primos do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora