Charlie e Richard foram recebidos pelo Conde de Penwood, David, em seu escritório antes do jantar, e Sebastian Bothwell, marido de Charlotte, também se juntou ao grupo. Os quatro estavam impecavelmente vestidos em roupas elegantes para o jantar de boas-vindas aos recém-chegados em Penwood House.
Charlie sempre fora muito próximo do primo, e vê-lo ali, desempenhando bem seu papel à frente do condado, dava enorme orgulho a ele. O primo e ele haviam passado grande parte de sua infância e adolescência vivendo juntos em Éton e Oxford, e depois disso, cada um manteve sua respectiva casa em Londres, onde frequentemente se encontravam para curtir a vida juntos. Mas desde que David casara com Olivia, Charlie tinha visitado pouco o primo, embora recebesse muitos convites para visitar o campo, preferia curtir sua vida cheia de ocupações na capital.
Charlie tomou um gole do whisky que tinha em suas mãos e olhou pela janela do escritório, observando a paisagem ao anoitecer. A lua estava cheia essa noite, fornecendo luz o suficiente para que ele pudesse observar o longo jardim às costas da casa, onde ele tinha passado tantos dias em sua infância. Apesar de ter relutado para voltar, preferindo a vida boemia da capital, Charlie estava feliz por estar ali junto de sua família. Poder acompanhar a pequena Elizabeth crescendo, e o nascimento do filho de Charlotte, seria realmente algo muito especial. Nem todos tinham tanta sorte de ter uma família tão unida e amorosa. Ele suspirou, sentindo-se grato por ter aceitado o convite e estar ali, e então a voz do primo o tirou de seus devaneios sentimentais:
- E então Sr. Smith, que assuntos o trouxeram para a Inglaterra? – Perguntou David.
- Vim abrir uma filial da empresa da família, nas proximidades de Londres. – Respondeu Richard.
- É de uma família de empresários então?
Richard deu uma gargalhada seca, antes de continuar: - Milorde, venho de uma família de operários. Meu pai não tinha sequer dinheiro para colocar comida na mesa ao final da semana quando eu e meus irmãos éramos crianças. Ele começou sua empresa do zero, e acabou por torna-la uma grande indústria.
- Bem, se não são empresários, ao menos são visionários. Merecem reconhecimento!
- Visionários, e muito trabalhadores. – Comentou Richard.
- Gosto dessa forma de liberdade da América, - ponderou Sebastian, - onde todos tem a oportunidade de enriquecer e conquistar seu próprio destino, sem toda essa imposição aristocrática.
- Ora, ora, quem está se mostrando um revolucionário. – Provocou Charlie. - Deixe o "papai Visconde" saber disso.
Sebastian ignorou o comentário do cavalheiro, fazendo um gesto rude mostrando-lhe o dedo do meio. – Quando tiver tempo, Sr. Smith, gostaria de saber um pouco mais sobre a história da indústria de sua família. Se estiver disposto a compartilha-la, é claro.
- Com certeza, Sr. Bothwell, quando o senhor estiver disponível será um enorme prazer.
- E planeja se instalar definitivamente em Londres? – Perguntou David, retornando ao tópico original.
- Não sei. – Respondeu Richard sinceramente. – A indústria já está pronta, apenas aguardando a documentação para darmos inicio ao funcionamento. Assim que a indústria estiver funcionando sozinha, e não haja mais a necessidade de minha presença na Inglaterra, talvez eu volte para os Estados Unidos... Ainda não cheguei a uma conclusão definitiva sobre o assunto.
- Deveria pensar em ficar por aqui. – Ponderou David. – Pode ampliar seus negócios e fazer muito dinheiro.
- Acredite, primo, esse aqui já tem dinheiro o suficiente. - Falou Charlie para David, enquanto dava um leve tapa no ombro do amigo americano, - É claro, sempre existe a chance de perder tudo em apostas, ou gastar mais do que o esperado em bordéis, então é claro que é sempre bom ser capaz de fazer mais dinheiro...
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Os primos do Conde
RomanceA tradicional família Penwood, pertence ao seleto grupo de nobres que compões a aristocracia da Inglaterra do século XIX. Ser um membro da família Penwood significa ter muito poder e dinheiro, e Charlie, primo do Conde de Penwood, por não ter qualqu...