Penwood House tinha se tornado um verdadeiro pandemônio nos últimos dias. Criados correndo de um lado para o outro carregando mobílias, vasos e louças; cozinheiros preparando várias receitas de doces e salgados; garçons recebendo o treinamento para servir os convidados do baile... Na última semana, Cristine tinha acompanhado Olivia diversas vezes ao vilarejo para fazerem compras para o baile, e agora tudo tomava forma. Os pratos que seriam servidos estavam definidos, a equipe de cozinheiros estava escalada. As flores haviam sido compradas do floricultor e agora estavam sendo organizadas em arranjos pelas criadas com a supervisão da governanta. Embora tivessem contratado uma nova governanta, tudo era minuciosamente fiscalizado pela Sra. Watson, que, mesmo sendo a sogra do Conde, não deixava de se preocupar com o funcionamento da casa.
Olivia e David nunca haviam oferecido um baile dessa magnitude, então tudo tinha que ocorrer perfeitamente bem, afinal, essa seria a estreia da Condessa de Penwood como anfitriã. Os homens tinham passado a maior parte da semana fora, fazendo negócios com os fornecedores de porcos, bois, entre outras coisas, para o menu do baile.
Durante suas idas ao vilarejo, Cristine notou que a cidade inteira falava sobre o baile, e os que não tinham recebido convites, estavam ansiosos por saber os detalhes através dos que haviam sido convidados. A Duquesa de Albany havia encontrado com as damas algumas vezes, para ajudar nos preparativos, e cada vez mais a amizade entre elas crescia. O gosto da duquesa era impecável, e ela estava sempre disposta a ajudar Olivia com os detalhes dos preparativos. As duas ladys haviam feito uma lista com possíveis pretendentes para Cristine, sugerindo, de forma carinhosa, que poderiam apresenta-los no baile caso Cristine desejasse conhece-los, e Cristine aceitou, pois qualquer perspectiva de casamento soava bem aos seus ouvidos.
No dia anterior ao baile, o restante da família Penwood havia chegado em Penwood House. Tio Isaac, Tia Mary e os dois filhos - Anthony e Emilio, - voltavam ao Kent após vários anos de convites recusados. Isaac e Mary permaneceram relutantes em interagir com a família, mas Anthony, e principalmente Emilio, se mostraram gentis e simpáticos ao reencontrar os primos. Após as brigas do Conde falecido, John, com o irmão mais novo a alguns anos atrás, era imensamente surpreendente que enfim os primos estivessem ali, prestigiando o baile de Olivia e David. O Conde e sua Condessa aceitaram a vinda dos tios como um acordo de paz.
David, Charlie e os primos recém-chegados aproveitaram o clima ameno para cavalgar durante a tarde, e após o jantar, que havia sido servido há pouco, a família completa jogava no salão de visitas, acompanhados pelos demais convidados que eram hóspedes ali.
Cristine jogava xadrez com Charlotte, em uma mesa próxima a janela, quando a segunda avisou que estava muito cansada e infelizmente não ia conseguir terminar a partida. Pedindo desculpas, ela se retirou para descansar. Cristine ofereceu para acompanhar a prima, mas rapidamente o marido já estava ao lado de Charlotte e o casal deixava o salão. O lugar da prima não permaneceu vazio por muito tempo, pois logo foi substituído pelo Sr. Smith, que não aguardou sequer ser convidado para sentar-se.
- Vou substituir a Sra. Bothwell. - Informou Richard, enquanto movia o bispo preto no tabuleiro de xadrez. - Creio que ela largou o jogo em andamento.
- Não me lembro de ter convidado o senhor para se sentar. - Alegou Cristine, estalando a língua.
- Ah, o jogo de cartas com seus primos estava entediante, - falou ele, apontando para a mesa do outro lado da sala, onde ele estava jogando cartas com Charlie, Emilio e Anthony até poucos minutos atrás. - já tinha ganhado duas partidas.
- Entendo. - Foi tudo o que Cristine respondeu, enquanto movia sua torre branca no tabuleiro. Ela jamais admitiria para ninguém, mas uma parte pequena dela, uma parte egoísta e mesquinha, se sentiu bem quando o Sr. Smith se aproximou. Algo nele a atraia, e embora ela soubesse que não deveria se aproximar, quando ele se aproximava tão diretamente dela, ela sentia um solavanco em seu peito.
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Os primos do Conde
RomanceA tradicional família Penwood, pertence ao seleto grupo de nobres que compões a aristocracia da Inglaterra do século XIX. Ser um membro da família Penwood significa ter muito poder e dinheiro, e Charlie, primo do Conde de Penwood, por não ter qualqu...