Cristine teve sucesso em evitar a presença de Sr. Richard Smith por vários dias, mas não obteve o mesmo sucesso em evitar que ele rondasse seus pensamentos.
Ele era tudo o que ela detestava: imoral, libertino, desavergonhado. Então por que mesmo tendo consciência de que não podia pensar nele, os pensamentos de Cristine acabavam voltando para aquele toque de mãos entre eles na sala de jantar, ou pela intensidade como ele havia a olhado perto do lago, Cristine não sabia responder. Tudo o que ela sabia, era que não podia se encontrar com Richard, por que não fazia nenhum bem a ela passar todas as suas noites pensando nele, enquanto ela deveria estar se preocupando em encontrar um cavalheiro respeitável da alta sociedade que estivesse em busca de uma esposa para se casar, - exatamente o oposto de Sr. Smith.
Cristine tinha criado sua própria rotina em seus dias em Penwood House: ela acordava, se arrumava com a ajuda da criada, e em seguida descia para comer a primeira refeição na companhia de sua família. Propositalmente, ela descia mais tarde, quando os homens já tinham deixado a residência para suas atividades ao ar livre. Entretanto, conversando com suas primas, ou sua mãe, ela acabava por saber onde eles estavam e quais seriam as atividades que praticariam naquele dia.
Um ou duas vezes, Cristine saiu furtivamente com a companhia de sua criada para dar uma volta nos jardins da residência, passando propositalmente perto de onde os rapazes estariam, sem deixar que eles as vissem, é claro. Em uma das vezes, os rapazes estavam pescando no enorme lago que era parte da residência, e a moça percebeu sem dificuldades, qual dos rapazes era o Sr. Smith. Ele se destacava dos outros devido a grande estatura, e os cabelos negros, tão diferentes do tom mais claro dos primos. Ele tinha a pele bronzeada, ainda mais bronzeado do que o Sr. Bothwell, que havia acabado de retornar de sua viagem pela Índia.
Ela observou atentamente, tomando cuidado para se manter escondida pelas arvores, enquanto o Sr. Smith dobrava as mangas da camisa branca, deixando o antebraço musculoso exposto. Ela nunca tinha visto algo tão sensual em toda a sua vida, e quando se deu por si, estava ofegante e corada, escondida atrás de uma árvore. Ao menos a criada teve o bom senso de não contar sobre esses passeios pelo jardim para ninguém da família, o que garantiu que Cristine não fosse descoberta.
Em uma manhã do início de setembro, enquanto chegava ao salão para se juntar as mulheres para realizar a primeira refeição do dia, ouviu Charlotte comentar:
- Sebastian disse que Charlie e o Sr. Smith não se juntariam à ele e David hoje para caçar. Aparentemente os rapazes vão passar o dia na vila.
- E o que há de tão interessante para fazer na vila durante o dia inteiro? – Perguntou Cristine, enquanto se sentava junto à mesa. Ela não queria demonstrar interesse no americano, mas em alguns momentos ela simplesmente não conseguia evitar.
- Bom dia, querida prima. – Zombou Charlotte. – Para mim? Bem, gosto de ir a vila para visitar a modista, o boticário, ou mesmo tomar um sorvete... Mas duvido muito que Charlie e o Sr. Smith tenham ido atrás de uma dessas coisas.
- Certamente foram atrás de atividades um pouco mais interessantes para eles. – Falou Olivia com um sorrisinho apontando nos lábios.
- Olivia! – Repreendeu Sra. Watson, em tom de reprovação. – Esse tipo de comentário não é pertinente para uma dama.
- Ora Sra. Watson, Olivia só disse que eram atividades mais interessantes, não mencionou que eles estariam em busca de atividades libertinas, o que é claro, estão. – Respondeu Charlotte, com o semblante tão sorridente e inocente, que não parecia que a palavra "libertina" tinha acabado de deixar seus lábios.
Cristine engoliu em seco, sabendo muito bem o que atividades libertinas significavam. Apesar de ser inexperiente nesse tipo de assuntos, ela e as primas conversavam abertamente, e tanto Charlotte, quanto Olivia, sempre responderam sinceramente às dúvidas de Cristine a respeito do leito conjugal. Sendo assim, a moça tinha uma bela noção de que tipo de atividade o primo e o senhor recém-chegado estavam atrás.
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Os primos do Conde
RomanceA tradicional família Penwood, pertence ao seleto grupo de nobres que compões a aristocracia da Inglaterra do século XIX. Ser um membro da família Penwood significa ter muito poder e dinheiro, e Charlie, primo do Conde de Penwood, por não ter qualqu...