- Thomas, por favor, peça para que colham lírios. - Ordenou Charlie, assim que terminou sua primeira refeição na manhã seguinte.
- Lírios senhor? - Perguntou o mordomo, sem entender a razão do pedido do rapaz.
- Sim, lírios. Os mais bonitos que existirem nesses campos! Lírios coloridos, de todas as cores que puderem encontrar! Ah... E peça para fazerem um buquê! O maior buquê de lírios que a Inglaterra já viu! - Explicou Charlie visivelmente excitado.
O mordomo assentiu, mas Charlie observou que o olhava como se ele estivesse ficando louco. Ele não poderia culpar o mordomo, afinal, por que um cavalheiro pediria para o mordomo arrumar um enorme buquê de lírios para ele? Bem, ele torceu para que o mordomo não se atentasse as razões e apenas fizesse o que lhe fora pedido. Ele sabia que não estava sendo muito racional, mas ele mesmo não podia conter suas emoções.
Charlie caminhou até a biblioteca de Penwood House, e notou que o ambiente adjacente, o escritório do Conde - atualmente representado por David, - estava vazio, então ele sentou-se diante da enorme mesa de madeira e começou a escrever um breve bilhete:
"Lady Albany,
Tomei a liberdade de envia-la esse buquê, porque acredito que ele fará uma linda combinação com a sala de música.
Espero que aprove.
Agradeço pela companhia nessa tarde.
Ass. Sr. Charlie Penwood."
Ele imaginou o sorriso no rosto de Amelie quando ela recebesse as flores, e aquele pensamento era o suficiente para fazer com que ele sorrisse por um dia inteiro. Charlie esperava que o colorido do buquê trouxesse mais alegria para a duquesa naquele castelo escuro, afinal, ela merecia sorrir.
Com o barulho de alguém entrando na biblioteca, Charlie acordou de seus devaneios e rapidamente dobrou o papel, escondendo o bilhete que escrevera. Para sua surpresa, não era David que chegara, mas sim sua prima Cristine.
- Charlie, me desculpe, não sabia que estava aqui. - Falou ela, quando percebeu a presença dele.
- Não se preocupe, já terminei o que eu tinha que fazer, pode ficar a vontade.
- Na verdade eu só vim pegar um livro. Eu havia começado a ler há alguns dias, mas não terminei, então vim buscá-lo para continuar a leitura. - Explicou ela, virando-se para as enormes estantes repletas com livros de todos os tamanhos e grossuras. Ela começou a procurar pelo titulo, mas a enorme variedade tornava essa busca difícil.
- Posso ajuda-la a encontrar. Qual seria o título? - Perguntou ele, guardando o bilhete que escrevera em seu bolso discretamente.
- Cinderela. - Respondeu Cristine.
- Bem, não conheço tal história. - Falou Charlie enquanto começava a procurar pelo livro para ajudar a prima. - É interessante?
- É um romance, não creio que você gostaria de ler.
Charlie assentiu com uma careta. Sua prima estava certa, ele jamais se interessaria por ler um livro de romance, haviam coisas bem mais interessantes para ler, como o periódico, ou algum livro sobre guerras, ou até mesmo um livro sobre a Grécia que ele havia visto sua prima Charlotte ler certa vez.
- Achei! - Exclamou Cristine, com um sorriso no rosto. Mas pela primeira vez desde que Cristine chegara na biblioteca, ele olhou para ela, e observou que o sorriso que ela estampava tentava esconder um semblante triste, e embora Charlie não se considerasse uma pessoa sensível, ele sabia exatamente porque Cristine andava tão triste ultimamente. Ele mesmo tinha presenciado Tia Lórien maltrata-la na noite anterior e, depois disso Cristine saíra do baile aos prantos. Charlie pigarreou, se sentindo o pior dos seres humanos: ele havia se esquecido do incidente com Cristine! Ele estava tão animado por ter conhecido aquela mulher, que acabou por esquecer do sofrimento da prima.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os primos do Conde
RomanceA tradicional família Penwood, pertence ao seleto grupo de nobres que compões a aristocracia da Inglaterra do século XIX. Ser um membro da família Penwood significa ter muito poder e dinheiro, e Charlie, primo do Conde de Penwood, por não ter qualqu...