Capítulo 2

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Ao primeiro raio de sol, mãe e filha já estavam na carruagem tomando a estrada em direção ao Kent.

Cristine tinha passado o resto do dia anterior organizando suas bagagens, sob a supervisão da mãe, e ao se deitar, estava completamente exausta. As poucas horas de sono não haviam sido suficientes, e agora ela tentava dormir um pouco, apesar do balanço da carruagem. Mas Lorien, ao que parecia, estava tão ansiosa para chegar logo à residência do sobrinho, que não parava de tagarelar por um só segundo. Para manter sua sanidade, Cristine esperava sinceramente, que pudesse encontrar um cavalheiro com quem pudesse se casar, no Kent, assim, não precisaria fazer a viagem de volta com a mãe.

Ela sabia que era horrível de sua parte pensar assim, e todos os domingos quando ia para a igreja perdia perdão por seus pensamentos sobre a mãe. Mas ainda assim, na semana seguinte Cristine voltava a pensar no quanto desejava encontrar um lorde para se casar, e assim se ver livre da mãe. É claro que ela nunca deixaria de amar e zelar pela mãe, mas viver sob o mesmo teto que ela, seguindo suas regras e ordens se tornava cada dia mais difícil.

As duas damas pararam em uma estalagem respeitável, frequentada pelos nobres que faziam a viagem para o Kent, para passar a noite e, no segundo dia após o almoço, finalmente chegaram em Penwood House.

O verão já estava deixando a região, e os primeiros ventos começavam a atingir o Kent durante as noites, com a proximidade da chegada do Outono. Setembro era o mês preferido de Cristine, pois a temperatura costumava ser agradável, sem o calor insuportável do verão, e ainda sem os ventos congelantes do inverno. Essa manhã estava nublada, mas com temperatura agradável, não sendo necessário usar qualquer tipo de capa ou casaco durante o trajeto. Sua mãe, entretanto, ainda reclamava do calor.

- É sempre tão quente aqui essa época do ano. – Lamentou Lorien, se abanando com um leque bordado enquanto a carruagem corria sob o pavimento recém-cuidado da mansão.

- A temperatura está agradável mamãe, e ficará ainda mais ameno ao anoitecer. Dentro de alguns dias os ventos do outono devem chegar, não se preocupe. – Respondeu Cristine, tentando levantar os ânimos da mãe.

Lorien deu um grunhido indecifrável, provavelmente reclamando sobre qualquer coisa, e Cristine preferiu não perguntar a mãe o que ela havia falado, apenas virou o rosto para a janela da carruagem e observou a linda paisagem.

Para Cristine, os ares do campo eram revigorantes. A paisagem de Penwood House sempre a deixou maravilhada, e durante suas aulas de pintura, com uma de suas preceptoras, ela havia pintado essa paisagem dezenas de vezes. Cristine respirou fundo, já conseguindo sentir o cheiro tão reconfortante do campo, de Penwood House com sua grama recém-cortada e os agradáveis bosques de flores silvestres.

A carruagem parou, e Cristine e Lorien desceram com a ajuda de um dos criados, enquanto os outros já começavam a descarregar suas bagagens. Foram guiadas pelo mordomo pelas enormes portas duplas de madeira, para serem recepcionadas pelos anfitriões.

O Conde e a Condessa aguardavam por elas na sala de visitas. Olivia estava bela como sempre, em um vestido azul de passeio, e o cabelo preto preso em um coque alto, enquanto segurava a Elizabeth em seus braços. David estava impecável com seu traje preto e branco, parecendo mais maduro do que nunca, embora ainda tivesse os traços do rosto jovens e alegres. A pequena Elizabeth dormia tranquilamente nos braços da mãe, envolta em um manto branco bordado.

- Cristine, Sra. Penwood, que bom revê-las! – Falou Olivia, assim que o mordomo abriu a porta e anunciou as visitas.

- Olivia, querida! – Falou Cristine, empolgada. Correu para dar um abraço em Olivia, enquanto não pode deixar de perceber o olhar de desaprovação da mãe, por tratar a lady com tamanha intimidade. Mas Cristine tinha certeza que Olivia não se importara, pois ela mesma havia pedido diversas vezes para que ninguém da família a tratasse por 'condessa'.

Os primos do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora