A sala das mulheres estava excepcionalmente cheia essa tarde. A Sra. Watson e a Sra. Gibbs sentavam-se em um sofá com estofado da cor creme em um canto da sala, enquanto bordavam toalhas e cobertas para o bebe de Charlotte, que, a julgar pelo tamanho da barriga, não poderia demorar muito para nascer.
A sala toda era decorada em tons amarelos, com um lindo papel de parede estampado com pássaros amarelinhos voando, forrando todas as paredes. Um enorme sofá, e duas poltronas adjacentes compunham o mobiliário do centro da sala, enquanto um sofá menor estava em um canto, e no outro canto, o piano e outros instrumentos musicais. Além disso havia uma pequena mesa redonda, com quatro cadeiras, onde as damas frequentemente jogavam cartas.
Charlotte por sua vez, estava deitada no maior sofá, no centro do salão das mulheres, enquanto Cristine, que estava sentada na ponta do sofá, massageava os pés cansados da prima.
- Olivia, se me disser que deseja ter outro bebê, vou concluir que está completamente fora de si, e manda-la para um sanatório. – Resmungou Charlotte, indicando os pés inchados e cansados pela gravidez.
- É claro que eu desejo ter outro bebê, Charlotte. Quero dar muitos filhos a David. E garanto-lhe que quando o seu filho nascer, você não se contentará até que venham os próximos. – Respondeu Olivia.
- Oh, duvido muito! Se esse for o caso, pode me incluir na visita ao sanatório. Ficarei satisfeita em ter um monte de sobrinhos, e vou amá-los como se fossem meus próprios filhos. - Falou ela, piscando para Olivia.
Olivia descartou um comentário com um aceno de mãos, enquanto Cristine colocava uma almofada em baixo dos pés de Charlotte e continuava a massagear. A mãe de Cristine, Lorien estava sentada no sofá mais afastado, segurando um livro em suas mãos, mas ao julgar pela demora em que levava para passar cada página, Cristine duvidava muito que a mãe estivesse lendo qualquer coisa.
A Condessa estava sentada no chão, ao lado de Jane, que brincava com a pequena Elizabeth no tapete. Jane havia frequentado as aulas cinco anos atrás, quando Charlotte e Sebastian criaram a escola comunitária na residência dos Penwood. Um tempo depois, as circunstancias fizeram com que Charlotte levasse a garota para viver em Penwood House, e quando ela havia se mostrado muito inteligente e perspicaz, acabara por garantir a vaga de professora da escola. Atualmente vivia nas redondezas da residência dos Bothwell, em um chalé ofertado pela Viscondessa, mãe de Sebastian, e ministrava as aulas na escola, e assim se tornara cada vez mais íntima da família.
Olívia nunca escondera de ninguém o quanto havia se afeiçoado a menina, e por isso, sempre que possível, convidava Jane para tomar o chá da tarde com ela em Penwood House, já que haviam construído uma grande amizade. Essa tarde, como de costume, Jane havia sido convidada para tomar o chá, especialmente para poder rever Charlotte, que havia salvado a jovem de um destino horrível anos atrás. Cristine também havia conhecido a jovem naquela época, e a cada visita de Cristine a Penwood House, a amizade das duas crescia.
- Jane, me diga, quantos anos têm mesmo? – Perguntou Charlotte.
- Dezoito, Sra. Bothwell, completarei dezenove no inverno. – Respondeu a menina, que continuava a tratar Charlotte com cortesia, mesmo após a insistência para que a tratasse pelo primeiro nome.
- Já foi a um baile? – Perguntou Charlotte, erguendo as sobrancelhas em seu rosto acomodado entre grandes almofadas.
- Oh... É claro que não, - respondeu Jane, encabulada, com a voz baixa de sempre. A menina era muito tímida. – Não existem bailes para minha classe social, senhora. – Explicou.
- Você gostaria de vir para o baile que David e Olivia oferecerão na próxima semana?
- Oh, que ótima ideia, Charlotte! – Exclamou Olivia animada. – Não sei como não pensei nisso antes! Por favor, venha, Jane!
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Os primos do Conde
RomanceA tradicional família Penwood, pertence ao seleto grupo de nobres que compões a aristocracia da Inglaterra do século XIX. Ser um membro da família Penwood significa ter muito poder e dinheiro, e Charlie, primo do Conde de Penwood, por não ter qualqu...