Capítulo Dez

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2 de Novembro de 2009

Não recebi nenhuma mensagem de Daniel no domingo e nem na segunda que faltei a aula. Estou com medo do que podem dizer, de como vão me olhar e o que vão fazer. Não sou particularmente o que você pode chamar de "gay explícito", sou quieto, na minha e não apresento nenhum trejeito dos personagens gays de filmes. Então, para alguém perceber que sou gay, teria que se aprofundar muito nos meus gostos e personalidade ou... me ver beijando um garoto.

Mesmo que não tenha recebido nenhuma mensagem. Recebi mais de dez da Emma, me falando como ele está sempre passando perto dela, com um olhar de que está procurando algo, ou alguém.

Só não quero que esse alguém seja eu. Ou quero?

Que eu consiga seguir meu dia na escola normalmente. Pego meus materiais no armário enquanto converso com Emma sobre assuntos aleatórios - Sem deixar de prestar a tensão para nenhum sinal de Daniel em lugar algum - Aulas quietas e testes absurdamente difíceis.

No primeiro intervalo, fujo até a biblioteca para devolver alguns livros do trabalho recente de Inglês. E aproveito para pegar livros novos para ler, a falta de Daniel me fez devorar livros um atrás do outro já que ele não me enchia de mensagens e ligações durando o dia.

— Deus, já procurei em duas prateleiras inteiras, onde tá aquela droga de livro... — Sussurro entre as prateleiras da biblioteca silenciosa — Tenho que achar essa merda rápido, antes que ele resolva aparecer do nada — Concluo meu pensamento em voz alta.

— Ele quem? —  Uma voz familiar a minha esquerda interrompe meus pensamentos, carregando um frio que percorre toda minha espinha — O que você tanto evita nessa escola? Ou melhor, "quem"? — Daniel pergunta quando me viro em sua direção com a feição de quem viu um fantasma.

— O que você tá fazendo aqui? — Evito a pergunta com outra.

— É uma biblioteca, o que mais poderia estar fazendo aqui?

— Me observando? — Rebato, sem fazer realmente a mínima ideia do por que ele estava aqui.

— O mundo não gira ao ser redor...

— Mas você gira, o suficiente pra ficar rondando Emma pela escola ontem — Solto cruzando os braços.

— Ela te contou? — Ele pergunta surpreso.

— Claro que me contou — Respondo impaciente — Me fala logo, o que você quer Daniel...

— Eu quero você... Já não deixei claro isso no sábado?

— Você deixou mais do que claro no último mês inteiro — Afirmo colocando o livro errado no lugar.

— Todo mundo já sabe de mim Benji. E melhor, já sabem de nós! — Ele diz chegando perto.

— E quem disse que eu quero que todos saibam de "nós"? E nem existe "nós" — Respondo dando um passo para trás.

— Não existe por que eu tava cansado de correr atrás e tentar ler os seus sentimentos, sem saber o que você sentia por mim — Daniel solta impaciente com tudo, fazendo algumas pessoas nos olharem de canto de olho.

— Eu, literalmente, te liguei no celular e no telefone fixo e você não me atendeu! — Devolvo sua revolta sussurrando.

— Quando que você fez isso? Não tinha nenhuma mensagem em nenhum deles.

— Eu não deixei mensagem, imaginei que não quisesse falar comigo — Respondo percebendo a burrada que cometi em não deixar nenhuma mensagem.

— Quantos vezes vou ter que repetir que te quero? — Ele pergunta mais uma vez — Eu não quero só falar com você, não quero só ser seu amigo ou um estranho que te admira de longe... Quero ficar perto de você — Fala, fazendo de acordo e chegando mais perto, baixando seu tom de voz — E mais do que tudo — Ele engole em seco — Quero beijar você — Conclui chegando perto do meu rosto, dos meus lábios. Perto o suficiente para sentir sua respiração quente sobre eles.

Meu Amor Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora