20 de Dezembro de 2009
O Natal está mais perto do que nunca - dessa vez realmente está - não me vejo como uma pessoa tão comemorativa, mas esse ano aumentei um pouco minhas expectativas. Com tudo que estava acontecendo, parecia que seria finalmente algo especial. Mas os pais de Daniel foram embora faz dois dias. E queria poder dizer que tudo voltou ao normal mas tudo tem sido o completo oposto de normal.
Para começar, ele não parece nem um pouco bem com a partida dos pais. Tentei pergunta-lo mas ele sempre foge do assunto, dizendo que está bem. Sei que não é verdade, vejo em seus olhos e seu sorriso - que nem tem estado em seu rosto tanto assim - até mesmo no dia a dia quem tem puxado mas assunto sou eu, algo que não é comum.
Em segundo, temos minha irmã, que tem agido tão estranha quanto Daniel. Mas uma semana que chego em casa e está tudo vazio. Meus pais eu seu silêncio a noite no quarto dormindo e Emma sumida em alguma festa da faculdade ou sei lá, ela obviamente não se importa mais em me dizer.
Eu gostava do silêncio, por um tempo. Mas me acostumei com o barulho de Agatha abrindo minha porta para me acordar quase todo manhã. De Daniel me puxando para os lugares enquanto fala a beça sobre qualquer coisa que vem a sua mente. E principalmente, à única amiga que fiz antes de todos, simplesmente não se sente confortável em compartilhar sobre sua vida comigo.
Eu não era bom em segurar amizades em São Francisco. Não os dava muita importância e não me preocupei em manter contato quando parti. Mas mas achei que podia fazer diferente aqui. Mas qualquer lugar que eu vou, tudo continua igual.
— Bom dia... — Comprimento Agatha, quando a vejo na cozinha com cara de sono — Acordei mais cedo pra fazer seu café da manhã — Sorriu, tentando anima-la
— Obrigada — Ela me da um sorriso fraco de volta — Mas não to com fome, vou só tomar um café e sair.
— Senta aí então, eu faço pra você — Falo já pegando uma caneca na gaveta.
— Não precisa, eu sei fazer meu café — Responde irritada
— Me deixa te ajudar — Tento afastá-la um pouco do balcão
— Cara, qual o seu problema? — Agatha grita.
— Qual o MEU problema? Qual o seu problema? Eu tô só tentando te ajudar e você--
— É, só que se eu quisesse sua ajuda, pediria.
— Então se vira aí, sua idiota — Batendo os pés até meu quarto igual uma criança, foda-se os vizinhos de baixo. Posso ouvir seu grito abafado da cozinha
***
— Eu juro que não sei mais o que faço — Digo a Daniel, que estava sentado comigo no ponto de ônibus em frente ao meu prédio, algo que virou rotina mesmo com meus protestos sobre ele andar de sua casa até a minha.
— Aham...
— Eu tento, tento e tento, mas ela só me afasta. É como se nem fosse mais ela. Entende? — Me viro para ele ao falar, mas percebo ele distraído, olhando para o nada — Você não tá nem prestando atenção — Solto desapontado — É disso que eu tô falando, como se eu tivesse conversando com parades que só me empurram pra longe.
— O que? — Ele me pergunta voltando de seu transe.
— Quer saber, — Me levanto e coloco minha mochila nas costas — Eu vou andando hoje.
— Benji, espera eu--
— Esperar o que Dante? Você nem presta atenção em nada mais, é como se você estivesse aqui mas não estivesse ao mesmo tempo. Eu tento te entender mas você não me deixa, você só me afasta também dizendo que tá tudo bem. A gente conversou faz só cinco dias sobre se abrir mais e não esconder as coisas. Mas parece que só eu que estou pelo menos tentando. Olha, se quer tanto ficar sozinho é só me dizer! — Me viro e saindo andando pela calçada. Sei que parece que adoro fazer uma cena, mas é meu único jeito de não encarar Daniel ou qualquer outra pessoa com a cara mais fechada do mundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Amor Por Você
RomanceBenjamin, um garoto quieto e de poucos amigos se muda para uma nova cidade em Detroit. Na crença de que não precisava de ninguém e que ficava melhor sozinho, mesmo sabendo que lá no fundo, procurava uma conexão real que nunca havia tido antes. Em u...