Capítulo Nove

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30 de Outubro de 2009

— O que você achou? — Emma pergunta pela videochamada no Skype, fazendo uma pose igual à da Regina George com sua fantasia de coelha do filme — Estou igual uma vadia?

— Sim, e nenhuma outra garota pode falar nada sobre isso — Digo colocando minhas orelhas, estou indo de Gretchen com sua fantasia de gatinho.

— Eu te ensinei tão bem — Ela fala, colocando a mão no peito, orgulhosa — Mas não sei, nunca coloquei nenhuma roupa assim antes... — Diz se olhando no espelho.

— Emma, você tá linda — Afirmo focando em sua imagem na tela — Nunca te vi nervosa desse jeito. Meu Deus, você vai encontrar alguém?

— O quê?! Claro que não — Emma nega com uma risada nervosa, se entregando.

— Você vai sim — Insisto rindo — Por isso você está tão nervosa, por que você nunca me conta essas coisas?

— Sei lá, não acho nada de mais. Ele vai estar lá e nós vamos conversar, só isso.

— É um encontro! Cara, eu tô tão feliz, será que dá em algo?

— Não sei, não gosto de ficar botando fé.

— Por quê? Isso estraga todo o encontro.

— O que estraga é quando descobrem que sou trans... Eles sempre fogem e eu me machuco, por isso não gosto de incomodar ninguém sobre a minha vida. Não quero ninguém me olhando com pena — Ela solta com uma feição triste do outro lado da chamada.

— Emma, você sempre pode falar sobre essas coisas comigo. Eu tô te falando, esse vai dar certo — Digo de forma incentivadora — Você vai ver!


***

Uma hora se passa e Emma e eu estamos parados na frente do prédio espelhado do nosso ex-amigo Daniel.

— E aí? Vamos? — Pergunto, suando frio — A menos que você não queira, porque ainda dá tempo de voltar — Digo covardemente

— Cara — Emma pega na minha mão — Nós chegamos até aqui, vamo fundo agora. Não tem mais volta — Ela diz com suas mãos suadas de nervosismo.

Nós entramos no prédio e um homem alto e loiro que ficava na portaria nos fala para subir até o último andar do elevador e seguir o lance de escadas em direção ao salão de festas. O lugar era bonito, tenho que admitir; algumas mesas espalhadas, um DJ e bebida, muita bebidas. Não acho que preciso falar sobre as pessoas, mas por que não? Ao que parece, a maioria não conhece uns aos outros e estão perdidos na multidão assim como nós. E os que se conhecem estão trancados em seus grupos de sempre, mexendo no celular, tirando fotos e bebendo sem parar.

— Vocês vieram! — Daniel surge sorrindo no meio da multidão.

— Sim, eu sou a "acompanhante" que tava escrita no convite do Ben — Emma diz enquanto sorri antipaticamente. E logo sai andando sem deixar que responda.

— Bom te ver aqui... — Ele fala, me olhando nos olhos.

— É, eu sou uma pessoa ótima de se ver mesmo. Feliz Aniversário! — Falo dando dois tapinhas em seu peito e andando na direção de Emma. Podia sentir meu coração parar por 10 segundos.

Uma hora e meia se passa e cada vez mais adolescentes desinteressantes ficam mais bêbados do que o normal e tornam o banheiro cada vez mais insalubre, ou seja, o único jeito de sumir dessa loucura seria indo embora e algo me diz que Emma não estava pronta para largar a boca do garoto com um buzzcut que ela não se importou de dizer o nome.

Meu Amor Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora