4 de agosto de 2009
Acordo em pela manhã com os raios de sol atravessando as frestas da cortina e repousando sobre minha cama. Abro os olhos vagarosamente, lutando contra a vontade de continuar deitado sem fazer nada o dia inteiro. Mirando o teto com um olhar vazio como faço todas as manhãs, me esforço a concentrar minha mente para dar o próximo passo sem cair. Sento na cama e sondo o quarto. Roupas jogadas em cima da escrivaninha de madeira escura, armário aberto e caixas empilhadas cheias de coisas dentro. Vejo o relógio digital do criado mudo marcando 08:04 da manhã.
Me levanto e vou até uma das caixas escrito "Roupas Benji", procurando uma roupa mais confortável para vestir. Depois que pareceu ser anos de procura e montes de roupas jogadas, separo um short preto e uma camisa antiga escrito "Summer". Deixo "The Only Exception" do Paramore tocando no mini rádio enquanto tomo banho no banheiro perto do quarto. Após um banho refrescante, estou pronto para começar meu dia com minha cara de bunda de sempre.
Faço meu caminho até a cozinha e já do corredor posso sentir o cheiro dos ovos fritos do meu pai, a única coisa que eu acho que ele saiba fazer, mas não reclamo já que ele não está sempre aqui para fazê-los. Observo minha mãe fazendo café e meu pai separando os ovos, sempre os vi como um casal perfeito, sem brigas, sem desentendimentos, sempre sorrindo quando olham um para o outro. São como aqueles livros de romance no qual eu não acredito, mas leio mesmo assim, um amor de colegial que perdurou até a idade adulta sem diminuir nem sequer um pouco. Minha mãe, uma mulher de longo cabelo negro e ondulado, olhos castanhos e de estatura média. Conheceu meu pai aos 15 anos no ensino médio. Meu pai, de cabelo curto e castanho, olhos azuis e um pouco mais alto. Conseguiu realizar a façanha de conquistar o coração da minha mãe, mais conhecido como indomável, nem a própria família tinha fé que ela fosse achar alguém que a fizesse entrar em um compromisso, muito menos aguentar sua boca tagarela.
– Olha só quem acordou – Minha mãe fala animada quando me vê – Cadê o sorriso da mamãe?
– Estou tão cansado – Falo em seco, formando um sorriso frouxo – Preciso sair hoje – Digo me sentando na mesa da cozinha – Comprar meu material escolar e dar uma volta pela cidade.
– Chama sua irmã pra ir com você, as aulas da faculdade começam amanhã e ela ainda não comprou os livros dela – Concordo com a cabeça enquanto ajudo meu pai a colocar a mesa.
– Vamos comer?! – Meu pai grita até de mais para alguém que mora em um apartamento. E em alguns segundos aparece minha irmã, ainda de pijamas e descabelada.
– Cara, você tem 15 minutos pra se arrumar depois do café e vamos comprar seus livros e meu material – Digo tomando um gole do meu café.
– 15 minutos? – Pergunta de forma sarcástica – Faço tudo em 5 e ainda desço a porrada em você – Ela ameaça apontando o garfo em minha direção.
– Só tenta... – Ameaço de volta estreitando os olhos. Nós dois rimos baixo e começamos a devorar a comida.
Depois do café tomado e minha irmã quase atrasada para sair, finalmente saímos de casa.
Fomos em uma loja própria da faculdade dela, onde compramos seus livros e, para minha sorte, eles também tinham uma área com materiais escolares.
– Ei pirralho, tá a fim de tomar um sorvete? — Minha irmã pergunta assim que saímos da loja.
– Não sei... Tenho todas aquelas caixas pra terminar de arrumar – Respondo tentando fugir do rolê aleatório.
– Ah! Vamos lá, eu pago – Ela insiste e eu aceito com um pouco de pena.
– Tá bom, mas só isso, depois direto pra casa.
– Você que manda capitão! – Responde com uma continência.
Minha irmã se chama Agatha. Seus cabelos são longos e ondulados igual nossa mãe, porém puxando o castanho do nosso pai, assim como sua altura.
– Ei, tá vendo aquele garoto ali? – Ela aponta para alguém atrás de mim, alguns momentos após sentarmos na mesa com nossos sorvetes.
– Para de apontar assim, é desrespeito! – Repreendendo em um sussurro.
– Do jeito que ele tá te encarando, não vejo problema em apontar pra ele não – Responde o encarando atrás de mim.
– Me encarando? – Dirijo meu olhar um pouco para trás disfarçadamente e percebo alguém me olhando, sinto uma vergonha tão grande que viro mais rápido que um raio, ficando vermelho.
– Calma, o máximo que vai acontecer é um buraco abrir na sua cabeça de tanto que ela te encara. Tipo, sério. Ele não para de encarar – Ela comenta e já consigo sentir sua indignação – O mané! – Grita para o rapaz – Tá encarando por quê?! Tem coragem pra vim aqui não é? – Nunca me senti tão envergonhado, levanto rápido e vou para o lado de fora da loja com minha cara vermelha. Minha irmã sai logo atrás preocupada.
– Ben, o que foi? – Ela toca em meu ombro, mas desvio logo em seguida.
– Por que você fez isso? – Pergunto irritado – E-Eu falei pra só tomar sorvete e você começou a puxar briga com um cara aleatório – Digo já elevando minha voz, sem me importar com as pessoas da rua – Eu não preciso que você fica me protegendo de tudo a minha vol--
– Ei, ei – Ela me interrompe – Tá tudo bem, vamo pra casa. Eu só não gosto de gente idiota, ainda mais se for com você. E se ele tivesse tirando sarro de você?
– Tudo bem, não importa mais. Eu só quero ir pra casa – Ela concorda e eu percebendo minha reação um pouco exagerada.
Mas tarde no mesmo dia, estava no meu quarto, a maioria das coisas já estava no seu devido lugar. As paredes eram todas brancas, o armário de madeira escura com um espelho ao lado direito do mesmo, em frente a escrivaninha uma grande janela com vista para a cidade. No centro do quarto à minha cama com o criado mudo e ao lado a porta. Nada muito elaborado, apenas o básico enquanto não coloco pôsteres e fotos reveladas antigas e novas.
Quando termino de arrumar tudo, pego minhas coisas e vou direto para o banho, encarando o espelho do banheiro assim que saio.
– É amanhã...
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Meu Amor Por Você
Storie d'amoreBenjamin, um garoto quieto e de poucos amigos se muda para uma nova cidade em Detroit. Na crença de que não precisava de ninguém e que ficava melhor sozinho, mesmo sabendo que lá no fundo, procurava uma conexão real que nunca havia tido antes. Em u...