As Fases da Lua - Lua Cheia [Livro 1]

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ஓீ፝͜͜͡͡Era inevitável temer o porvir.

Depois de ver Blaine partir, Sarah não queria voltar à entrar em casa e ter que conversar com seu pai, principalmente depois do incidente daquela noite quando ele a pegou aos beijos com Blaine de uma forma que ela imaginava que ele não gostaria de ter presenciado. Não queria levar um sermão e principalmente não queria brigar outra vez com seu pai, pois odiava quando aquilo acontecia. Ela acabava se machucando um pouco mais todas as vezes e futuramente talvez já estivesse ferida suficientemente para se tornar irreparável.

O vento soprou mais uma vez, tão frio quanto antes, o que fez com que ela se encolhesse novamente, esfregando as mãos nos braços no intuito frustrado de se aquecer. Aquilo de certa forma havia tirado de seu torpor. Agora via a floresta escura mais além. Ali era bem tranquilo por não ter vizinhos, mas de certa forma era um pouco solitário tendo em vista que passava o dia todo praticamente sozinha, mesmo que Kevin estivesse em casa, pois estava sempre trancado no seu quarto.

Finalmente a garota começou a dar suas primeiras passadas para entrar novamente em casa, mas o seu coração não parava de bater fortemente dentro da sua caixa torácica. Ela preparava o psicológico para o que quer que fosse vir de seu pai naquele momento. Ela se considerava uma boa filha, mas não queria ter que ouvir um sermão da pessoa que a magoou, sem ao menos uma desculpa anteriormente. Era como se ele perdesse de certa forma o direito de se impor sobre ela, já que tinha errado também.

Ela fechou a porta sentindo o aquecedor da casa fazer efeito quase que de imediato, aquecendo-a como uma baforada direta em sua direção. Os braços que outrora estavam gelados, agora se acostumavam coma temperatura ambiente, relaxando a pele.

Seguindo pelo corredor, pensou por um momento em passar direto e correr para o seu quarto para fugir daquela conversa, mas o pai dela permanecia parado com os mesmos braços cruzados de antes, quase como se tivesse se congelado até que ela finalmente voltasse. Os olhos dele a encontraram e ela sabia que era tarde demais para tentar qualquer artifício de fuga, portanto se obrigava a permanecer ali na presença dele com aquele ar tão imponente.

Ela parou fitando-o, esperando que ele dissesse alguma coisa, mas tudo o que fez foi descruzar os braços e colocá-los na cintura, respirando fundo logo em seguida e levando uma das mãos pousadas até o rosto passando-a levemente pela região da boca, quase como se limpasse alguma coisa provavelmente presa no bigode que já estava bastante grande desde a última vez que esteve bem aparado. Talvez arrumasse algum pelo que estivesse eriçado ou algo parecido. Ele olhou para o lado por um instante como se pensasse bem no que ia dizer a seguir, o que fez com ela sentisse uma pontada gélida em seu coração.

― Sarah, por que trouxe um garoto para essa casa enquanto eu estava fora? ― demandou ele aparentemente irritado, mas mantinha seu tom de voz controlado.

― Acho que não está numa posição muito adequada para pegar no meu pé nesse momento! ― rebateu ela com o sangue em seu corpo já fervendo.

― Sarah eu sou seu pai e exijo mais respeito! ― vociferou ele.

― É exatamente isso que irrita o Kevin! ― retorquiu ela. ― Você nunca está aqui para ser o nosso pai, mas aí quando te dá na telha você resolve aparecer e nos dar sermão como se fosse o nosso pai, mas acho que já abandonou esse cargo há algum tempo.

― Olha o jeito que fala comigo mocinha! ― repreendeu-a.

Sarah estava cansada daquilo. Estava cansada de discutir com ele, dizer o quanto precisava de um pai presente em sua vida depois que sua mãe os deixara. Ela não queria apenas brigar com ele e o odiar para o resto da vida até que a morte o levasse também e ela sequer pudera ter mais momentos bons ao lado dele que pudessem suprir a falta que ele faria, assim como acontecera com sua mãe. A dor da perda não diminuía, mas ao menos ela teria coisas boas para se lembrar.