11 - "A verdade é cruel"

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Jungkook pov

Uma semana depois.

O pôr-do-Sol no horizonte indicava que a noite estava prestes a cair sobre a cidade e quanto mais eu pensava sobre isso, sobre a noite de hoje, mais me sentia ansioso e suava frio. Não queria, mas era mais forte que eu, me sentir animado e cheio de expectativas. Estava num parquinho próximo à casa da Heather, sentado em um dos balanços e esperando Taehyung voltar com os nossos sorvetes de chocolate, pois viu um senhor simpático do outro lado da rua com sua carroça anunciando os produtos, e não resistiu, dizendo que já fazia muito tempo desde a última vez.

Ao lado dos meus pés, no chão, estavam nossas mochilas com sacos de dormir, lençóis e algumas peças de roupa... Os últimos dias têm sido bastante aterrorizantes para todos nós, a morte de Park Jimin trouxe á tona algumas ameaças. Dos seus pais ao colégio, dos alunos aos alunos, da imprensa à família Jung, e principalmente às pessoas mais próximas da Samantha.

Estávamos sendo vigiados vinte e quatro horas. Onde quer que estivéssemos, recebíamos fotos nossas distraídos, dormindo, comendo, fazendo qualquer coisa... De números impossíveis de reconhecer ou rastrear. E mensagens extremamente doentias para dar ainda mais sabor ao nosso pesadelo.

Decidimos cuidar uns dos outros aqui fora enquanto as aulas não retornavam. Mas na verdade a situação dentro da instituição ia de mal a pior, nem sabíamos se realmente voltaríamos para lá. O colégio estava a beira de um precipício, quase fechando para sempre; seus segredos de anos atrás já não estavam mais tão seguros e isso deixava a família Jung desesperada.

Com isso, acabamos por passar mais tempo juntos. Eu, as amigas mais próximas da Heather e seus respectivos pares. Felizmente, não me sobrava tempo para pensar que eu era o único desacompanhado. Eu finalmente tinha amigos de verdade, trocava mensagens com pessoas diferentes, conversava, tirava fotos, sorria. Cada segundo com eles era como ganhar cinco minutos a mais no paraíso, porque finalmente todos haviam me aceitado e confiavam em mim. Eu finalmente fazia parte de algo, finalmente me sentia amado e não poderia estar mais agradecido.

Nos fins de semana eu sempre tinha muito o que contar ao meu psicólogo, que estava super contente por diminuir a dosagem dos meus remédios a cada consulta, me ver mais alegre e conseguir falar mais sobre como me sinto e me expressar com atitudes também. Já não usava mais moletons para esconder as marcas que meu corpo possuía, já não me sentia tão tímido ou assustado.

Eu estava finalmente progredindo.

Meu celular vibrou no bolso da frente da minha calça, e eu já sabia do que se tratava. Suspirei, pegando o aparelho e desbloqueado com uma sequência qualquer de números que criei. Lá estava Taehyung, na foto, sorrindo para o senhor que lhe mostrava os sabores. Engoli em seco, procurando com cuidado por qualquer coisa que fosse suspeito, mas, era inútil.

Quando Taehyung voltou segurando duas casquinhas com bolas de sorvete que pingavam no chão, entregou-me uma delas e sentou ao meu lado, pegando impulso para balançar pra frente e pra trás enquanto colocava o chocolate na boca antes que derretesse.

O mostrei a foto.

—Filho da puta... —gesticulou baixinho, procurando por algo aos arredores que nem ele mesmo sabia o quê. Parou o balanço e suspirou, mordendo o sorvete.— Como esse desgraçado faz isso?

—O cão é bem articulado. —lhe dei um sorriso amarelo, procurando fazê-lo sorrir. E funcionou.— Ele disse: "gostaria de arrancar os dentes dele um por um e fazer um colar".

Ele me encarou incrédulo.

—...Agora vou precisar sofrer pra dormir essa noite.

—Não vai, não. Vamos estar juntos, nada ruim vai acontecer.

Trouble;;VKOOK (Threesome)Onde histórias criam vida. Descubra agora