Emma e Ray voltaram para a Residência Gunpa — que no momento só tinha dois quartos e algumas paredes que haviam sido construídas a poucos dias — um pouco antes da reunião dos Hashiras acabar. Haviam tido a permissão de Ubuyashiki Kagaya para isso.
A Residência ainda estava em processo de construção, pois não havia nem quatro dias ainda que haviam sido nomeados como Hashiras, mas o trabalho dos Kakushis e outros envolvidos era realmente rápido, e rápido ao ponto de estar quase tudo pronto em quatro dias. Uma das única coisas que faltavam eram as estufas e talvez uma enfermaria, nem eles sabiam direito, não havia tido tempo de verem uma planta da casa.
— Parece que tudo estará pronto em cerca de dois dias! — Disse Emma, maravilhada, enquanto adentrava na residência. — Eles são realmente rápidos! Não acho que conseguiríamos isso assim antes, nem com toda aquela equipe super rápida que o Norman havia montado.
Depois da fala da ruiva, os dois fecharam a cara e se encararam, o assunto de seus amigos ainda era um ponto complicado, principalmente quando se falava de Norman ou Anna.
— Logo estaremos com eles — Ray colocou a mão no ombro da amiga ao vê-la com pequenas lágrimas se formando nos cantos dos olhos. — E eles nem estão sentindo nossa falta, não se preocupe, só precisamos de mais uns anos, assim, nossa missão aqui estará completa.
— Verdade... — Emma abraçou o amigo, que no momento já devia ser alguns centímetros mais alta que ela, mas não tão alto quanto Norman.
Ray retribuiu o abraço, seus pensamentos vagavam em lembranças em Grace Field, onde tudo parecia um mundo normal para os irmãos de consideração.
— Ei, Ray... Você acha que a Flor Vida nos ajudará aqui? Igual as Glicínias? XXX disse que iria nos ajudar, mas ainda não conseguimos fazer nem mesmo uma semente crescer...
— É claro que irá nos ajudar, tenho certeza que XXX não iria se rebaixar a esse nível de mentira, e, aliás, estamos construindo as estufas para um plantio mais adequado das Flores. — Ray saiu do abraço e olhou Emma firmemente nos olhos dela, tendo certeza de que ela não iria se deixar ir por um pensamento bobo. — Agora, é melhor irmos tomar um banho e dormir, tenho a impressão que teremos de sair cedo daqui novamente para os Kakushi, ou seja lá quem faça isso, continue a construção da Residência.
Emma acenou positivamente com a cabeça e os dois seguiram caminhos separados, cada um indo em direção a um banheiro diferente.
•~~~•
Emma acordou agitada e soando frio antes mesmo do nascer do sol, era já a terceira vez que tinha o mesmo sonho.
Decidiu, assim que saiu da cama, tomar um banho frio e fazer uma pequena sessão de treinamento após comer algo, queria esfriar a mente, tirar da cabeça pensamentos que atormentavam-a sucessivamente e que poderiam leva-la a loucura se desse atenção aos mesmos.
A rápida sessão de treinamento — que talvez nem pudesse ser chamada de rápida — consistia em vários alongamentos, corridas e manejo de espada. As vezes ela até mesmo usava espadas que nem eram de seu tamanho para treinar, apenas para o caso de, se não tivesse sua espada em mãos, poderia usar alguma outra sem dificuldade.
Ela começou correndo por volta de sua mais nova residência, mas não era qualquer corrida, pois nela, Emma tentava não fazer barulho nenhum, tentava ocultar sua presença sem precisar usar a Forma Zero e também ziguezagueava por entre as árvores. Tudo isso para se acostumar a diferentes ambientes e situações que poderia se encontrar.
Após toda a parte da corrida, Emma deu uma pausa e adentrou a residência para ver como Ray estava, os dois haviam adquirido esse hábito — de olhar um ao outro enquanto dormiam — por sempre estarem tendo que cuidar dos mais novos, porque eles sempre tinham pesadelos com os demônios durante a calada da noite. Ray dormia calmamente, se olhasse para ele talvez nem fosse capaz de dizer que mais de uma vez ele já estivera segurando uma arma, prestes a puxar o gatilho, para demônios.
Quando Ray acordou, Emma já estava na última parte do treinamento e treinava com uma espada de madeira com quase o dobro de seu tamanho.
— De novo? — Perguntou ele, da porta dos fundos da casa enquanto tomava um chá.
— Sim... Não consigo tirar da minha cabeça, mas acho que com os treinamentos e tudo mais acabo esquecendo um pouco.
Ray acenou com a cabeça, e deu um gole no chá.
— Ao menos você comeu algo, certo? — Era capaz de Emma já ter desmaiado de fome se não tivesse comido nada durante a manhã e Ray sabia disso, mas mesmo assim fez a pergunta que sempre fazia quando ela acordava bem cedo e começava a treinar.
— Por que você sempre me pergunta, hein, Ray? Você sabe que comi! — A voz manhosa de Emma fez Ray dar uma leve risada. — Quer treinar?
— Claro, só vou lá me trocar, já volto.
Depois disso, ambos ficaram lutando por um bom tempo, ora ou outra usavam uma das técnicas de respiração, porém poucas vezes, pois, querendo ou não, eles poderiam facilmente se matar ali.
Um bom tempo havia se passado e, durante uma pequena pausa que fizeram, o corvo de Emma pousou na frente dos dois fazendo, para qualquer um que ouvisse, um barulho estranho, quase como ruídos minimamente bem pensados, mas, para Emma e Ray, uma mensagem. Eles haviam ensinando seus corvos a se comunicarem usando código morse.
— Acho que temos de fazer aquilo... Nem parece que já são 9 horas, acordei tão cedo.
— Vem, vamos. — Ray rapidamente se levantou e ofereceu sua mão para Emma pegar e se levantar.
9 horas da manhã era o horário que haviam denominado para a hora de rezar por aqueles que morreram e que haviam sido muito importante para eles. Por esse motivo tinham um pequeno altar entre seus dois quartos com fotos de seu entes queridos que já não estavam mais entre eles, dentre essas pessoas: Yuugo e Lucas, aqueles que morreram nobremente para salvar a todos de Grace Field e Goldy Pond, Connie, o motivo de Emma e Norman terem descoberto sobre a verdade do mundo dos demônios e, mais importante, aquela que sempre havia sido uma mãe para eles, Mama Isabella, uma mulher de respeito que morreu salvando seus filhos e que, com lágrimas nos olhos, se desculpou.
O altar era relativamente pequeno, continha incenso de Glicínia e quatro fitas, cada uma com os nomes daqueles que se foram e seus números de identificação.
Eles rezavam, mas não para nenhum Deus, pois não acreditavam em Buda ou em Deus, e sim sabiam da existência de XXX, um Deus sem qualquer religião, apenas aquela da qual não eram realmente devotos. Então, a reza dos dois consistia neles sussurrando a linda canção de ninar de Isabella, uma canção da qual haviam criado uma letra que não eram capazes de cantar, se não, ao invés de ter somente algumas lágrimas escorrendo de seu olhos, eles estariam chorando.
— Eu sinto falta deles, Ray... — Emma se virou para o irmão de consideração e o abraçou, um abraço que logo foi retribuído.
— Eu também sinto, Emma... — Ele percebeu que, novamente, como depois de todas as vezes que davam 9 horas que eles iam rezar, Emma estava com lágrimas ameaçando cair, ela engolia o choro. — Talvez ainda nos...
Ray foi interrompido quando alguém abriu o shoji, certamente hesitante, pois havia aberto-o lentamente.
Ambos olharam para a figura que surgia na porta, agora entreaberta. A pessoa era ninguém mais, ninguém menos, que Kanroji Mitsuri, a Pilar do Amor, que, no momento, estava certamente envergonhada, já que estava com o rosto realmente vermelhos. Em suas não, Kanroji segurava um pequeno pacote com um cheiro doce saindo.
— A-a-ah! — Gaguejava sem parar. — M-me desculpem!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flores da Esperança (Tpn x KnY)
FanfictionOs novos Hashiras eram muito estranhos e todos conseguiam concordar com isso. Nenhum deles haviam fornecido sobrenome e também pareciam já se conhecer, mesmo antes de virarem Hashiras. Havia também outro motivo para essa impressão: os dois pareciam...