Ray estava desesperado; Ayshe havia aparecido sem motivo aparente naquele novo mundo, Emma ainda estava na Mansão Borboleta, o que o impedia de fazer qualquer bobagem e não ir visitar Shinobu no dia seguinte e o café preto tinha acabado.
Em aborrecimento, o garoto suspirou.
— A que devo sua visita? — Ele grunhiu, passando a mão pelo cabelo, o tirando do rosto.
Ayshe estava sentada à sua frente. O semblante assustadoramente frio de sempre adornava seu rosto coberto pela franja loira.
— Senti seu cheiro, assim como eles — fez carinho em um de seus lobos. — Não sei como vim parar aqui, mas o melhor é ter alguém confiável por perto do que alguém que fala a língua humana com uma katana em mãos — ela suspirou e só ai que Ray percebeu as olheiras embaixo de seus olhos, certamente ela o vinha procurando há alguns dias. — Tem como explicar onde estamos ou o que você faz aqui?
— Tudo começou há quase seis meses, para ser exato. A promessa dizia isso. Dizia que deveríamos vir para cá. Não sei lhe explicar, Emma que sabe todos os detalhes, mas se você está aqui ou é porquê falhamos ou é porquê precisamos de você. — Ele passou a mão mais uma fez pelo cabelo, estava frustrado e quem poderia explicar a situação melhor que ele era Emma. Talvez até Gilda, que tinha uma relação melhor com Ayshe do que ele.
Ayshe suspirou, compreendendo que não receberia todas as informações necessárias, mas que também não ficaria desatualizada. Novamente, passou as mãos carinhosamente em seu lobo.
— Teria como explicar que mundo, ou realidade, ou qualquer coisa assim, é esse? Não quero ficar perdida e estou andando no escuro faz tempo...
Ray acenou. Explicou sobre absolutamente tudo que tinha descoberto; demônios, Hashiras, governo, katanas, Muzan... Tudo.
Melhor do que qualquer pessoa compreenderia aquela situação, Ayshe acenou com a cabeça e permaneceu em silêncio por um tempo, apenas encarando.
— Quem eram aqueles? Os Hashiras que você tanto falou? — Após a pergunta, Ray apenas confirmou em silêncio. — Ou seja, seus colegas.
— Correto. E é exatamente por isso que preciso que você finja ser nossa tsuguko, ou seja, os aprendizes dos Hashiras. Pois só assim poderei apresentá-la ao meus supostos colegas e sair ileso de variadas situações das quais deixei as coisas saírem do controle.
— Como vai fazê-los acreditar nisso? — Ela rosnou de modo indelicado. — Irá chegar e dizer: "ei, essa é minha nova tsuguko que nem sabe empunhar uma espada!" — Ray notou a deliberada troca entre a linha demoníaca e a humana. — Isso obviamente não irá funcionar!
— É exatamente por esse motivo que já tenho um plano. Vamos dizer que você era filha de uma amiga da minha mãe e que, depois da morte de sua família e de minha mãe você foi obrigada a morar com seus tios, mas acabou fugindo e nos encontrou e, apenas aí, começou a ser treinada, mas no caminho houveram muitos incidentes dos quais a deixaram gravemente ferida, o que já explicaria as enormes cicatrizes em seu corpo e talvez até sua queimadura — ela fechou a cara quando ele tocou no assunto delicado —, e a impediram de treinar. Por isso você só voltou agora sem aviso prévio, por causa de ter acabado de acabar de se recuperar de injúrias causadas por onis.
Ayshe grunhiu e seus lobos rosnaram percebendo a carranca em seu rosto.
— Eu vou parecer apenas mais uma garota indefesa!
— Mais algo para reclamar? — Ray debochou. — Por acaso, eu acabei de criar um ótimo plano que, com certeza, irá te salvar de questionamentos de meus colegas e talvez até do mestre. Então, Ayshe, tente ser um pouco mais grata. — Ele não havia sido rude, mas a carranca de Ayshe só aumentou. — Eu sei que isso é horrível! Sei porque tive que criar uma enorme história de fundo sobre nosso passado. Tive que relembrar meus piores momentos, Ayshe. E, ainda por cima, omitir toda e qualquer informação sobre Norman, meu melhor amigo! Você acha que eu queria isso, Ayshe? — Ela sentiu-se meio culpada, por um momento o novo mundo a havia deixado orgulhosa demais, como se pudesse fazer qualquer coisa visto que os seus demônios já não existiam assim como o grupo de Norman. — Eu realmente não queria, assim como sei que você não quer ser "a indefesa", mas nós precisamos se quisermos nos encontrar novamente com aqueles que conhecemos. Precisamos fazer isso dar certo, cumprir essa missão, tanto quanto precisamos de ar para respirar. Sei que é horrível, mas temos que dar um jeito de sobrevir sem tentar revelar nada!
Ray a entendia, e ela se sentiu bem. Sentiu-se como pudesse confiar nele assim como confiava em seu pai demônio há anos atrás. Sentiu-se bem, então, afastou o orgulho de si, achando-se estúpida, e concordou com o plano.
Seria a indefesa, mas seria a indefesa que conquistaria seu lugar no placar de um mundo infestado dos sete pecados em forma de humano, demônio e caçador. Seria o caçador e não a caça. Seria aquela que observa atentamente no canto para dar o mais certeiro e rápido golpe de espada. Seria a ajuda da qual precisavam e teria o reconhecimento que seu ego estúpido precisava.
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Flores da Esperança (Tpn x KnY)
FanfictionOs novos Hashiras eram muito estranhos e todos conseguiam concordar com isso. Nenhum deles haviam fornecido sobrenome e também pareciam já se conhecer, mesmo antes de virarem Hashiras. Havia também outro motivo para essa impressão: os dois pareciam...